terça-feira, 13 de agosto de 2024

Danos e custos

Em Setembro de 2023 a Califórnia tornou-se o maior governo apresentar ação judicial procurando forçar empresas petrolíferas contribuir à fundo que ajudaria pagar esforços de adaptação climática, com o gabinete do governador dizendo que vitórias anteriores deram à Califórnia confiança que seu caso seria ouvido no tribunal estadual, com o elevado custo de enfrentar a indústria petrolífera impedindo que alguns estados entrassem na briga e defensores do clima dizendo que assistem impulso crescente pós vitória do Supremo Tribunal em que Chicago entrou com uma ação judicial em 2024. Hannah Wiseman, professora de direito na Faculdade de Ciências da Terra e Minerais da Penn State University diz que “as empresas petrolíferas têm recursos para esse tipo de litígio que outros estados têm trabalhado para acumular” e “ter a Califórnia alteraria significativamente o curso dos litígios climáticos”. Nova York abriu seu próprio processo em 2021, está entre os casos que citam leis que penalizam a publicidade enganosa ao argumentar que os anúncios de “lavagem verde” das empresas petrolíferas as retratam como líderes climáticos, embora continuem aumentar a produção de combustíveis fósseis com Hilary Meltzer, chefe da divisão de legislação ambiental da cidade, dizendo que a ação busca sanções financeiras e que “parte do alívio que procuramos é impedir que os réus façam declarações falsas e enganosas aos consumidores de Nova Iorque”. Duas nações tribais no estado de Washington entraram com ações judiciais em 2023 citando custos de se mudarem à terras mais altas, à medida que o aumento do nível do mar ameaça suas comunidades cujos defensores do ambiente dizem que a entrada de tribos, muitas das quais enfrentando efeitos das alterações climáticas, é desenvolvimento bem-vindo na luta legal em que casos movidos pelas tribos Makah e Shoalwater Bay, estão entre os que buscam indenização por danos específicos, outro, no condado de Multnomah, Oregon, cita evento mortal de “cúpula de calor” de 2021 com temperaturas recordes na região enquanto 2 casos movidos por municípios de Porto Rico pedem indenização pela temporada de furacões de 2017. Os casos climáticos foram apresentados por governos com líderes democratas, já que os ​​republicanos são em grande parte hostis à ação climática e amigáveis ​​aos interesses dos combustíveis fósseis, com os defensores dizendo que a dinâmica política significa que tais ações judiciais serão limitadas aos estados democratas no futuro próximo observando que estados republicanos estão no caminho de desastres climáticos e, segundo ambientalistas, o “dinheiro fala” e “se Nova Jersey tiver decisão multibilionária contra grandes petrolíferas, por que a Carolina do Norte não”.

Os pesquisadores descobriram que incêndios florestais no Ártico adicionaram no primeiro mês do verão, 6,8 megatons de carbono à atmosfera decorrente mudanças climáticas, calor incomum e tempo seco, sendo que o maior dano ficou com a República Sakha, parte da Sibéria, onde temperatura média anual é de -7,5°C, observando que mesmo no verão a temperatura média mal ultrapassa dos 10°C tornando a situação especialmente tensa nos últimos anos, por exemplo, no verão de 2021 a região sofreu temperaturas elevadas e grandes incêndios florestais. Atualmente o Ártico está em chamas, e dados do Serviço de Monitorização Atmosférica Copernicus, CAMS, da UE mostram que os incêndios florestais na Sibéria em junho de 2024 libertaram 6,8 megatons de carbono com o cientista sênior do CAMS, Mark Parrington, com base em dados de 2024, avalia como incêndios extremamente grandes se desenvolvendo no Ártico e, devido a processos magmáticos ativos no planeta, uma pluma de magma se formou sob a Sibéria, em decorrência, o Ártico aquece pelo menos 4 vezes mais rápido que o resto do planeta. De acordo com a professora da Universidade de Exeter, o Ártico é hoje epicentro das alterações climáticas, em consequência, incêndios florestais extremos devem ser considerados sinais de alarme que deve acontecer em outras partes do planeta nos próximos anos se a humanidade não tomar medidas, considerando que processos no interior da Terra e, consequências na superfície, situam-se ao nível da física e, portanto, têm solução sendo urgente unir o potencial científico e criar condições necessárias à resolução. A questão do desmatamento e degradação florestal resultantes da utilização insustentável da expansão agrícola e desenvolvimento de infra-estruturas atingem florestas indianas por exemplo, cuja perda ameaça comunidades locais e a vida selvagem agravando a crise climática libertando toneladas de CO2 na atmosfera, com o Ministério do Meio Ambiente, Florestas e Mudanças Climáticas da Índia, MoEFCC, em parceria com a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional, USAID, cria o Forest-PLUS 3.0, conjunto de ferramentas de gestão de terras para restaurar florestas, auxiliando agricultores. As ferramentas, desenvolvidas como parte da iniciativa Forest-PLUS em curso, revertem o desmatamento e a degradação florestal protegendo biodiversidade através de sistemas como a ferramenta de gestão de dados, Van, que fornece dados localizados aos responsáveis ​​florestais no país, fundamentais à iniciativa, enquanto outras ferramentas do Forest-PLUS permitem autoridades rastrearem com precisão origens da madeira para impedir exploração ilegal ajudando agricultores determinar que tipo de agrossilvicultura é mais adequado às suas terras. No âmbito do Forest-PLUS 3.0, responsáveis ​​florestais utilizam aplicativo móvel Van expandida e atualizada para recolher dados e construir planos de gestão florestal detalhados e baseados em dados que, por sua vez, ajudam florestas absorver CO2, mitigando efeitos das alterações climáticas, no entanto, a colaboração entre setores, como energias renováveis ​​e tecnologia verde, é crucial ao sucesso a longo prazo em que a parceria florestal EUA-Índia mostra como as nações podem trabalhar para proteger o planeta.

Moral da Nota: estudo mostra que o cenário de incêndios florestais mudou nas últimas décadas com frequência e intensidade que duplicaram no mundo e pesquisadores observando que, pela primeira vez, foram capazes de acompanhar a tendência global dos tipos de incêndios mais destrutivos, que matam pessoas e animais, através de dados de satélite estudando 3 mil incêndios florestais de grande intensidade entre 2003 e 2023 com resultados mostrando aumento global de 2,2 vezes na ocorrência de incêndios extremos neste período. Os dados mostram que a intensidade dos 20 piores incêndios de cada ano mais que dobrou, além disso, cientistas acreditam que a taxa de amplificação se acelera, com o principal autor do estudo, Calum Cunningham, da Universidade da Tasmânia, na Austrália, dizendo que ele e colegas esperavam ver algum aumento, mas ficaram alarmados com a taxa de crescimento que ocorreu de modo diverso em diferentes partes do mundo, por exemplo, florestas temperadas de coníferas que cobrem o oeste dos EUA registraram aumento de 11 vezes nos incêndios extremos em 20 anos, florestas mais ao norte da Terra, cobrindo o Alasca, Canadá e Rússia, 7 vezes. A causa está nas condições cada vez mais secas associadas às alterações climáticas, bem como desgaseificação através de fissuras e fraturas da crosta do subsolo devido ao crescente aquecimento, importando lembrar que florestas são na verdade “pulmões verdes” absorvendo carbono da atmosfera terrestre, por isso a perda de árvores libera quantidades de CO2 contribuindo ao maior aquecimento. Concluindo, a conferência da ONU contra desertificação publicou relatório sobre pastagens em diferentes continentes, ameaçados pelas mudanças climáticas, considerando que representam 54% da superfície do planeta, metade delas, até 50%, sofreram degradação e perderam fertilidade, conforme o relatório especializado temático "Global Earth Outlook on Grasslands and Pastoralists", colocando em risco até um sexto, 1/6, das reservas alimentares da humanidade e levando à destruição de um terço, 1/3, do estoque de carbono da Terra. Os sintomas de degradação mais observados são diminuição da fertilidade do solo, erosão, salinização, alcalinização e compactação do solo inibindo crescimento das plantas, além do fato que pastagens têm importância cultural, ecológica e econômica e sua conservação tornou-se crítica com o relatório destacando que os esforços para aumentar a segurança alimentar através da conversão de pastagens em produção agrícola em regiões áridas levaram à degradação da terra e à deterioração das condições de vida das comunidades campestres. A ONU declarou 2026 como o Ano Internacional das Pastagens, questão que será discutida na Conferência das Partes sobre Desertificação e Degradação de Solos, marcada para fins de 2024 na Arábia Saudita sendo insuficiente abordar desafios climáticos e ambientais separadamente, afinal, o planeta está ameaçado de destruição na próxima década, portanto, a saída é criar condições para buscar solução à situação atual.