quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Conhecimento

Programa educacional para médicos forneceu base sobre mudanças climáticas e impacto da poluição relacionada aos combustíveis fósseis na saúde individual e o modo como sistemas de saúde contribuem à poluição de carbono e enfrentam esses desafios foi bem recebido pelos médicos, conforme estudo baseado em pesquisa publicada no JAMA Network Open e conduzida por pesquisadores do Massachusetts General Hospital, MGH, membro fundador do sistema de saúde Mass General Brigham. Forneceu base além de oportunidades na abordagem dos desafios e, até onde a equipe sabe, o MGH é o primeiro centro médico acadêmico oferecer programas educacionais incentivados sobre mudanças climáticas e sustentabilidade ambiental na saúde, no entanto, pesquisas mostram que a maioria dos médicos não se sente preparada para lidar com impactos da mudança climática na saúde ou tomar medidas, com o autor principal Wynne Armand, MD, diretor associado do Center for the Environment and Health do MGH e professor assistente de medicina na Harvard Medical School, esclarecendo que "a mudança climática é ameaça fundamental reconhecida por muitos como a maior crise de saúde que os humanos já enfrentaram". No estudo, pesquisaram resposta aos módulos educacionais focados nas mudanças climáticas oferecidos no Massachusetts General Hospital, um centro médico acadêmico, através de programa bianual de incentivo à qualidade médica e, dentre um total de 2.559 médicos e psicólogos elegíveis, 2.417, 94,5%, concluíram os módulos educacionais e, destes, 73,1% acharam que os módulos eram relevantes ou muito relevantes às suas vidas e 65,4% acharam relevantes ou muito relevantes às suas práticas clínicas, no entanto, a idade não influenciou o grau em que os médicos achavam que a educação relacionada ao clima era relevante às suas vidas ou práticas individuais, com os clínicos que se identificaram como mulheres propensos considerar a educação como relevante comparada com clínicos homens. Médicos em especialidades que tratam problemas mais diretamente agravados pelas mudanças climáticas como medicina de emergência/atendimento de urgência, alergia e cuidados primários, tiveram probabilidade maior de considerar os treinamentos relevantes às suas práticas, com comentários opcionais fornecidos por 446, 18,5%, dos entrevistados em que 56,1% foram positivos, 36,5% neutros e 7,4% negativos, sendo que muitos comentários positivos apoiaram a importância do tópico e forneceram sugestões para reduzir a pegada de carbono do hospital, outros pediram modos adicionais de se envolver, enquanto os comentários negativos declararam que os treinamentos de melhoria da qualidade devem se concentrar no atendimento ao paciente e fornecer informações climáticas aos médicos é inapropriado dada sua influência limitada nas políticas do hospital, quer dizer, no geral, os resultados indicam que a maioria dos médicos acredita que a educação sobre relações complexas entre mudança climática e assistência médica é importante e acolhem oportunidades de ação, ressaltando que, os participantes sentiram que seu conhecimento sobre esses tópicos aumentou após a conclusão dos módulos.

Neste ecossistema, estudo histórico com mais de 1,2 milhão de californianos e divulgado na Alzheimer's Assn, nos informa que a exposição à fumaça de incêndios florestais aumenta as chances de ser diagnosticado com demência ainda mais que a exposição a outras formas de poluição do ar, conforme a International Conference na Filadélfia em maior e mais abrangente revisão do impacto da fumaça de incêndios florestais na saúde do cérebro até o momento. A autora do estudo, Dra. Holly Elser, epidemiologista e médica residente em neurologia na Universidade da Pensilvânia, disse que “esperava uma associação entre exposição à fumaça de incêndios florestais e demência”, mas, "o fato de vermos uma associação mais forte à incêndios florestais comparada a exposição à fumaça não relacionada a incêndios florestais foi surpreendente," com as descobertas tendo grandes implicações à saúde principalmente nos estados ocidentais onde a poluição do ar produzida por incêndios florestais responde por até metade da poluição por partículas finas, número que aumenta à medida que os incêndios florestais tornam-se maiores e mais intensos decorrente mudanças climáticas e legados da supressão de incêndios e exploração madeireira industrial que alteraram a composição de florestas ocidentais. Observaram um tipo de poluição de material particulado chamado PM2.5, partículas 30 vezes menores que a largura de um fio de cabelo humano, pequenas o suficiente para penetrar nos pulmões e cruzar para a corrente sanguínea onde podem causar inflamação, ficando demonstrado que a exposição aumenta o risco de demência e de outras condições, incluindo doenças cardíacas, asma e baixo peso ao nascer, com a também autora do estudo Joan Casey, professora associada de saúde pública na Universidade de Washington, nos esclarecendo que, “vemos cada vez mais que o PM2,5 está ligado a praticamente todos os resultados de saúde que observamos”. Os pesquisadores analisaram registros de saúde de mais de 1,2 milhão de membros da Kaiser Permanente Southern California com 60 anos ou mais entre 2009 e 2019 e nenhum deles havia sido diagnosticado com demência no início do estudo, no entanto, estimaram a exposição de cada pessoa ao PM2,5 com base no setor censitário de residência e separaram em poluição causada por incêndios florestais e não causada por incêndios florestais usando dados de monitoramento da qualidade do ar, imagens de satélite e técnicas de aprendizado de máquina. Observaram quantos participantes foram eventualmente diagnosticados com demência e diverso de estudos anteriores, determinaram usando registros eletrônicos de saúde completos dos pacientes em vez de depender de hospitalizações como proxy à tais diagnósticos e, observando exposição média dos participantes a PM2.5 em incêndios florestais ao longo de 3 anos, encontraram aumento de 21% nas chances de um diagnóstico de demência à cada aumento de 1 micrograma de material particulado por metro cúbico de ar e quando se tratava de exposição a PM 2.5 não relacionada a incêndios florestais, documentaram aumento de 3% no risco de diagnósticos de demência à cada aumento de 3 microgramas de material particulado por metro cúbico de ar.

Moral da Nota: consequências à saúde decorrentes mudanças climáticas ameaçam compensar avanços na redução aos danos das doenças infecciosas, que variam conforme região e resiliência do sistema de saúde local, inseridos nas migrações relacionadas às mudanças climáticas e carga de doenças infecciosas vinculadas a processos como expansão de patógenos à áreas não endêmicas, superlotação em novos assentamentos informais e maior proximidade de vetores de doenças e populações humanas suscetíveis, com países que devem ter a maior carga sendo os que fizeram menor contribuição às mudanças climáticas, no entanto, mais estudos são necessários para gerar evidências robustas sobre potenciais consequências dos movimentos e migrações humanas relacionadas às mudanças climáticas bem como identificar intervenções eficazes e personalizadas no curto e longo prazo. Neste ambiente, apicultores e produtores de mel dos EUA continuam perder colônias de abelhas a cada trimestre em 2023, conforme pesquisa anual divulgada pelo Departamento de Agricultura relatando que, de janeiro a março, os entrevistados da pesquisa federal informaram que perderam quase 400 mil colônias em um único trimestre, número que constitui 15 % das estimadas 2,7 milhões de colônias de abelhas nos EUA, sendo que durante o resto do ano, os entrevistados relataram que perderam entre 250 mil e 380 mil colônias a cada trimestre. Apesar das perdas, o número estimado de colônias de abelhas melíferas permaneceu estável de 2022 a 2023, com o número total de colônias estimado em 2,71 milhões permanecendo os mesmos porque os apicultores adicionaram ou renovaram colônias ao longo do ano, sendo que no lado positivo, relatos de sintomas de transtorno do colapso das colônias, CCD, diminuíram no primeiro trimestre de 2024 e, em 2023, no primeiro trimestre, esse número atingiu pico de mais de 107 mil colônias e no primeiro trimestre de 2024, em comparação, esse número caiu para 70.650, sendo que o distúrbio é em parte, caracterizado pela rápida perda da população de abelhas adultas, mesmo que a colônia tenha uma rainha, qualificando como distúrbio de colapso de colônia aqueles que a perda de abelhas não pode ser explicada pela presença de ácaros ou fungos. A pesquisa anual de colônias de abelhas, o National Agricultural Statistical Service pesquisou 3.300 operações de apicultura que administravam 5 ou mais colônias trimestralmente e, em relatório separado emitido pela Bee Informed Partnership, extinta, os apicultores relataram que perderam 50% das colônias ao longo de um ano inteiro, de abril de 2022 a abril de 2023 com taxa de perda de 12 anos, 40%, relatada pela organização que entrevistou mais de 10% dos apicultores do país. Relataram que os pesticidas se qualificaram como estressores em 10 % das colônias, significando que, nesses meses, os ácaros Varroa e outras pragas podem ter afetado até 1,7 milhão de colônias e pesticidas ter afetado 270 mil colônias, conforme entrevistados, sendo que os apicultores relataram que perderam quase 14% das colônias nesses meses devido a outros fatores como, clima, fome, forragem insuficiente, morte da rainha e danos à colmeia, sendo que a estimativa da pesquisa de 2,7 milhões de colônias nos UA difere da estimativa produzida por pesquisa separada do USDA, censo agrícola de 5 anos, que estimou que os EUA tinham 3,8 milhões de colônias de abelhas, número recorde, com as pesquisas federais entrevistando populações diferentes.