segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Clima Global

A OMM prevê que a temperatura média global deverá permanecer em níveis recordes ou próximo nos 5 anos seguintes, podendo subir 2ºC acima dos níveis pré-industriais, 1850-1900, com o relatório prevendo que a temperatura média anual global à cada ano entre 2025 e 2029 deverá ser entre 1,2 ºC e 1,9 ºC superior aos níveis de 1850-1900, com 80% de chance que pelo menos um ano entre 2025 e 2029 seja mais quente que o ano mais quente já registrado, atualmente 2024. O relatório afirma que embora o aumento de temperatura esperado de 1,5°C e 2°C esteja próximo ao limite do Acordo de Paris, não equivale a violação do limite, visto que é normalmente medido ao longo de um período mais longo de pelo menos duas décadas, com o secretário-geral adjunto da OMM, Ko Barrett, prevendo riscos crescentes nas sociedades, economias e desenvolvimento sustentável decorrente ao aquecimento global constante. No Acordo de Paris países concordaram manter o aumento na temperatura média global da superfície a longo prazo abaixo de 2ºC acima dos níveis pré-industriais, com esforços para limitar o aumento a 1,5 ºC considerando que a comunidade científica alertou que um aquecimento de mais de 1,5 ºC pode levar a impactos severos nas mudanças climáticas e a condições meteorológicas extremas, importando cada fração de grau de aquecimento. Sobre o estado do clima global 2024, o relatório confirmou que 2024 foi o primeiro ano civil a ficar mais de 1,5 ºC acima da média de 1850-1900, com temperatura média global próxima à superfície de 1,55 ºC ± 0,13 ºC acima do nível pré-industrial, quer dizer, o ano mais quente nos 175 anos de registro observacional.

As mudanças climáticas estão levando fungos aprenderem se adaptar representando ameaça à saúde humana, considerando que infecções fúngicas variam de condições menores, pé de atleta, a doenças respiratórias fatais e infecções da corrente sanguínea com os fungos conhecidos pela capacidade de se ajustar e prosperar em ambientes mutantes. Considerando o aumento das temperaturas, mudanças nos padrões de precipitação e eventos climáticos extremos caracterizando planeta em aquecimento, aumenta sua capacidade de colonizar e causar doenças, no entanto, há falta de diagnósticos, tratamentos e vacinas disponíveis à infecções fúngicas aumentando resistência aos medicamentos existentes. Na agricultura há aumento nas infecções fúngicas causado pelas mudanças climáticas em plantações e ameaçando segurança alimentar, considerando que são um dos 5 "reinos" da vida na Terra colocados em categoria distinta separada de animais ou plantas e, históricamente, a maioria não causa doenças, significando que não são "patogênicos" por conta do fato que ao contrário de vírus e bactérias a maioria dos fungos sobrevive ou se espalha em temperaturas corporais de 37 °C, aí, por conta do aumento das temperaturas globais, alguns fungos estão se adaptando para sobreviver em ambientes mais quentes, incluindo o corpo humano. A Candida auris, por exemplo, surgiu simultaneamente em 3 continentes em fins de 2000, infecta pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos tornando-se preocupação real, podendo invadir a corrente sanguínea e tornando-se resistente a medicamentos, com estudo em Omã, por exemplo, registrando taxa de mortalidade acima de 50%. Por conta de deficiências sanitárias, vigilância e monitoramento de rotina, não se conhecem quantas pessoas são afetadas por infecções por Candida auris, daí, o OMS-GLass, Sistema Global de Vigilância da Resistência e Uso de Antimicrobianos da Organização Mundial da Saúde,OMM, programa que fornece abordagem padronizada para coletar e analisar dados à vigilância da resistência antimicrobiana, incluiu protocolo à Candida auris, com pesquisadores apontando à probabilidade que o surgimento seja impulsionado pelo aumento das temperaturas causado pelo clima. Estudo de 2022 observou que temperaturas mais altas podem ter adicionado "pressão seletiva" sobre a Candida auris levando à disseminação de cepas "adaptadas à salinidade e temperaturas mais altas semelhantes às condições encontradas no organismo humano" e estudo em revisão por pares sugere que sem estratégias eficazes para combater mudanças climáticas, a família Aspergillus, outro tipo de fungo, poderia expandir alcance à áreas mais ao norte da Europa, Ásia e Américas expondo pessoas a infecções respiratórias fatais à medida que aumentam as temperaturas.  Mudança nos padrões de precipitação, aumento da umidade e agravamento dos eventos  extremos estão levando patógenos fúngicos à novas áreas, por conta do aumento do crescimento de mofo interno,considerando que abrange um grupo diverso de espécies de fungos podendo causar impactos na saúde quando inalado por pacientes com condições de saúde subjacentes,como asma. Incêndios florestais e inundações, transportam patógenos fúngicos à novas regiões, espalhando esporos além de onde seriam encontrados aumentando a ameaça que representam à saúde humana e à agricultura, por exemplo, o coccidioides, fungo encontrado em solos no sudoeste dos EUA e partes da América Central e do Sul, causa a febre do vale ou infecção pulmonar que pode ser fatal à humanos e animais, estimando-se que causem de 206 mil a 360 mil casos por ano nos EUA. Por fim, estudo de 2019 utilizando modelos climáticos para projetar que o alcance da febre do vale poderia se expandir à estados mais ao norte dos EUA, como Idaho, Wyoming e Nebraska, estima que, até 2100, os casos nos EUA podem aumentar em 50% à medida que mais regiões desenvolvem climas adequados à transmissão.

Moral da Nota: estudo publicado na Nature Communications de pesquisa do Brasil e do Instituto Max Planck de Química, na Alemanha, quantifica, impactos do desmatamento local e alterações climáticas no clima da amazônia, como principal causa da redução das chuvas na estação seca que diminuiu quase 8% desde 1985. A floresta Amazônica desempenha papel fundamental no sistema climático global, no entanto, são observadas alterações nos ciclos hídrico, do carbono e da energia na região, influenciando, por exemplo, os níveis de precipitação, com estudos anteriores não conseguindo diferenciar quantitativamente a contribuição dos principais fatores, o aumento da temperatura global provocado pelas emissões de gases efeito estufa e o aumento da desmatamento local. O investigador climático da Universidade de São Paulo e autor do novo estudo, Luiz Machado, explica na Nature Climate Change que “o desmatamento explica quase 75% da redução da precipitação na estação seca”, concluindo que, “mesmo pequenas alterações na precipitação na estação seca pode ter impacto desproporcional na saúde da vegetação”, considerando que na estação seca ocorre 26% da precipitação média, 281 mm, comparados com 1.097 mm na estação chuvosa. Por fim,o estudo analisa o clima futuro da Amazônia em 2035 com Christopher Pohlker, do Instituto Max Planck de Química, alertando que “se o desmatamento persistir os dados indicam que pode ocorrer aumento adicional da temperatura de 0,6ºC e redução da precipitação de 7 mm na estação seca, comparada com a atual”.

Tempo real: relatório sobre a Lacuna de Produção de 2025 afirma que planos de produção dos governos ao carvão, petróleo e gás estão 120% acima dos níveis alinhados com 1,5 ºC e 77% acima dos consistentes com aumento de 2 ºC, planejam produzir mais que o dobro da quantidade de combustíveis fósseis em 2030 compatível com a limitação do aquecimento global.