segunda-feira, 17 de novembro de 2025

O Relatório

Aquecimento Global pode chegar a 2,5°C ainda neste século em prevalecendo as atuais políticas, é o que nos alerta o Relatório Climático da ONU podendo fazer diferença iniciativas de reflorestamento mais que cerimoniais, integradas a meios locais de subsistência além de criação de grupos comunitários de proteção florestal, empoderamento de jovens via programas de emprego verde e vinculação de incentivos ao plantio de árvores à proteção de bacias hidrográficas. Instituições de ensino devem, segundo o relatório, tornarem-se centros de aprendizagem ambiental através de campanhas na mídia, currículos escolares e estruturas de governança local promovendo responsabilidade ecológica, deste modo, a proteção ambiental fará parte da consciência social em vez de diretriz governamental. A meta de 1,5 º C será ultrapassada significando mais inundações mais secas e assim por diante, além de ameaça à pontos de inflexão com consequências irreversíveis, com o secretário geral enfatizando "triste verdade que não conseguimos manter o aquecimento global abaixo de 1,5 ºC", com as emissões globais continuando aumentar em 2024, a OMM avisa que aumentaram ainda mais que em qualquer outro momento desde o início das medições em 1957. No que diz respeito ao Brasil, o diretor alemão do Greenpeace, Martin Kaiser, alerta que, se o desmatamento aumentar pontos percentuais, a floresta tropical se transformará em savana e "o clima global entrará em colapso e, sem proteger a Amazônia não há proteção climática, verdade científica quanto inconveniente" considerando que áreas florestais como da Amazônia são reservatórios naturais de gases efeito estufa e, o que está lá contido, não polui o clima.

Guerras e outras crises cresceram como prioridades de muitos governos e quase em todos os lugares os cofres estão apertados, além do lobby petrolero e gás buscando desacelerar transição energética, com o presidente norte americano como aliado e, com a saída dos EUA, há falta de dinheiro tanto às conferências da ONU quanto ao apoio à proteção climática e adaptação ao aumento das temperaturas e suas consequências, importante aos países mais pobres. Muitos não fizeram sua parte contrariando compromissos assumidos, apenas parte apresentou novos planos de proteção climática até 2035 insuficientes para conter a crise, com Simon Stiell, dizendom "precisamos agir, rápido". Laura Schafer, chefe do departamento de Política Climática Internacional da organização Germanwatch, avalia que a adaptação é o principal item da agenda oficial necessitando indicadores que tornem o progresso mensurável e, "para isso, países pobres e vulneráveis ​​precisam de clareza e confiabilidade sobre como receberão apoio financeiro às medidas de proteção climática para lidar com as consequências." A UE por muito tempo vista como defensora de maior ambição, só concordou com a meta climática para 2035 prevista no último minuto, agora quer atingir suas metas de redução de emissões de até 5 % até 2031 através de certificados climáticos emitidos no exterior, com Niklas Hohne, do Instituto NewClimate, descrevendo como retrocesso que torna menos provável que consigamos atingir neutralidade climática até 2050, agora a UE permite certificados que havia excluído da meta à 2030 devido dúvidas sobre confiabilidade. Por fim, especialistas concordam que, sem o acordo, o mundo estaria em situação pior, ou, seja, aquecimento global de 4º C a 5 º C, como previsto antes, com Hohne referindo-se à rápida expansão das energias renováveis dizendo que o mundo mudou e continuará mudando "o Acordo de Paris sobre o Clima colocou algo em movimento e não pode ser interrompido".

Moral da Nota: o aquecimento global impulsionado pela geração de energia a carvão nas principais economias industrializadas aqueceu o planeta além dos limites de segurança, com EUA, China e Índia entre os maiores emissores de carbono acelerando o derretimento das geleiras no Himalaia e adicionando umidade à atmosfera, excesso, que retorna na forma de tempestades, aumentando frequência e intensidade das inundações no sul da Ásia. No entanto, o Sul da Ásia oferece modelos de ação ambiental liderada pela comunidade como no Rajastão, Índia, a vila de Piplantri, planta 111 árvores à cada menina que nasce, transformando a paisagem árida em floresta viva e, ao mesmo tempo, empodera as mulheres, iniciativa que une proteção ambiental e responsabilidade social, levou ao plantio de mais de 350 mil árvores revitalizando águas subterrâneas e biodiversidade. O modelo de “Vila Inteligente ao Clima” do Nepal oferece exemplo de resiliência e, via reflorestamento, captação de água da chuva e agricultura sustentável, as comunidades nepalesas se adaptaram às mudanças climáticas melhorando meios de subsistência, que poderiam orientar o Paquistão no desenvolvimento de zonas rurais resilientes ao clima particularmente em regiões como Swat, onde a degradação ambiental ameaça subsistência e cultura. Embora contribua minimamente às emissões globais, o Paquistão está entre os mais vulneráveis ​as mudanças climáticas, com o Vale do Swat no noroeste do país, antigo reduto do Talibã, conhecido como Suíça do Paquistão devido montanhas cobertas de neve, fica a 247 km da capital Islamabad. Swat é cidade natal da Prêmio Nobel, Malala Yousafzai, que sobreviveu a tiro disparado pelo Talibã em 2012 por ousar defender educação às meninas e, nos últimos anos, o rio se tornou fonte de destruição inundando vilarejos e levando solo fértil que antes sustentava famílias, decorrente desmatamento descontrolado despojou Swat de proteção natural com redução das florestas amplificando enchentes deslizamentos de terra e carregando lodo e detritos rio abaixo, com registro entre 249 e 306 incêndios florestais danificando 1.918 hectares de floresta. Por fim, Swat precisa de planejamento resiliente às mudanças climáticas com sistemas de alerta precoce, leis de zoneamento ecológico e projetos de restauração de bacias hidrográficas  para salvaguardar a população e seu patrimônio natural, embora os desafios enfrentados por Swat não sejam isolados refletindo padrão mundial.  

domingo, 16 de novembro de 2025

Precificação do Carbono

A precificação do carbono envolve mais valia na poluição uma das ferramentas eficazes no combate as mudanças climáticas, segundo especialistas, pois incentiva escolhas mais limpas, impulsiona inovação gerando receitas reinvestidas à apoiar transição limpa, na UE por exemplo,os mercados de carbono colocam preço na poluição através do Sistema de Comércio de Emissões da UE, EU ETS, abrangendo setor de energia, indústria, transporte marítimo e emissões da aviação e, no futuro, a partir de 2027, emissões do transporte rodoviário e edifícios garantindo que mais setores da economia contribuam à transição verde. Fatos importam no funcionamento da precificação do carbono e, por que beneficia a todos reduzindo emissões e, ao mesmo tempo, impulsionando crescimento econômico, considerando que, desde o lançamento há 20 anos, o RCLE-UE buscou reduzir emissões da eletricidade, geração de calor e indústria, em 50%, só em 2024, as emissões do RCLE-UE caíram 5% comparada a 2023. O RCLE-UE, Regime Comunitário de Licenças de Emissão da UE, ou, Comércio Europeu de Licenças de Emissão,CELE,instrumento de Comércio internacional de emissões de gases efeito estufa regulado, reduzindo limite de emissões anuais de modo previsível, enviando sinal a longo prazo às empresas que existe argumento comercial à tecnologias limpas, auxiliando empresas planejar com antecedência e investir tecnologias de baixa emissão, sabendo que os investimentos permanecerão competitivos e compensarão ao longo do tempo, quer dizer, a precificação do carbono torna mais competitiva a UE impulsionando modernização industrial e desbloqueando investimento em tecnologias limpas. Desenvolve posição estável global em setores da energia eólica, eletrolisadores e implementação de bombas de calor, com exportações de tecnologia verde em 2024 em 90 bilhões de euros sendo que a precificação do carbono impulsiona competitividade e inovação dependendo de tecnologias limpas. A precificação do carbono define direção, ao mesmo tempo proporciona flexibilidade sobre como chegar lá, cada empresa personaliza seu caminho, estimula inovações em energia, dos materiais e transportes, por exemplo, o Fundo de Inovação e o Fundo de Modernização são financiados por receitas do RCLE-UE, sendo um dos maiores programas de financiamento à tecnologias limpas do mundo e,desde 2021, investiu 12 bilhões de euros em 200 projetos incluindo aço de baixo carbono e parques eólicos flutuantes. O sistema de precificação de carbono inclui medidas para garantir condições equitativas com países terceiros evitando substituição de atividades industriais e emissões relacionadas, bem como promoção da precificação de carbono no exterior em que Licenças gratuitas direcionadas e o Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras, CBAM, garantem que as emissões e atividades industriais relacionadas não sejam deslocadas à países fora da Europa onde as regras climáticas podem ser frágeis.  O CBAM auxiliou no avanço da diplomacia de precificação de carbono e o encorajamento de outros países em introduzir seus sistemas de precificação de carbono e, até 2030, mais de 1 milhão de novos empregos serão criados em indústrias limpas, eficiência energética e transporte verde apoiados pela reciclagem de receitas, programas de requalificação e investimento regional no âmbito do ETS. Em 2023, quase metade da eletricidade da UE é de origem renovável, incluindo a nuclear, quase 70% foi gerada a partir de fontes de emissão zero e os ETS tornam investimentos em energia limpa mais atraentes e incentivam consumidores usarem fontes de energia baratas e limpas, daí, precificação do carbono torna a economia e sociedade mais resiliente. O RCLE-UE baseia-se no princípio poluidor-pagador quem emite gás efeito estufa deve pagar comprando licenças pelas emissões, garantindo que o custo da poluição não seja transferido à sociedade ou às gerações futuras, mas, suportado pelos responsáveis, criando incentivo à redução das emissões. A precificação do carbono aplica-se igualmente na UE, Noruega, Islândia e Liechtenstein, quer dizer, as mesmas regras e condições de mercado garantem a equidade além-fronteiras e não visa países específicos, aplica-se uniformemente aos poluidores independente da localização. Por fim, o ETS, Sistema de Comércio de Emissões, da UE está vinculado ao mercado de carbono da Suíça e, em andamento, vinculá-lo ao sistema do Reino Unido e, já em vigor, na China, Coréia do Sul, Nova Zelândia, Canadá e vários estados dos EUA além de novos sistemas desenvolvidos no Brasil, Turquia, Japão e Índia, de acordo com o Banco Mundial, mais de 80 jurisdições possuem preço de carbono em vigor que cobre metade das emissões globais do setor energético.

A floresta boreal tem espessa camada orgânica, quantidade impressionante de carbono está armazenada na floresta, daí, a existência de camada orgânica no subsolo e por que não está liberando o carbono na atmosfera, sobrevém a resposta que está congelado como permafrost que contém mais que o dobro do carbono já liberado pelas fontes humanas, é base congelada sobre a qual a sociedade e civilização atuais são construídas, daí, a dependência do permafrost à armazenar carbono, todos na Terra dependem da floresta boreal para proteger o permafrost do degelo, por vezes chamado de bomba de carbono por causa do CO2 e metano que pode emitir ao descongelar, além da liberação de óxido nitroso, 250 vezes mais potente como gás efeito estufa. O Centro de Pesquisa Climática Woodwell foca outro tipo de permafrost com o qual comunidades indígenas se preocupam, ou, o yedoma, um tipo de permafrost rico em gelo e carbono com potencial de criar efeitos de aquecimento no planeta porque descongela como metano,em grande parte, em vez de carbono como outros permafrosts. Quando o permafrost descongela pode liberar gases efeito estufa e causar colapso do solo local um a dois metros de profundidade, enquanto o Yedoma pode atingir centenas de metros de profundidade com idade estimada entre 150-200 mil anos, quer dizer, desde eras glaciais e ciclos quentes. O detalhe, segundo especialistas, é que tais eventos não se incluem na modelagem das mudanças climáticas e, assim, a crise dos incêndios florestais na região circumpolar é considerada ecossistema estável por pesquisadores do clima em geral e o permafrost um sistema estável, sendo que planícies de Yukon são indicativas disso e o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA tomou medidas para proteger o yedoma como valor em risco na região cujo degelo pode gerar mais emissões que países, ou mesmo, se todo o yedoma descongelar geraria mais emissões que todos os países. O impacto que os incêndios florestais no degelo do permafrost e, em particular, no yedoma, a camada de vegetação ameaça estoques de carbono considerando que 174 milhões de hectares queimaram na região boreal e equivale ao estado do Oregon em chamas,ou, da Califórnia, Nevada, Utah, Novo México e Arizona juntos. 

Moral da Nota: um único e-mail bastou a EPA para encerrar a pesquisa sobre como mudanças climáticas colocam as crianças em perigo, fato ocorrido com Jane Clougherty que passou anos estudando como o clima extremo afeta a saúde infantil. Faltava um último ano de pesquisa na bolsa federal plurianual,uma dos milhares de pesquisadores cujo trabalho foi afetado pelo cancelamento de bolsas de pesquisa pelo governo norte americano em agências como o Instituto Nacional de Saúde, EPA e Fundação Nacional de Ciências. Dedicou a maior parte da vida profissional pesquisando efeitos da poluição na saúde e, recentemente, do calor extremo, no entanto, em maio,recebeu e-mail da EPA, Agência de Proteção Ambiental, interrompendo seu trabalho, com a professora da Universidade Drexel tomando conhecimento que sua pesquisa havia sido cancelada com efeito imediato, dizendo que, "não houve discussão, aviso, apenas um e-mail que dizia: "Vocês terminaram, este projeto não está mais dentro do escopo da administração,cessem e desistam das atividades a partir de hoje". Vale dizer, que não ficou surpresa, durante meses, o atual governo dos EUA ataca qualquer trabalho relacionado à equidade, mudanças climáticas e justiça ambiental e considera que a pesquisa que analisou atendimentos de emergência no estado de Nova York para entender impactos do calor e poluição do ar na saúde infantil, concentrou-se diretamente nos itens acima. Um porta-voz da EPA declarou, "talvez o governo anterior não devesse ter imposto sua agenda radical de programas de DEI,Departamento de Educação, Inclusão e Igualdade, e 'justiça ambiental', priorizando a missão da EPA", este caso é um dos milhares de pesquisadores cujo trabalho foi afetado pelo cancelamento de bolsas de pesquisa em agências como o Instituto Nacional de Saúde, EPA e Fundação Nacional de Ciências. Entre as perdas estava uma bolsa para estudar como reduzir riscos à saúde causados ​​pela fumaça de incêndios florestais perto de escolas e outra que pesquisaria como ajudar crianças em áreas rurais que correm maior risco de exposição a pesticidas e poluição, questões que impactam desproporcionalmente comunidades negras de baixa renda. Por fim, o calor extremo é desgastante ao corpo das crianças, pois têm mais dificuldade em regular a temperatura corporal, pode amplificar a poluição do ar, retendo-a no local,  afetando crianças com asma ou outros problemas respiratórios, sendo que a Equipe de Saúde Ambiental Pediátrica do sistema de saúde Mount Sinai, em Nova York, afirmou em e-mail que também se baseia nesse trabalho para informar como desenvolve soluções e, para  concluir o trabalho, Clougherty precisa analisar financiadores e fundações privadas para recuperar os quase US$ 400 mil que perdeu e, segundo ela, "não é realista esperar que fundações ou financiadores privados assumam o grau de infraestrutura que está sendo destruída com a perda de financiamento federal agora".