terça-feira, 2 de julho de 2024

Tokenização

O processo de criação de representação digital real, chamado de tokenização, pode ser usado para proteger dados confidenciais ou processar de modo eficiente grandes quantidades de dados. Web3, IA e fintech dependem da tokenização nos pagamentos, utilizada para segurança cibernética e ofuscar identidade do próprio pagamento, essencialmente prevenção de fraudes, na Web3, é processo de digitalização para tornar ativos mais acessíveis e, na IA, usada para quebrar dados e facilitar detecção de padrões. Em geral, a tokenização como processo de emissão da representação digital é única e anônima de algo real e, em aplicações Web3, o token é usado na blockchain permitindo utilização em protocolos específicos podendo representar ativos, incluindo imóveis ou arte, financeiros como ações ou títulos, intangíveis como propriedade intelectual, ou mesmo identidade e dados. Em aplicações IA, a tokenização funciona de modo diverso permitindo grandes modelos de linguagem, LLMs, que usam técnicas de aprendizagem profunda, processar, categorizar e vincular informações, desde frases inteiras a caracteres individuais ao passo que a tokenização de pagamento protege dados confidenciais gerando código temporário usado no lugar dos dados originais. Pode criar vários tipos de tokens, do setor de serviços financeiros, por exemplo, stablecoins, tipo de criptomoeda atrelada ao dinheiro do mundo real projetada para ser fungível ou replicável enquanto outro tipo de token é o NFT, não fungível, ou seja, que não pode ser replicado, prova digital de propriedade que permite compra e venda.

Modelos de aprendizagem profunda treinados em grandes quantidades de dados não estruturados e não rotulados são chamados de modelos básicos, LLMs, são modelos treinados em texto, através de processo chamado ajuste fino, podendo não apenas processar grandes quantidades de texto não estruturado mas aprender relações entre frases, palavras ou porções de palavras, por sua vez, permite gerar texto em linguagem natural ou realizar resumos ou demais tarefas de extração de conhecimento. Quando um LLM recebe texto de entrada, divide o texto em tokens e cada token recebe um identificador numérico exclusivo, retornado ao LLM para processamento e o modelo aprende as relações entre os tokens gerando respostas com base nos padrões que aprende, enquanto o tipo de tokenização utilizado depende do que o modelo precisa realizar e diferentes métodos de tokenização podem ser combinados para alcançar os resultados desejados. Comentários do CEO da plataforma de pagamentos baseada em blockchain do JPMorgan, Onyx, surgiram em resposta ao Ledger Unificado, um conceito apresentado pelo Banco de Pagamentos Internacionais, BPI, em 2023, que focava respaldar fluxos de dinheiro dos bancos centrais, depósitos tokenizados e ativos digitais em sua rede, explicou que se uma transação de US$ 100 milhões falhar, os validadores de blockchain públicos não poderão ser responsabilizados e apesar das críticas, a plataforma Onyx do JPMorgan, dirigida por bancos, é construída como versão privada com permissões do Ethereum, a segunda maior rede blockchain pública e diferente dos blockchains públicos, a cadeia com permissões do Onyx permite que as instituições revertam transações. Argumentou que criptomoedas emitidas em blockchains públicas criam incentivos falsos com o objetivo de atrair mais usuários às redes para impulsionar o preço da moeda sinalizando que blockchains, assim como Internet, deveriam considerar um bem público concluindo que "precisamos chegar a um ponto de evolução onde a tecnologia começa ser vista como um bem público em vez de um meio para enriquecer". Apesar das críticas, instituições financeiras tradicionais, TradFi, preferem tokenizar ativos em blockchains públicos, dados da vice-presidente de distribuição de plataformas em escala Grayscale até meados de 2022, explicando que “acredita que tenha preferência pelas cadeias privadas com Onyx do JPMorgan e que esta era a narrativa feita anualmente, agora, creio que se trata em grande medida das cadeias de bloqueios públicos” em referência ao fundo tokenizado 'BUIDL' de US$ 100 milhões da BlackRock lançado na rede Ethereum contando atualmente com mais de US$ 382 milhões como o maior fundo de tokenização do mundo.

Moral da nota: a diretora executiva da European Crypto Initiative, avalia que regulamentos DeFi da UE buscam acolher grandes bancos e desafiar os nativos de criptografia e, sob estrutura MiCA podem encorajar os bancos entrar no espaço DeFi, complicando conformidade à projetos de criptografia nativa, já que a introdução de regras para protocolos financeiros descentralizados na Europa levantaria barreiras à projetos cripto-nativos ao mesmo tempo que encorajaria instituições financeiras tradicionais licenciadas aderirem. Discutiu o próximo relatório DeFi da Comissão Europeia que será lançado em 30 de dezembro de 2024, sob a estrutura de Mercados de Criptoativos, MiCA, e examinará viabilidade de regulamentações específicas ao ecossistema DeFi acrescentando que “esta regulamentação facilitará entrada desses jogadores neste espaço criptográfico já que alguns bancos pensam em emitir stablecoins”, concluindo que “tudo o que vimos sendo desenvolvido ao longo dos anos vem do ponto de vista institucional e definitivamente será mais difícil aos projetos cripto nativos serem licenciados e estar em conformidade.” O relatório da UE examinará o modo como sistemas descentralizados devem ser regulamentados, especialmente os sem emitente ou prestador de serviços claro, como as bolsas descentralizadas, ao passo que o principal resultado poderá fornecer definições iniciais do que constitui descentralização aos olhos dos reguladores e em vez de estabelecer regras rigorosas ao setor, os juristas defendem normas claras “fundamental que governos, legisladores e indústria se alinhem e concordem sobre o que realmente constitui DeFi”, descrevendo como serviços financeiros que operam em blockchains públicos, principalmente rede Ethereum, essencialmente, recriando serviços de bancos e instituições financeiras como empréstimos, negociações ou seguros, operando sem ter essas instituições como intermediários, espera-se que o mercado DeFi se expanda na Europa nos próximos anos com a Statista prevendo que o setor gerará US$ 6,69 bilhões em receitas em 2024 com taxa composta de crescimento anual de 9,67% entre 2024 e 2028, atingindo US$ 9,68 bilhões em receitas em 2028.