domingo, 17 de novembro de 2024

A caminho de 3.1ºC

Considerando emissões globais de gases efeito estufa a nível de 1,3% entre 2022 e 2023, alta de 57,1 gigatoneladas de CO2, relatório da ONU  alerta que políticas climáticas vigentes aquecerão 3,1°C a Terra, ou, 3ºC  até fins do século, mais que o dobro do aumento acordado há quase uma década com o relatório anual Emissions Gap fazendo balanço das promessas dos países de enfrentar mudanças climáticas comparadas com o necessário, descobriu que o mundo enfrenta até 3,1 º C  de aquecimento acima dos níveis pré-industriais até 2100 se os governos não tomarem medidas para reduzir emissões que aquecem o planeta. O Acordo de Paris estabeleceu limite de 1,5 º C de aquecimento para evitar cascata de impactos, com o secretário geral avisando que "oscilamos em corda bamba planetária", concluindo que,  "ou os líderes preenchem a lacuna de emissões, ou, mergulhamos no desastre climático" com o relatório avisando que sob as promessas de tomar medidas futuras, as temperaturas aumentariam entre 2,6  ºC  e 2,8 º C até 2100, em linha com descobertas dos últimos 3 anos. A chefe do relatório, Anne Olhoff, editora científica, disse que "se olharmos o progresso em direção às metas de 2030, especialmente do G20, não fizeram muito progresso em direção às metas climáticas atuais para 2030", tendo em Baku na COP 29 oportunidade de desenvolver acordo à transição dos combustíveis fósseis, negociações que auxiliarão informar estratégia de redução de emissões, conhecida como NDC, Contribuição Nacionalmente Determinada, que deve ser divulgada em fevereiro de 2025. Por fim, o relatório sugere que as nações devem se comprometer coletivamente e implementar corte de 42% nas emissões anuais de gases efeito estufa até 2030 e atingir 57% até 2035 para qualquer esperança de evitar o aquecimento além de 1,5 º C,  meta vista como provavelmente fora de alcance, com Inger Andersen, diretora executiva do Programa da ONU ao Ambiente, solicitando que os países usem as negociações de Baku para aumentar a ação nas NDC, "cada fração de grau evitada conta". Alerta que gases efeito estufa estão aumentando e aumentaram 1,3% em 2023 em relação aos níveis de 2022, mais rápido que a média da última década, com o G 20 respondendo por 77%, mais de três quartos das emissões, enquanto o secretário geral relaciona a furacões extremos, inundações fora de controle e calor recorde transformando florestas em caixas de pólvora e cidades em saunas, solicitando reduzir emissões, afastando o mundo dos combustíveis fósseis, acelerando implementação de renováveis, interrompendo e revertendo desmatamento, além de, concordar com meta financeira na Cop 29 para desbloquear capital que países em desenvolvimento precisam para enfrentar a urgência climática, concluindo que, é tecnicamente viável entregar tal corte, triplicando a capacidade de energia renovável até 2030, aumentando melhorias de eficiência energética, abandonando uso de combustíveis fósseis protegendo e restaurando habitats naturais como florestas e manguezais.

A Califórnia aprova projeto para armazenar CO2 no subsolo, com supervisores do Condado de Kern aprovando o 1º projeto de captura e armazenamento de carbono do estado visando injetar CO2 no subsolo, apesar de preocupações sobre impacto ambiental e conexão com a indústria de combustíveis fósseis sendo que o projeto deve capturar e armazenar CO2 de campos de petróleo e gás no Vale de San Joaquin para reduzir emissões, com membros da comunidade levantando preocupações sobre poluição do ar e extensão da vida útil dos combustíveis fósseis em estado que pressiona por descarbonização. O projeto é parte da estratégia da Califórnia para reduzir emissões de gases de efeito estufa até 2045 incentivada pela "Carbon Terra Vault na infraestrutura poluente no Condado de Kern e, segundo Ileana Navarro, da Central California Environmental Justice Network, não limpará o ar", considerando ainda que a captura de carbono é parte das metas climáticas da Califórnia, enquanto críticos argumentam que pode bloquear a infraestrutura de combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, representar riscos às comunidades locais e vida selvagem. Capturar e armazenar carbono no subsolo, segundo ambientalistas, prolonga a vida útil dos combustíveis fósseis sendo que o projeto da California Resources Corp, maior produtora de petróleo e gás do estado, capturará CO2 e injetará no solo no oeste do Vale de San Joaquin, ao sul de Buttonwillow, sendo que o projeto Carbon Terra Vault é parte de proposta da indústria de petróleo e gás se viabilizar   em estado que tenta descarbonizar, no entanto, a aprovação do condado é desenvolvimento essencial ao projeto já que o governo da califórnia endossou a tecnologia de captura e sequestro de carbono como essencial aos esforços do estado para combater mudanças climáticas desempenhando papel no plano de ação para reduzir gases efeito estufa nos próximos 20 anos. Membros da comunidade e defensores da justiça ambiental se preocupam sobre poluição do ar causada pelo projeto e segurança da injeção de CO2 no subsolo, enquanto representantes da indústria petrolífera e apoiadores locais dizem que daria impulso econômico ao Condado de Kern com a “Carbon Terra Vault incentivando nova infraestrutura poluente no Condado de Kern”, no entanto, a EPA, Agência de Proteção Ambiental dos EUA, teria que dar ao projeto aprovação final e, no início de 2024, aprovou rascunhos de licenças à empresa construir 4 poços para injetar CO2 no solo enquanto busca mais 2, além disso, para que a empresa seja elegível à créditos estaduais de combustível limpo, o California Air Resources Board deve certificá-la como tal. A construção das usinas de captura de carbono levaria 2 anos e oleodutos 1 ano, conforme relatório de impacto ambiental, com Francisco Leon, CEO da California Resources Corp, avisando que, “o estado da Califórnia quer uma transição energética com projetos que entregam em todas as frentes, estamos prontos para ir”, considerando que especialistas dizem que a localização do Condado de Kern é significativa porque o Vale de San Joaquin é ideal para armazenamento de carbono, ao passo que, licenças da EPA são as primeiras no país emitidas à campo de petróleo e gás esgotado. A tecnologia de captura de carbono existe desde 1970, testada em outros estados e países em usinas de energia a carvão, embora esses projetos tenham sido criticados por serem caros e complicados, nos EUA, parte do carbono injetado no subsolo foi usado para extrair petróleo de poços, prática que a Califórnia proibiu em 2022, sendo que o projeto do Condado de Kern removeria o CO2 do gás natural produzido nos campos de petróleo já que desde 2022, o governo federal estimula corrida para construir esses projetos nos EUA através da expansão de créditos fiscais federais sob o Inflation Reduction Act, cujos pedidos para 250 poços de injeção de captura de carbono estão pendentes, conforme a Clean Air Task Force, think tank de política energética sediado em Boston que monitora as iniciativas. O projeto do Condado de Kern é o 1º  passo para transformar a Califórnia em centro de captura de carbono, empreendimento que pode receber bilhões de dólares em subsídios do governo, com autoridades federais analisando 13 propostas de captura de carbono no estado, no Vale Central, em operações de petróleo, usinas de energia e outras instalações, valendo dizer que, a Califórnia é obrigada pela lei estadual atingir carbono líquido zero até 2045, significando que emissões de carbono de atividades humanas são compensadas com projetos que as removem e, para cumprir esse mandato, autoridades aprovaram em 2022 plano que elimina 94% dos combustíveis fósseis, dependente da captura de carbono mais que o previsto originalmente.

Moral da Nota: vale a dúvida, já que pesquisas sugerem que transtornos de saúde mental podem se espalhar socialmente, difícil provar, mas "exposições" geram conscientização, considerando que a natureza contagiosa de infecções bacterianas ou virais é bem compreendida, com  artigo do JAMA Psychiatry publicado em 2024 parecendo sugerir isso com relato de "associação entre ter colegas diagnosticados com transtorno mental na adolescência e risco aumentado de receber diagnóstico de transtorno mental mais tarde na vida", sugestão que, entre adolescentes, transtornos de saúde mental podem ser "transmitidos socialmente" embora seu estudo observacional não tenha conseguido estabelecer causa direta. Psicólogos estudaram como humores e emoções podem se espalhar de pessoa à pessoa, por exemplo, alguém uivando de tanto rir pode ser contagioso no sentido que faz você rir também, da mesma forma, ver um amigo com dor emocional pode evocar sentimentos de desespero, fenômeno denominado contágio emocional, daí, investigação se transtornos de saúde mental podem ser induzidos pelo ambiente social, com estudos de resultados mistos sobre até que ponto a saúde mental de amigos, colegas e familiares impacta a saúde mental de um indivíduo. O estudo JAMA Psychiatry conduzido por pesquisadores da Universidade de Helsinque e outras instituições analisou dados de registro nacional de finlandeses nascidos entre 1985 e 1997 e, diagnósticos com transtorno de saúde mental, tinham risco 5% maior de desenvolver doença mental nos anos subsequentes dos sem diagnóstico, daí, o risco aumentado foi observado pós ajuste à possíveis fatores de confusão em nível parental, escolar e regional, como saúde mental dos pais, tamanho da turma no colégio e taxas de desemprego na área. O principal autor do estudo finlandês, Jussi Alho, ressaltou a utilidade de usar salas de aula como ponto de referência, apontando outra influência potencial, ou, tendência das pessoas de procurar ou se sentirem atraídas por aqueles que são semelhantes a elas, quer dizer, “no estudo, atenuamos esse viés de autosseleção usando classes escolares como proxies para redes sociais”, explicou, “como redes sociais institucionalmente impostas, as classes escolares são bem adequadas à pesquisa, pois normalmente não são formadas por indivíduos selecionando semelhantes como colegas de classe, além disso, as classes escolares estão, sem dúvida, entre as redes de pares mais significativas na infância e  adolescência, dado tempo substancial gasto junto com os colegas de classe.” Os pesquisadores não encontraram “nenhum contágio geral significativo de saúde mental e não mais que efeitos de contágio à medidas específicas de saúde mental”, como sofrimento psicológico geral, depressão e ansiedade, mesmo neste caso, o efeito de contágio leve pode ser atribuído a fatores não medidos como alunos compartilhando ambientes sociais e criações comparáveis, afinal, estão frequentando uma escola que poderiam ter selecionado com base em interesses acadêmicos semelhantes ou habilidades extracurriculares. O transtorno de ansiedade, por exemplo, apareceu como diagnóstico na 3ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais em 1980, condição que causa “preocupação excessiva, frequente e irrealista sobre coisas cotidianas”, conforme a Biblioteca de Saúde da Cleveland Clinic e, na 4ª edição do DSM em critérios de diagnóstico de TAG atualizados lançados em 1994, o TAG havia "se transformou de uma condição raramente diagnosticada em transtorno com prevalência ao longo da vida atingindo até 5% em amostra da comunidade", de acordo com artigo de 2017 sobre a história do diagnóstico, enquanto dados de um relatório de 2016 da Agency for Healthcare Research and Quality sobre ansiedade em crianças indicam que a ansiedade infantil ocorre em 1 a cada 4 crianças de 13 a 18 anos e a prevalência ao longo da vida de transtorno de ansiedade grave nessa faixa etária é de 5,9%.