A Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica, CDB, recém terminada, teve foco em implementar 23 metas delineadas no acordo Kunming-Montreal de 2022, cujo principal objetivo seria cada país reservar 30% do território terrestre e marítimo à conservação até 2030, meta conhecida como 30 por 30, considerando que o PNUMA nos informa que 17,6% da área terrestre e das águas interiores da terra estavam de alguma forma sob proteção e muitos países nem enviaram promessas, enquanto os compromissos para proteger o oceano aberto foram 8,4% das áreas marítimas e costeiras protegidas. Quanto ao Fundo Global de Biodiversidade, criado à concretizar metas no marco do Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal de 2022 e acabar com a perda de natureza até 2030, 7 países e um governo provincial prometeram US$ 163 milhões adicionais, com Grupos de defesa dizendo que as promessas elevam o total arrecadado pelo fundo a US$ 400 milhões, com a União Internacional à Conservação da Natureza e Recursos Naturais, IUCN, nos informando que 38% das espécies de árvores do mundo, 16.425 unidades, estão em risco de extinção devido extração de madeira e corte raso para abrir caminho a agricultura, mineração, construção de estradas e esforços de desenvolvimento. A conferência terminou com povos indígenas e sequenciamento digital, sem encerramento formal, em conquista histórica do reconhecimento indígena como conselheiros permanentes com voz própria da Convenção sobre Diversidade Biológica, CBD, além da aprovação de fundo sobre benefícios derivados de dados, genética da natureza, um financiamento visando o calendário traçado há 2 anos para garantir conservação de 30% da natureza terrestre e marítima até 2030, não estabelecendo sistema de monitorização para garantir o cumprimento dos compromissos de Montreal em 2022 onde foi aprovado o Quadro Mundial de Biodiversidade Kunming-Montreal. Foi alcançado acordo sobre novo quadro à informação de sequenciação digital, DSI, denominado CaliFund, que canalizará o financiamento e abordará como benefícios derivados do uso de dados genéticos em farmacêuticas, biotecnológicas e agrícolas, devem ser compartilhados com países, comunidades indígenas e partes que fornecem esses dados, especificando que 50% do dinheiro que chega ao fundo DSI irá aos povos indígenas e comunidades locais, por fim, os países que assinaram o Quadro Global deverão apresentar relatórios sobre o progresso da implementação em 2026, quando terá lugar o Balanço Global da Biodiversidade.
Considerando que em 25 de novembro inicia em Busan, Coréia, a conferência da ONU sobre plásticos, vale dizer que cientistas descobriram bolha de plástico no centro do Lago Baikal, comparando com a Grande Mancha de Lixo do Oceano Pacífico e, segundo Mikhail Kolobov, investigador do Departamento de Ecologia Geral e Hidrobiologia da Faculdade de Lógica da Universidade Estatal de Moscou, “atualmente, para cada km² da superfície do lago existe uma mancha de microplástico do tamanho de 2 folhas A4”, sendo que o monitoramento em larga escala do lago foi realizado por funcionários de 10 das maiores instituições científicas da Rússia, agora, além do Baikal e Selenga, o Khyvgul. Descoberta recente deu pistas de 70% dos resíduos plásticos nos oceanos não encontrados, com cientistas especulando que os corais absorvem os microplásticos da água circundante, em universo de anualmente 4,8 e 12,7 milhões de toneladas de plástico chegam ao oceano, com o professor Suppakarn Jandang de Mecânica Aplicada de Instituto de Pesquisa da Universidade de Kyushu, dizendo que, "no Sudeste Asiático, o problema da poluição plástica atinge proporções graves com 10 milhões de toneladas de resíduos plásticos despejados no ambiente todos os anos, ou, 1/3 do total mundial", complementando que, “parte desse plástico acaba no oceano, onde se decompõe em microplásticos”. Coletaram e analisaram 27 amostras de corais de quatro espécies diferentes, encontrando 174 partículas microplásticas com 38% na superfície da mucosa, 25% no tecido do coral e 37% no esqueleto, a investigação mostra que os corais podem funcionar como “sumidouros” de plástico marinho recolhendo resíduos plásticos oceânico, de modo semelhante as árvores absorvendo CO2 do ar, no entanto, até que ponto os processos prejudicam ecossistemas e corais, uma vez que o plástico fica armazenado e não se decompõe. A Antártida, em processo de aquecimento, fica mais verde, a ritmo surpreendente, com investigadores apontando alterações climáticas como força motriz da mudança da paisagem de branca à verde, com temperaturas na península aumentando quase 3°C desde 1950, mais que o registrado na maior parte do planeta, com imagens de satélite mostrando que a área coberta por plantas se multiplicou por 14 em 35 anos e, em 1986 a vegetação cobria menos de 1 km² da península, em 2021 quase 12 kms² era verde. A maior parte da vegetação é musgo e, à medida que espalham por paisagens antes cobertas por gelo, criam camada de solo que fornece habitat à outras plantas e espécies invasoras, com Ollie Bartlett, pesquisador da Universidade de Hertfordshire, dizendo que, “o solo antártico é em grande parte pobre ou inexistente, este aumento na vida vegetal adiciona matéria orgânica e facilita formação do solo, abrindo caminho ao crescimento de outras plantas”,
Moral da Nota: focados na COP29 em Baku que se inicia em 11 de novembro, diversa da COP16 sobre biodiversidade em Cali, novo estudo da Agência Nacional de Ciência Australiana e Academia Chinesa de Ciências aponta que dados sobre ondas de calor marinhas nas profundezas do oceano não informam o suficiente, considerando que 80% das ondas de calor marinha em profundidades superiores a 100 metros não coincidem com fenômenos de superfície, as ondas de calor marinha, fenômeno térmico de longa duração que danifica habitats marinhos, são tradicionalmente monitorizadas através de satélite que se concentram nas temperaturas da superfície. Ming Feng, coautor do estudo CSIRO, em comunicado de imprensa, informou que “o estudo mostra que as ondas de calor marinha frequentemente escondidas abaixo da superfície e ocorrem separadamente daquelas na superfície, sendo a 1ª análise global das ondas de calor e ondas de frio marinha subterrâneas em observação de temperatura de longo prazo em 8 locais de diferentes bacias oceânicas e mais de 2 milhões de medições de perfis de temperatura no mundo. A descoberta dos redemoinhos oceânicos, corrente rotativa que desempenham papel crítico na geração e intensificação de ondas de calor e ondas de frio marinha subterrâneas, mostra que o estudo coincide com o que outros dados sugerem, que as águas oceânicas são aquecidas em grandes profundidades como resultado da ascensão do magma das profundezas. Por fim, grave seca na África Austral deixa 15 milhões de pessoas com necessidade urgente de assistência alimentar, segundo a OMM, Organização Meteorológica Mundial, a região atravessa a pior seca dos últimos 40 anos afetando Zâmbia, Malawi, Zimbabue, Moçambique, Namíbia, Angola, Botswana e Lesoto devido ao El Nino, com 2 milhões de crianças em desnutrição aguda e 500 mil em desnutrição grave, além de 22 milhões de pessoas em níveis de insegurança alimentar. Observa-se escassez de água à medida que as nascentes secam, além de risco de propagação de doenças transmitidas pela água e, aos países que dependem da energia hidroelétrica para eletricidade, a seca significa crise energética, com a OMM prevendo que a região será afetada pelo La Nina que ao contrário do El Nino, que causa secas na região, o La Nina costuma trazer chuvas acima da média.