Jornal da ONU e relatórios da mídia analisados pela Statista mostram que 91 países e territórios no mundo aprovaram alguma proibição total ou parcial de sacolas plásticas, embora a proibição dos sacos de plástico seja popular na África, a maioria dos 26 países que optaram por cobrar taxa para limitar utilização de sacos de plástico estão localizados na Europa, no entanto, o número diminui à medida que mais países do continente adotam proibições, por exemplo, sacos menores e mais finos com maior probabilidade de acabar no ambiente e menos propensos a reutilização. Países em desenvolvimento tendem proibir certos tipos de sacos plásticos, já que enfrentam má gestão de resíduos plásticos com a África liderando proibição dos sacos de plástico uma vez que não dispõe de lobby dos produtores de plástico, mostrando regulamentações para proibir/limitar o uso de sacolas plásticas em 2024, exceção à tendência na França, Itália e, a partir de 2022 a Alemanha, que proibiram sacos de plástico finos e exigem que sejam substituídos por compostáveis, tipo de proibição de sacos de plástico popular no mundo. Em 2021 e 2022 proibições de artigos plásticos descartáveis, incluindo agitadores, palhinhas, pratos e talheres de plástico, entraram em vigor na UE, com a diretiva não incluindo proibição de sacos de polímero enquanto alguns Estados-Membros proibiram de modo independente sacos de plástico do tipo leve e nova lei da UE será implementada posteriormente nos estados europeus, visando sacos muito finos frequentemente utilizados para frutas e vegetais soltos, ao mesmo tempo que proíbe uso de mini produtos de higiene pessoal, bolsas de condimentos e sacos retráteis para malas, wrap, entre outros. A severidade das proibições de sacos de plástico e a qualidade da implementação variam de país à país, apenas alguns locais proibiram completamente todos os sacos de plástico não compostáveis com países isentando proibições de sacos de plástico mais resistentes e fáceis de reutilizar, ao mesmo tempo que exigem que clientes paguem taxa enquanto outras restrições são os limites à produção ou importação de sacolas plásticas ou diversas formas de tributação. A China proibiu sacolas plásticas finas em 2008 e, ao mesmo tempo, impôs taxa para sacolas mais resistentes, em seguida, proibiu sacolas não compostáveis nas cidades em fins de 2020 e em todo o país em 2022, com os mercados ainda isentos de taxas seguindo até 2025 e, depois de descartar proibição proposta no início da pandemia, a Índia proibiu em 2022 itens plásticos descartáveis incluindo sacolas mais frágeis enquanto os EUA não dispõem de proibição ou taxa nacional aos sacos plásticos, embora as leis tenham sido implementadas em alguns estados, incluindo Califórnia, Oregon, Washington, Nova Iorque e Colorado, além disso, vilas e cidades proibiram sacos de plástico muitas vezes associando proibição à introdução de uma taxa pela recepção de saco de papel enquanto na Austrália, todos os estados implementaram algum tipo de proibição de sacolas plásticas.
O destino dos resíduos sólidos urbanos surge como desafio crítico ao futuro da América Latina, apesar de alcançar cobertura de recolha de 85% em áreas urbanas, valor elevado aos padrões globais, a região enfrenta lacuna na gestão de resíduos em que 45% acabam em aterros inadequados que contaminam o solo, água e ar. O Programa da ONU ao Meio Ambiente, PNUMA, nos informa que a geração diária de resíduos na América Latina é de 541 mil toneladas, ou, um kilo por habitante, sendo que dados do Banco Mundial mostram que a região está entre as que menos produz resíduos, comparada a outras partes do mundo, o problema, segundo o coordenador regional do PNUMA à América Latina e Caribe, não é volume de resíduos em si, mas, gestão inadequada só impactando de modo negativo na saúde da população e ambiente, simbolizando oportunidade desperdiçada à adoção de economia circular, sistema que minimiza desperdício e maximiza utilização de recursos através da reintegração de materiais de resíduos no ciclo produtivo. Muito provavelmente serão necessárias respostas em grande escala pelos governos nacionais e locais, alguns, já caminhando nessa direção, com o Dialogue Earth analisando projetos em países da região que tentam melhorar a gestão de resíduos incentivando práticas mais sustentáveis, com a Argentina, por exemplo, em que o “cartoning” é ação de coletar papelão e outros materiais recicláveis nas ruas para vendê-los e aqueles que realizam esta tarefa são conhecidos como “cartoneros”, termo que se popularizou pós crise econômica de 2001. Atualmente existe uma Federação de Cartoneros, Carreros y Recicladores, FACCyR, que reúne cooperativas distribuídas pelo país, que se organizam localmente para melhorar condições de trabalho dos associados e promover práticas de reciclagem mais eficientes em que o material reciclável é encaminhado à armazéns cooperativos onde é separado e compactado para ser reaproveitado. Em 2019 foi iniciado teste piloto implementando sistema específico de coleta e reciclagem no bairro Industrial, abordagem consistindo em serviço porta a porta, onde cartoneros interagem diretamente com os vizinhos para ensiná-los a separar corretamente resíduos recicláveis dos não recicláveis, método que melhora qualidade e quantidade dos materiais recicláveis coletados, evitando contaminação aumentando valor no mercado, com resultados do teste positivos a ponto de ser replicado em outros bairros de Rosário como Alberdi, Los Pumitas e Fisherton. Os materiais recolhidos chegam ao armazém administrado pelos próprios cooperados, alugado com recursos do Estado, e de lá direcionados à indústrias de reciclagem, com o diferencial que a cooperativa tem que, ao agrupar uma quantidade de resíduos, tem poder de negociação garantindo remuneração justa pelo trabalho, sendo que a experiência de Rosário é demonstração de como ação coletiva e solidariedade se traduzem em avanços à sustentabilidade.
Moral da Nota: a OCDE, Organização à Cooperação e Desenvolvimento Econômico, informa que mais de 140 milhões de toneladas de plástico contaminam os ecossistemas aquáticos, sendo que no Chile, o projeto Atando Cabos recolhe resíduos plásticos da aquicultura como redes de nylon, cordas de poliéster ou paletes de plástico transformando-os em materiais reutilizáveis, utilizando blockchain no processo, iniciativa, que melhora eficiência da reciclagem, garantindo transparência além de promovem confiança na cadeia de valor. A equipe da Atando Cabos trabalha com pescadores e atores locais para coletar resíduos plásticos no sul do Chile, embarcados em porto local e processados em fábrica em Santiago, ganhando nova vida, transformando-se em produtos como paletes ou caixas de fruta, sendo que a iniciativa incorpora blockchain, que garante que dados registrados nos itens a serem reciclados sejam seguros e inalteráveis graças sua estrutura de “blocos” vinculados e criptografados e, cada percurso de um resíduo, desde sua recolha à produção de novo material é documentado e registado online, assim, cada etapa do processo de reciclagem é acompanhada. Este registro online blockchain é acessado através da leitura de código QR no produto, permitindo que partes envolvidas na cadeia de valor acompanhem a jornada dos materiais e garantam que os resíduos sejam gerenciados conforme padrões ambientais e regulatórios de qualidade estabelecidos, sendo que a Compagnon afirma que foi solicitada a utilizar este método de verificação para fornecer provas compreensíveis e acessíveis que produtos feitos de material reciclado.