Faculdades de Medicina expandem seus “currículos sobre mudanças climáticas” por conta de solicitação de estudantes para que ensinem mais sobre impactos das alterações climáticas na saúde, sendo que há 3 anos grupo de estudantes da Escola de Medicina de Harvard realizou sondagem com colegas de turma e descobriu que havia interesse em aumentar a educação sobre saúde climática nos cursos abrindo caminho à “currículo de mudança climática” completo para estudantes do 1º ano de medicina e implementado em 2022. Estudo publicado de coautoria de Malits e ex-alunos e orientadores docentes concluiu que os esforços podem estar valendo a pena pois após o 1º ano oficial deste impulso de educação climática, a maioria dos estudantes participantes de Harvard concordou que o currículo era valioso e melhora compreensão dos impactos das mudanças climáticas na saúde, já que o currículo climático de Harvard faz parte de um movimento crescente nas escolas médicas dos EUA e do mundo visando expandir esforços para formar a próxima geração de médicos à enfrentarem os impactos na saúde provocados pelo clima. O elo clima-saúde mostra que alterações climáticas não são apenas desastre ecológico e, sim, crise de saúde pública cujos impactos podem manifestar-se de formas óbvias como stress térmico em onda de calor ou lesões pós furacão, outras vezes, efeitos mais complexos como impacto da subida dos mares e ingestão de água salgada na saúde reprodutiva ou mudança na distribuição de doenças transmitidas por insetos como a malária, em resposta ao aumento das temperaturas globais. No 1º ano do curso “Imunologia em Defesa e Doença”, professores ensinam como o aumento das temperaturas aumentam a contagem de pólen e prolongam estações de cultivo no mundo desencadeando alergias sazonais nos pacientes, no curso “Mente, Cérebro e Comportamento”, alunos de Harvard aprendem sobre ligações entre mudanças climáticas e saúde mental incluindo aumento na ansiedade e depressão além de integrar modos pelas quais mudanças climáticas afetam saúde na carga horária dos estudantes de medicina, sendo que o programa se concentra na construção de competências essenciais para ajudar alunos aprender como detectar condições relacionadas ao clima e prestar cuidados médicos. Em janeiro de 2023, a Harvard Medical School aprovou tema curricular sobre mudanças climáticas criando mandato que exige conteúdo ao longo dos anos da faculdade de medicina enquanto outras escolas médicas incorporam elementos climáticos nos cursos dos alunos e, nos últimos anos, escolas incluindo a Stanford Medical School e a University of Colorado School of Medicine lançaram iniciativas para ajudar formar estudantes de medicina responder ameaças à saúde decorrente aumento das temperaturas, fuligem dos incêndios florestais e furacões. Em 2019, estudantes de medicina da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em São Francisco, criaram o Boletim de Saúde Planetária para avaliar currículos das escolas médicas sobre ambiente e saúde, programa que se expandiu a nível nacional e internacional, no entanto, existem limitações as iniciativas de saúde climática, por exemplo, há necessidade de reforçar educação climática para além do 1º ano da faculdade de medicina especialmente em ambientes clínicos o que implica educar professores junto com os alunos.
A educação médica climática foi desenvolvida pela primeira vez no HMS, Harvard Medical School, no desenvolvimento, implementação e avaliação do tema curricular longitudinal e integrado da HMS Mudanças Climáticas, Meio Ambiente e Saúde pelo Centro à Saúde e Meio Ambiente Global, criado em 1996, no entanto, na última década, ofereceu conteúdo climático ad hoc de um pequeno grupo de professores. Em 2021, o SEAM, Students for Environmental Awareness in Medicine, grupo de estudantes de medicina da HMS, conduziu sondagem que revelou interesse na educação médica climática entre colegas e apresentou proposta de currículo climático abrangente à liderança do corpo docente em agosto de 2021, recebida de modo positivo, posteriormente, lideraram desenvolvimento de aula piloto sobre associação entre exposição à poluição atmosférica externa e fisiopatologia da asma que consistiu em vídeo preparatório pré-aula e perguntas co-criadas por alunos e professores. Para aproveitar os conhecimentos, contrataram um mentor docente para supervisionar os esforços do corpo docente na reforma curricular e o mentor organizou grupo de trabalho do corpo docente sobre saúde climática, CHFWG, em agosto de 2022, a SEAM e o CHFWG começaram a trabalhar na integração do conteúdo climático nos cursos do 1º ano de formação da faculdade de medicina. Com o incentivo da Pró-Reitoria de Educação Médica foi iniciado processo colaborativo de desenvolvimento de conteúdo curricular e busca por status de tema curricular formal no HMS, que poderia acelerar o desenvolvimento de currículo formal, obrigatório e sustentado com reconhecimento como tema curricular do HMS em janeiro de 2023 recebendo exposição à sua integração curricular climática pré-estágio final em setembro de 2023. Na primavera de 2022, membros do SEAM e CHFWG começaram a co-desenvolver currículo climático longitudinal cuja prioridade inicial era estabelecer base conceitual sólida na fase de pré-estágio do curso curricular Pathways, curso principal do HMS, e, posteriormente, expandir educação climática às fases de estágio e pós-estágio e às Ciências e Tecnologia da Saúde, HST, trilha curricular, programa conjunto com o Massachusetts Institute of Technology sendo que a fase de pré-estágio refere-se ao conjunto inicial de cursos presenciais na faculdade de medicina incluindo anatomia, fisiologia, imunologia, biologia molecular e ciências sociais que precede rotações clínicas básicas. A fase de estágio refere-se ao conjunto de rotações clínicas básicas incluindo clínica, pediatria, cirurgia e obstetrícia/ginecologia realizadas em ambientes clínicos como hospitais e centros de atendimento ambulatorial com o currículo climático final entregue no ano letivo de 2022–2023.
Moral da Nota: o Comitê de Política Educacional e Currículo do HMS votou por unanimidade para adicionar oficialmente alterações climáticas e saúde como tema no currículo do HMS M.D., esforço liderado pelo diretor do tema curricular de clima e saúde da HMS e pelo grupo de estudantes da organização HMS Students for Environmental Awareness in Medicine. O novo currículo sobre alterações climáticas examina o impacto das alterações climáticas e desigualdade na saúde com aplicações aos cuidados clínicos e o papel dos médicos e instituições de saúde na obtenção de soluções climáticas cujos efeitos negativos à saúde incluem aumento da propagação de doenças infecciosas, “danos relacionados ao calor” em fenômenos meteorológicos extremos e doenças pulmonares devido à poluição. O bolsista de Clima e Saúde Humana da Escola de Saúde Pública de Harvard, Caleb J. Dresser, disse que há anos estudantes e professores pressionam para incorporar mudanças climáticas no currículo do HMS “um processo contínuo” que “vem se desenvolvendo, à medida que mais e mais estudantes de medicina e membros do corpo docente começaram se envolver com esta questão e vê-la como contexto importante no qual todos praticamos medicina”, disse acreditar que o novo currículo prepara os alunos para moldar o futuro cenário dos cuidados de saúde pós formatura sendo que “muitos graduados da Harvard Medical School assumem liderança na medicina e além”, concluindo que, “será cada vez mais importante às pessoas que ocupam cargos de liderança nos cuidados de saúde e outras indústrias integrarem alterações climáticas e riscos relacionados ao clima na tomada de decisões estratégicas à medida que lideram organizações.” Alterações climáticas são crise de saúde pública atual e crescente com a OMS descrevendo como maior ameaça à saúde que a humanidade enfrenta e os efeitos combinados, poluição atmosférica e degradação ecológica têm consequências devastadoras à saúde humana incluindo fenômenos meteorológicos severos, calor extremo, má qualidade do ar e da água, alterações no rendimento das colheitas, redução da segurança alimentar, alterações na ecologia dos vetores e conflitos sociais são questões de equidade na saúde que se cruzam com forças sistêmicas como racismo estrutural, desigualdade de rendimentos e injustiça ambiental para exacerbar desigualdades na saúde. Para cuidar eficazmente dos pacientes os médicos devem compreender formas como alterações climáticas impactam saúde e estarem preparados para aplicar esse conhecimento através de cuidados preventivos, raciocínio diagnóstico e aconselhamento sobre redução de riscos, sendo que o papel dos médicos na crise climática é especialmente crítico uma vez que demonstraram estar entre as vozes mais confiáveis na ação climática. No campo da enfermagem, líderes de pensamento descreveram os desafios da integração da educação climática, defenderam competências educacionais e forneceram recomendações no desenvolvimento de uma educação climática robusta à estudantes de enfermagem e, na educação médica de graduação, foram descritas estruturas para conceitos educacionais, competências e inovação na educação climática e, internacionalmente, foram relatados esforços institucionais para integrar educação climática nos currículos das escolas médicas com pesquisas avaliando mudanças climáticas e iniciativas educacionais em saúde planetária em escolas médicas no mundo incluindo Reino Unido, Austrália e Irlanda, enquanto no Canadá, pesquisas nacionais foram usadas para compreender experiências, atitudes e interesses dos estudantes de medicina na educação em saúde climática. Pesquisa AAMC, da Association of American Medical Colleges, mostrou que 55% das escolas médicas dos EUA relataram que os efeitos das mudanças climáticas na saúde eram tópico obrigatório nos cursos de pré-estágio e estágio em 2022, mais que o dobro dos 27% das escolas médicas que relataram tal exigência apenas 2 anos antes sendo que as escolas médicas começaram descrever inovações nos currículos sobre mudanças climáticas, amplamente impulsionadas por estudantes de medicina, mas o campo permanece incipiente.