A primeira criptomoeda de fonte aberta peer-to-peer desenvolvida e lançada por programadores independentes em 2008, o Bitcoin, sem servidor centralizado para sua emissão, transações e armazenamento, utilizando blockchain, tecnologia de base de dados pública de rede distribuída que requer firma eletrônica respaldada por protocolo de teste de trabalho à fornecer segurança e legitimidade das transações. A emissão de Bitcoin é realizada através de usuários com capacidade de mineração limitada a 21 milhões de moedas, na verdade, sendo que sua capitalização está disponível através de plataformas especiais de bolsas ou caixas automáticas. A China desempenhou papel fundamental e muitas vezes contraditório no mundo das criptomoedas e, ao longo dos anos, deixou de ser ator dominante na mineração e comércio cripto ao implementar restrições e regulamentações que impactaram o mercado global.Tornou-se epicentro da mineração e comércio de criptomoedas com empresas chinesas dominando a produção de equipamentos de mineração Bitcoin, ao lado de fazendas de mineração e, beneficiando-se da eletricidade barata, controlaram parcela do poder global de hashing enquanto as bolsas cripto chinesas como Huobi e OKCoin tornaram-se as maiores do mundo, facilitando volumes de transações e contribuindo ao crescimento do mercado cripto.À medida que o universo cripto ganhou popularidade o governo chinês expressou dúvidas sobre riscos financeiros e estabilidade econômica e, em 2013, o PBOC, Banco Popular da China, proibiu instituições financeiras de lidar com transações Bitcoin iníciando medidas regulatórias e, em 2017, proibiu ICOs, ofertas iniciais de moedas, e fechou bolsas nacionais de criptomoedas, ações, que enviaram ondas de choque ao mercado global deprimindo preços e forçando empresas transferir as operações ao estrangeiro.
A mineração cripto enfrentou restrições crescentes e, em 2021, o governo chinês lançou repressão citando preocupações ambientais e necessidade de manter estabilidade financeira, levando ao encerramento de explorações mineiras e migração à outros países, como EUA, Cazaquistão e Rússia. As ações chinesas foram motivadas pelo Controle Financeiro sendo que criptomoedas por serem descentralizadas representam desafio ao controle facilitando evasão de capitais e atividades ilícitas, além do argumento que a Estabilidade Econômica corre risco decorrente a volatilidade cripto temendo especulação desenfreada e bolhas no mercado desestabilizar a economia, além do argumento relacionado ao Impacto Ambiental já que mineração cripto consome grandes quantidades de energia elétrica, lá, de matriz fóssil, e, por fim, o Desenvolvimento do Yuan Digital já que criptomoedas privadas são vistas como concorrentes diretos que dificultam adoção e controle do yuan digital. Fato é que criptomoedas não desapareceram da China com bolsas e atividades relacionadas mudando ao exterior mas permanecendo a participação no mercado global, sendo que o desenvolvimento e implementação do yuan digital desempenha papel crucial no futuro cripto chinês podendo redefinir o cenário financeiro tanto na China como a nível mundial, oferecendo alternativa controlada e regulamentada às criptomoedas privadas. No entanto, testa o desenvolvimento nacional blockchain em casos de uso do mundo real em áreas incluindo fabricação, energia, troca de dados e serviços governamentais, aplicação de leis, impostos, julgamentos penais, inspeção e finanças transfronteiriças. A CAC, Administração do Ciberespaço da China anunciou esforço para acelerar o desenvolvimento e inovação blockchain em 15 zonas e 164 entidades, tendo como objetivo implementação da tecnologia em empresas e organizações governamentais chinesas instruindo autoridades reguladoras "promover projeto intensivo da infraestrutura blockchain na região formando capacidade de suporte de intercâmbio de dados entre cadeias em nível de produção e promovendo formação de ecologia da indústria blockchain colaborativa de múltiplas partes”. Enfatiza necessidade dos departamentos reguladores coordenarem avanço e promoção dos projetos piloto “e aproveitando ao máximo o papel da cadeia de blocos na promoção do intercâmbio de dados, otimização dos processos comerciais, redução dos custos operacionais, melhoria da eficiência colaborativa e criação de um sistema confiável", sendo que a Rede BSN, Serviços em Blockchain, é projeto respaldado pelo governo trabalhando em infraestrutura para apoiar empresas e indivíduos na construção de plataformas e aplicações centradas em NFT.
Moral da Nota: pesquisa da Preply mostra que 60% dos investidores criptográficos dos EUA não entendem Blockchain, ou, 3 em cada 5, descobrindo que a Geração Z, apesar de 41% manifestarem interesse em aprender sobre criptomoedas, tinha menor percentagem de indivíduos dispostos a aprender, com o relatório observando que os residentes norte americanos que investiram em NFTs, tokens não fungíveis, provavelmente investiriam em cripto. Aproximadamente 40% dos investidores cripto da Geração Z não tinham confiança no conhecimento sobre criptomoeda, ainda mais pronunciada entre os millennials, 35%, e a Geração X, 32%”, apesar disso, dados mostram que 27% dos que nunca investiram em criptomoedas manifestaram interesse em fazer aulas para aprender e, quando dividido por gênero, o estudo concluiu que 54% dos homens inquiridos e 53% das mulheres estavam interessados em aprender mais. Um outro estudo conduzido pela Protocol Theory e Easy Crypto na Nova Zelândia, mostra aumento no interesse pela criptografia em que quase metade dos entrevistados buscam cripto para construir riqueza em vez de imóveis, sugerindo que estão recorrendo à criptografia devido frustrações com os sistemas financeiros tradicionais. Os resultados mostraram que a maioria das pessoas acredita que pode investir em criptografia aos poucos, por outro lado, pequena parcela sente o mesmo em relação ao setor imobiliário, realçando o conceito que criptografia é mais acessível devido elevados custos associados à entrada no mercado imobiliário. Dos mais de mil entrevistados, 14% já possuíam criptografia, acima dos 10% em 2022, enquanto isso, 45% disseram que estão considerando investir no futuro e apesar do aumento no interesse, 72% dos que ainda não investiram dizem que estão confusos sem saber por onde começar.
Rodapé: a China vendeu títulos do tesouro norte americano e dívida de agências nos últimos7 meses se distanciando da economia dos EUA e acumulando toneladas de ouro nas reservas. Relatório do PBOC mostrou que o país detém 2.250 toneladas de ouro em 2024, equivalendo US$ 159 bilhões, sendo que o dumping dos títulos está em linha com a agenda do BRICS de desdolarização, o principal comprador de ouro desde 2022 substituindo os títulos do tesouro dos EUA nas reservas pelo ouro, com a Bloomberg mostrando que a China desfez-se de títulos e obrigações de agências no valor de US$ 74 bilhões em 7 meses e, no primeiro trimestre de 2024, desfez-se de US$ 53,3 bilhões em títulos do tesouro dos EUA. Vale dizer que a Arábia Saudita não renovou o pacto estabelecido em 1974 com os EUA que converteu o dólar em moeda da reserva mundial, passo que facilita utilização de outras moedas no comércio de petróleo, entre eles o yuan, debilitando o domínio do dólar.