sábado, 20 de julho de 2024

O mundo DeFi

Entrevista do presidente da SEC Gary Gensler ao Wall Street Journal, aponta que DeFi na definição de descentralizado era na verdade centralizado, segundo ele, muitas plataformas são negócios, portanto, centralizadas, embora os mecanismos de tomada de decisão incluam sistemas de votação envolvendo comunidade, com a Forbes revelando que a SEC assinou acordo com o monitor de análise blockchain do setor financeiro descentralizado, Anchain, cuja tarefa seria ajudar a SEC entender como funcionam os contratos inteligentes. A atenção das autoridades ao DeFi se insere no crescimento exponencial do setor com o DeFiPulse relatando que em um ano, o valor total bloqueado, TVL, aumentou de US$ 17 bilhões à US$ 99 bilhões e, atualmente em US$ 94 bilhões, sendo impossível à SEC abster-se de intervir em volumes de negócios desta magnitude com a Aave, plataforma de empréstimo, que atualmente domina o DeFi com 16% de participação e a Uniswap que é uma DEX completa, exchange descentralizada, em 6º lugar, possuindo mais de US$ 7 bilhões em Ethereum cujo TVL em um ano aumentou de US$ 500 milhões à US$ 8 bilhões em maio de 2024. O DeFi necessitando mais atenção das autoridades decorre dos que depararam com hacks ou golpes envolvendo plataformas financeiras descentralizadas em que um bug de segurança estava na origem do hack da Poly Network, maior ataque cibernético em plataforma criptográfica, que resultou na perda de US$ 600 milhões, no entanto, um ataque “ético” cujos  hackers devolveram o dinheiro roubado afirmando que queriam apenas mostrar as vulnerabilidades do sistema. Além disso, há projetos fraudulentos reais como o Wine Swap que se originou na Binance Smart Chain cuja equipe teve dificuldade em recuperar os fundos roubados da plataforma no golpe de saída, em suma, mesmo o DeFi é área onde investidores inexperientes correm risco de surpresas desagradáveis e, por outro lado, é preciso ressaltar que as DEXs, exchanges descentralizadas, são mais seguras que as CEXs, exchanges centralizadas, porque os usuários continuam sendo os únicos detentores de seus tokens, já que as DEXs não possuem carteira interna e a principal questão que levou a SEC focar no DeFi é se ele é realmente descentralizado e, se este não for o caso”, afirma seu presidente, “estamos lidando com empresas que oferecem serviços financeiros sem as licenças necessárias".

Gary Gensler, liderando a SEC, Exchange Commission, disse que muitas DeFi, plataformas financeiras descentralizadas, são  altamente centralizadas, por esse motivo, devem ser regulamentadas e registradas, na verdade, explicou que os projetos DeFi não estão imunes à regulamentação porque “as plataformas facilitam algo que pode ser descentralizado em alguns aspectos, mas altamente centralizado em outros”. Segundo o presidente da SEC, os desenvolvedores dessas plataformas muitas vezes param em mais do que apenas escrever código, têm que lidar com a governança e taxas que supervisionam incentivos publicitários sendo que “existe um grupo central de pessoas que não apenas escrevem o software, como o software de código aberto, mas têm governança e taxas havendo estrutura de incentivos aos promotores e patrocinadores no meio disso”. Em outra entrevista na Fox Business, explica que a regulamentação DeFi é necessária esclarecendo que “as chamadas plataformas financeiras descentralizadas têm, na verdade, muita centralização, havendo grupo empreendedor que as administra e, que deveriam entrar e trabalhar conosco, e se registrar.” A ConsenSys, empresa de software blockchain fundada por Joseph Lubin esclarece que alguns projetos são genuinamente descentralizados, como o Maker, MKR, ou a exchange descentralizada Uniswap, mas outros que se autodenominam DeFi têm parte altamente centralizada, com Lex Sokolin, CMO e codiretor global da Consensys da Fintech para CryptoNewscom afirmando que “alguns têm grande controle sobre sua direção, outros são governados por investidores de capital de risco e outros têm comunidades mais amplas que votam em mudanças como um projeto de código aberto”, por conta disso, existe o site Defiscore que fornece pontuação de centralização e riscos de um projeto. 

Moral da Nota: empresa de análise Blockchain assinou acordo com a SEC, Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, para monitorar e regular DeFi, indústria de finanças descentralizadas, conforme porta-voz da empresa, cujo valor inicial do contrato é de US$ 125 mil com 5 anos de opção separados de 1 ano de US$ 125 mil, totalizando US$ 625 mil e, conforme o CEO e cofundador Victor Fang, “a SEC está interessada em entender o que acontece no mundo dos ativos digitais em contratos inteligentes, por isso,  forneceremos tecnologia para analisar e rastreá-los”. A startup  blockchain de IA e ML, aprendizado de máquina, com sede em San Jose que se concentra no rastreamento de atividades ilícitas em trocas de criptografia, protocolos DeFi e instituições financeiras tradicionais, AnChainAI, ao revelar o contrato da SEC iniciado em maio de 2021, anunciou rodada de financiamento Série A de US$ 10 milhões liderada por afiliada do Grupo Susquehanna, SIG Asia Investments LLP, com avaliação não revelada. Tal acordo, está em linha com o interesse da SEC pelo DeFi à medida que amadurece e cresce com a indústria administrando mais de US$ 82 bilhões e, a maior bolsa descentralizada, Uniswap, processando mais de US$ 1,8 bilhão em transações, muitas das quais incluindo tokens que poderiam ser determinados como títulos pela SEC, além disso, as plataformas estão se tornando mais complexas, observando que a plataforma Uniswap é na verdade amálgama de 30 mil contratos inteligentes separados que executam troca real de tokens. Por fim, o presidente da SEC, em entrevista ao The Wall Street Journal, alertou que as operações DeFi não estão imunes à supervisão porque usam o termo descentralizada e que “há um grupo central de pessoas que não estão apenas escrevendo software mas têm governança e taxas, havendo  estrutura de incentivos aos promotores e patrocinadores.” Em entrevista à Forbes, a comissária da SEC reconhece o potencial DeFi pedindo que esses projetos se apresentassem e fossem pró-ativos com o regulador, textualmente, “quando começar a olhar aos próprios tokens e tentar descobrir se são títulos, fica confuso, em particular, é difícil no cenário DeFi porque há muita variedade sendo por isso que incentivo projetos individuais entrarem e conversarem com a SEC, porque exigem análise dos fatos e circunstâncias particulares.”