O projeto de moeda digital para o banco central da China, remete a 2014 e em 2020 o Banco Popular realizou testes em cidades incluindo Xangai e Shenzhen, com distribuição de carteiras digitais entre sorteados diretamente pelo banco central ou através de bancos e sistemas privados de pagamento como Alipay e WeChat, empresas que administram 80% desses pagamentos. O governo chinês planeja distribuir sua moeda digital nos Jogos Olímpicos de Inverno em 2022 entre locais e visitantes estrangeiros, pela grande utilização de meios de pagamentos digitais com celular, situação inversa da concentração no atendimento do sistema bancário em grandes empresas e grupos de maior renda. Um objetivo do Governo chinês é promover inclusão financeira com maior oferta de instrumentos de poupança, investimento e crédito a custo baixo através da moeda digital de usuários e operações identificáveis fornecendo ao governo instrumento ao já desenvolvido sistema chinês de rastreamento de pessoas e empresas. Outro objetivo, segundo Xi Jinping em 2020, é o lucro estratégico promovendo utilização do yuan/renminbi no mundo, por atores privados, estados e instituições, parte da política de internacionalização do renminbi iniciado em 2006. No frigir dos ovos, emerge política abrangente de modernização monetária, desenvolvimento financeiro, fortalecimento da soberania e fortalecimento do controle social.
O BIS, Bank for International Settlements, estabeleceu ranking de avaliação de transações digitais no mundo com a China em 2019 liderando com US$ 532,9 bilhões, aumento de 300% em 6 anos, seguido pela Inglaterra com US$ 118,7 bilhões, em terceiro EUA com US$ 102,9 bilhões, em quarto a França com US$ 32 bilhões e quinto e último o Japão com US$ 29,33 bilhões. O resultado desses números mostram que a China realiza mais transações digitais que o resto das principais economias juntas, mais de 765 milhões de chineses, pouco mais da metade da população fizeram pagamentos digitais no primeiro trimestre de 2020, expansão através de duas plataformas de Internet o, Alipay subsidiário da Alibaba, e, WeChat Pay de propriedade da Tencent. Ambos, Alibaba e Tencent, são 2 das 3 principais plataformas digitais da China estando entre as 7 maiores do mundo, sendo americanas as 5 primeiras lideradas pela Amazon/AWS com a Baidu chinesa em terceiro. Quanto as áreas rurais, fizeram 20% do total de pagamentos digitais em 2019 e 92% dos possuidores de “smartphones” fecharam no mesmo período transações de modo digital, esperando-se que todos usuários de smartphones usem unidades 5-G até 2030. O Alipay e WeChat Pay têm base combinada de 1,9 bilhão de usuários ativos no mundo em 2020 expandindo à taxa de 10%/15%/ano com o AntFinancial braço “fintech” ou banco digital da Alipay/Alibaba, em 2020 tinha em seus serviços 28 milhões de pequenas e médias empresas ativas, ao passo que o concorrente WeChat Pay tinha 50 milhões de comerciantes individuais como clientes, significando que 80% das empresas privadas da China fazem seus pagamentos de modo digital.
Moral da Nota: o foco estratégico do governo chinês é moeda digital, “e-yuan”, no último trimestre de 2022 nas “Olimpíadas de Inverno” vitrine à turistas e fãs do mundo, colocando o país no centro dos eventos globais. A Assembléia Nacional e Popular deve aprovar no segundo semestre de 2020 lei que transforma o renminbi em moeda digital com curso legal no país, fazendo do "e-yuan" primeira moeda digital com curso legal do mundo. O renminbi digital emerge de duas tendências da economia chinesa, 79% do total da população possui contas bancárias ou caixas econômicas, a mais bancarizada do sistema global e mais de 80% dos usuários de Internet, 1,1 bilhão em universo de 1,44 bilhão de habitantes usam “smartphones” ou 4/5 da Internet móvel; a consequência desses fatores é o serviço de pagamento digital e os procedimentos da Internet tenderem à gratuidade. Inseridos na regra da economia digital, à medida que cresce o sistema desaparecem os custos e a gratuidade reina, atualmente, entre 0,6% e 1% é pago por transação e, à medida que expande reduz sistematicamente custos marginais com o 0% aparecendo em horizonte próximo. O “e-yuan”, ou, renminbi digital de curso forçado, é salto qualitativo no processo de internacionalização da moeda chinesa e o objetivo busca transformá-la numa das quatro moedas globais, sobretudo ao dólar, depois o euro, o iene e o renminbi, por volta do calendário histórico em 2025 ou antes.