segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Risco ao Calor

Pesquisa do Fórum Econômico Mundial prevê 1,6 milhão de mortes até 2050 decorrentes ondas de calor, com mais de 2,4 bilhões de trabalhadores correndo risco devido ao calor excessivo no trabalho, segundo órgão trabalhista da ONU, que pede novas políticas para proteger trabalhadores do estresse causado pelo calor, considerando que mais de 70% da força de trabalho global corre risco de morte ou ferimentos resultante ao calor extremo. O Secretário-Geral da ONU, pede cooperação buscando reduzir riscos e, em julho de 2024, disse que "o calor extremo tem impacto extremo nas pessoas e no planeta, com o mundo devendo enfrentar desafio do aumento das temperaturas" priorizando áreas que incluem, cuidado aos vulneráveis, proteção aos trabalhadores, utilização de dados e ciência para aumentar resiliência e limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C através da substituição de combustíveis fósseis por energias renováveis. Na África, quase 93% da força de trabalho é exposta ao calor extremo, na Península Arábica, mais de 83% dos trabalhadores enfrentam calor excessivo, na Europa e Ásia Central, o risco aos trabalhadores devido ao calor extremo aumenta mais rápido que em qualquer outro lugar do mundo, aumentando em mais de 17% desde 2020, com o Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA, NIOSH, identificando trabalhadores com maior risco de calor excessivo, incluindo, “bombeiros, trabalhadores de padaria, fazendeiros, trabalhadores da construção civil, mineradores, trabalhadores de caldeiras, trabalhadores de fábricas e outros”, afirmando que, trabalhadores com 65 anos ou mais, com sobrepeso, doenças cardíacas ou pressão alta correm maior risco devido ao calor extremo.

Quanto aos acidentes de trabalho, quase 23 milhões de acidentes de trabalho no mundo são causados ​​por calor excessivo, conforme alerta do Secretário-Geral da ONU em discurso de julho de 2024 e, segundo relatório da OIT, estresse por calor “um assassino invisível” pode “impactar imediatamente os trabalhadores em atividade, levando a doenças como exaustão por calor, insolação e morte, a longo prazo, os trabalhadores desenvolvem doenças crônicas debilitantes impactando sistemas cardiovascular e respiratório, bem como, rins”. Afirma que 26,2 milhões de pessoas vivem com doença renal crônica devido o estresse causado pelo calor no local de trabalho, com o Fórum Econômico Mundial estabelecendo ligação entre aquecimento global e riscos à saúde de bilhões de pessoas em relatório de 2024, que analisa o impacto do calor excessivo no local de trabalho quantificando Impacto das Mudanças Climáticas na Saúde Humana e, concluindo que, eventos climáticos extremos como ondas de calor, respondem ​​por milhares de mortes, destacando as 62 mil mortes atribuídas à onda de calor europeia entre maio e setembro de 2022. O relatório prevê que pessoas com 65 anos ou mais são os mais suscetíveis às temperaturas extremas prolongadas em Regiões como o Sudeste Asiático que verão maiores impactos na saúde decorrente ondas de calor prolongadas no futuro e, com as mudanças climáticas representando tais ameaças à saúde pública, especialmente grupos vulneráveis, o relatório do Fórum Econômico Mundial identifica interseções de saúde climática que necessitam atenção imediata, em parceria com a LEK Consulting, 'Health Impacts of Climate Change: Evidence Landscape and Role of Private Sector', analisa impactos, identifica lacunas de pesquisa e oferece orientação sobre ações do setor privado na melhoria dos resultados de saúde. Parte da Iniciativa de Clima e Saúde mais ampla do Fórum, busca melhorar capacidade da sociedade lidar com impactos da mudança climática na saúde, como ondas de calor extremas, unindo, indústria, governo e líderes para criar estratégias colaborativas e trocar melhores práticas inseridos em objetivos que incluem aumentar a conscientização sobre mudança climática, avaliar efeitos na saúde e economia promovendo colaboração intersetorial à sociedade mais resiliente. No entanto, vale dizer que de acordo com a OIT, existem medidas simples e eficazes para mitigar perigos do calor excessivo no local de trabalho, como, garantir hidratação adequada e fornecer áreas de descanso frescas e sombreadas, em nível estratégico, regulamentações obsoletas devendo ser atualizadas e extensão das proteções aos trabalhadores além dos períodos oficialmente classificados como ondas de calor, já que, envolver trabalhadores no desenvolvimento de políticas de estresse por calor adequadas no mundo em aquecimento será crucial ao sucesso, ao lado de colaboração e compartilhar conhecimento entre fronteiras, de acordo com a OIT, aceleram progresso em políticas para proteger bilhões de trabalhadores da crescente ameaça do calor excessivo.

Moral da nota: no Canadá, segundo especialistas, incêndios, inundações, ondas de calor e seca, pressionam preços até a prateleira do supermercado, representando risco crescente à cadeia de abastecimento de alimentos do país e, de acordo com o vice-presidente de assuntos industriais da Food, Health & Consumer Products Of Canada, "sempre que há grandes eventos climáticos, tende aumentar os custos", com o agravante que esses tipos de eventos estão se tornando mais frequentes e intensos no mundo. Relatório do governo federal canadense de 2019 afirmou que temperaturas devem continuar aumentando, impulsionadas pela ação humana, enquanto a precipitação também deve aumentar considerando que o clima desempenha papel importante na produção de alimentos e fatores como muito ou pouco calor ou umidade, podem afetar não apenas o volume de alimentos produzidos, mas a prevalência de pragas e doenças, segundo a economista sênior da Farm Credit Canada, já que "o clima impacta atividades mais abaixo na cadeia de suprimentos", complementando que, "por exemplo, infraestrutura danificada por inundações que mudam rotas de transporte e capacidade de mover produtos ao longo da cadeia de suprimentos de alimentos", concluindo que, a escassez causada por condições climáticas extremas pode elevar preços dos alimentos se a oferta não for capaz de atender à demanda. Relatório de julho de 2024 do Instituto Canadense de Política Agroalimentar, setor agrícola que enfrenta "cascata de desafios" incluindo mudanças climáticas, efeitos cascata desses ventos contrários reverberando na cadeia de suprimentos, entrevistou elementos da indústria e membros do governo identificando condições climáticas extremas como um dos maiores riscos no setor agrícola, como exemplo, grandes enchentes na Colúmbia Britânica há 3 anos atingiram os fazendeiros, causando morte de centenas de milhares de aves e outros animais de fazenda, ao passo que a seca em 2023 prejudicou produção agrícola em Saskatchewan com queda de 11% na produção, 2 anos após declínio histórico de 47% na produção devido ao calor extremo e seca. No entanto, o setor agrícola conseguiu tornar-se um pouco mais resiliente a fatores como seca ao mudar algumas de suas práticas, segundo o diretor administrativo do Instituto Canadense de Política Agroalimentar, usando técnica de plantio direto para manter mais umidade na terra, que não protege as plantações das condições climáticas mais extremas, mas ajuda em outros anos, havendo de considerar que condições climáticas extremas em outras partes do mundo podem afetar agricultores se os custos dos insumos como fertilizantes, aumentarem, ou, se houver escassez de safra importante que cause estragos nos preços das commodities, por exemplo, "um evento climático extremo na China ou Índia no momento erradoleva a consequências significativas e devastadoras porque não há trigo suficiente no resto do mundo para compensar perdas potenciais".