terça-feira, 9 de julho de 2024

Descarbonização

Aço, cimento, asfalto e alumínio, essenciais à transição verde, produzem no mundo 15% das emissões industriais de gases efeito estufa, sendo a procura de versões com baixo teor de carbono destes materiais aumentam o fornecimento e reduzem emissões com a First Movers Coalition impulsionando a mudança através do surgimento de players de baixo carbono listados em novo repositório global, o First Suppliers Hub. O Net-Zero Industry Tracker do Fórum Econômico Mundial, mostra que à medida que a população cresce, urbanização e expansão econômica aumentam, prevê-se procura nestes setores tornando desafio às indústrias intensivas em carbono alinharem-se com os objetivos climáticos de 1,5°C. Acordos de fornecimento ao longo das cadeias de valor dos materiais, ilustra modos como a procura no setor privado ajuda descarbonizar setores difíceis de reduzir, com membros da First Movers Coalition, FMC, coligação global de empresas que catalisa a procura limpa do setor privado à produtos industriais verdes, mostrando que até hoje, com 99 membros,  assumiram mais de 120 compromissos de compra em 7 setores e, até 2030, estes compromissos representarão procura anual de US$ 16 bilhões à tecnologias climáticas emergentes e 31 milhões de toneladas, Mt, de equivalente CO2 em reduções anuais de emissões.  Em 2023, a FMC assinou coletivamente 35 acordos de compra que garante reduções de carbono nos 7 setores, elevando à 94 os acordos de compra assinados em apoio aos compromissos da FMC buscando transição à energia verde para sustentar compromisso de energias renováveis da COP28, necessitando materiais com baixo teor de carbono e, conforme a  Revisão do Custo da Energia Eólica de 2015 do Laboratório Nacional de Energia Renovável as turbinas eólicas são feitas de aço, representando entre 66-79% da massa total da turbina, embora o aço seja utilizado em turbinas e o concreto em estruturas de suporte, o alumínio é fundamental à fabricação de componentes críticos à descarbonização dos sistemas energéticos, com a Danfoss, buscando  adquirir alumínio com baixo teor de carbono à seus produtos e soluções, que permitem eletrificação, acoplamento do setor, flexibilidade do lado da demanda além de eficiência energética e recuperação de energia nas indústrias.

Neste conceito, a indústria do cimento e asfalto na Colômbia planeja acelerar plano para alcançar neutralidade carbônica em 2050, ao mesmo tempo que prevê melhores perspectivas a médio prazo, sendo o primeiro setor industrial colombiano que apresentou roteiro à redução de emissões de 2020 a 2030 em conjunto com os ministérios do Comércio e Meio Ambiente. A indústria global mudou para ambição climática de alcançar neutralidade carbônica até 2050 e, nesse sentido, o dirigente sindical esclarece que “a Colômbia foi o 1º país da América Latina se oferecer para realizar implementação, aprovada pelo Conselho de Administração e trazer a ambição global ao país”, sendo que hoje, 80% da energia provém de combustíveis fósseis e, na prática, até 2050, propõe que 10% da matriz venha de hidrogênio e 55% de resíduos. Relatório do DANE mostra que, em agosto de 2023, a produção de concreto pronto na Colômbia atingiu 592,1 mil metros cúbicos e, segundo o relatório, o resultado mostra queda de 5,6% quando comparado ao mesmo mês de 2022 em que foram produzidos 627,2 mil metros cúbicos sendo que a variação anual na produção de concreto pronto na Colômbia, para agosto de 2023 em relação ao mesmo mês de 2022 foi explicada pela queda no destino habitacional, -5,1%, segmento que permaneceu 3 ,2 pontos percentuais à variação total do país. A queda, segundo o relatório, na destinação habitacional foi explicada “pelo comportamento no departamento de Valle del Cauca que subtraiu 2,8 pontos percentuais da variação total” sendo que a baixa da variação no departamento de Valle del Cauca foi explicada pela queda no destino Habitação que subtraiu 26,6 pontos percentuais da variação anual deste departamento e, “até o momento, a produção de asfalto pronto atingiu 4.499,3 mil metros cúbicos com variação de -1,4% face ao registado entre janeiro/agosto de 2022 em que foram produzidos 4.564,1 mil metros cúbicos” .

Moral da Nota: várias iniciativas e programas de empresas e governos para enfrentar a crise climática na América Latina e Caribe são, na verdade, panorama de falsas soluções, conforme o mapa regional preparado por organizações ambientais de vários  países com a presidente da Ação Ecológica Equatoriana esclarecendo que “oferece visão para compreender a dinâmica e linguagem das falsas soluções que permitem a grandes poluidores obter verbas para continuar suas atividades e contribuir ao aquecimento global”. A Plataforma Latino-Americana e Caribenha para Justiça Climática, mostra o mapa com falsas soluções à projetos de energia verde como produção de insumos e armazenamento de carbono nas florestas em sistemas agrícolas, além de projetos de geoengenharia para evitar alterações climáticas e de adaptação as alterações com base nos ecossistemas ou infraestruturas em engenharia. A pesquisadora do Observatório de Ecologia Política da Venezuela que lançou o mapa em maio, diz que “mais que um formato, é ferramenta de visibilidade e pedagógica em que se reúnem na Plataforma atores diversos como acadêmicos, pesquisadores, ONGs e ativistas” esclarecendo que  “propõe iniciativas de transição partindo dos tecidos territoriais e comunidades fora dos quadros impostos pela economia verde, pelo greenwashing corporativo e pela captura corporativa” das emissões de carbono, sendo que o “mapa oferece visão geral para compreender dinâmica e linguagem das falsas soluções”. A análise dos 83 casos que compõem o primeiro mapa, outros 100 aguardam as próximas edições, mostrou que 70% do financiamento de falsas soluções à crise climática é de origem privada e que as comunidades mais afetadas são agricultores, indígenas e camponeses, sendo a categoria que mais se repete são de projetos de armazenamento de carbono nas florestas, ecossistemas e sistemas agrícolas e, em 50% dos casos, projetos de energia eólica e novas plantações florestais justificados pela captura de carbono cobrindo 10 e 11% dos indicados no mapa. A Plataforma critica como “greenwashing”, por exemplo, no recente lançamento em Trinidad e Tobago, país petrolífero, de créditos de carbono azul ou emissões de dívida que financiam projetos de conservação de ecossistemas destinados a empregos no sudoeste da ilha de Tobago e no Pântano Caroni de Trinidad, no Brasil, entre vários casos, o Portel-Pará aparece à frente de 4 projetos para economizar carbono em 7 mil kms² de florestas e outros ecossistemas por meio de negociações de terras e acordos de limites ao desmatamento com comunidades no norte do estado do Pará, na Amazônia. A plataforma latino-americana Alianza Biodiversidad critica que estes projetos geram créditos de carbono comprados por grandes empresas como Repsol, Air France, Delta Airlines e Boeing, Amazon, Aldi, Samsung e Toshiba que continuam poluir e, diante de “falsas soluções” como as do mapa, iniciativas como a do presidente colombiano buscam limite temporário à dependência do país nos combustíveis fósseis, ou, a rejeição de explorações petrolíferas e mineiras decididas em consulta à população do Equador em que 59% votaram pela proibição da exploração de petróleo próximo ao parque nacional Yasuní, na Amazônia e, na capital, veto com 68% dos votos a prospecção de ouro e cobre na Área andina de Chocó a oeste de Quito.