Investigação publicada na Nature Communications, informa que um quarto da população mundial de idosos em meados do século enfrentará calor extremo, colocando a saúde em risco e, até 2050, mais 246 milhões de adultos com 69 anos ou mais experimentarão temperaturas extremas excedendo 37,5° C, sendo que a projeção sugere que mais de 23 % da população global destes idosos, grande parte concentrada na África e Ásia, enfrentará calor intenso comparada com os 14 % atuais. A previsão se insere em exposições agudas ao calor que aumentarão à medida que temperatura e envelhecimento mostrarem crescimento exponencial com o cardiologista e epidemiologista da Universidade de Stanford e Universidade da Califórnia, em São Francisco, que não esteve envolvido na investigação afirmar que "adultos idosos podem ser extremamente vulneráveis aos impactos do calor” e “proteger esta população será cada vez mais crítico nos próximos anos”. Altas temperaturas são fisiologicamente exigentes havendo limite à quantidade de calor que o corpo tolera enquanto extremos de calor são limites aos idosos pois o corpo envelhecido não se refrescar com a mesma eficiência e os idosos costumam ser portadores de doenças crônicas agravadas pelo calor, como doenças cardiovasculares ou diabetes, além da ingesta de medicamentos desidratantes, isolamento social, mobilidade limitada ou deficiências cognitivas, com a socióloga do envelhecimento na Universidade de Boston esclarecendo que “este tipo de tempestade perfeita de envelhecimento biológico, solidão social e cognição torna o calor pior às pessoas mais velhas”. Projeção indica que a população com 69 anos ou mais até 2050 sofrerá o impacto das alterações climáticas nas regiões onde residem, avaliando que a exposição crônica ao calor, exposição prolongada desconfortável e exposições agudas, de curta duração, extremas, surgirão na onda de calor descobrindo que a exposição crônica calculada toma a temperatura média dos dias de um ano e determina quantos graus por dia excedem o limiar de temperatura de conforto, devendo aumentar até 2050 no mundo. O investigador de alterações climáticas no Centro Euro-Mediterrânico sobre Alterações Climáticas em Veneza, Itália, esclarece que em relação ao calor agudo, haverá aumento mundial no número de dias por ano que excedem os 37,5°C, média de 10 para 20 dias além de limite superior maior ao modo como altas temperaturas atingem no calor extremo, dependendo da região, daí, “frequência e intensidade aumentarão como resultado das alterações climáticas”. Vale dizer que envelhecimento populacional e aumento do calor impulsionam resultados projetados dependendo da região e, nas regiões do Sul Global, historicamente mais quentes, percentagem crescente da população envelhece enquanto e nas regiões do Norte Global, “mais frias e mais velhas”, “sofrem mais extremos de calor”, quer dizer, não existe abordagem única para reduzir riscos do aumento da exposição ao calor dos idosos, mas o reforço da infra-estrutura de cuidados de saúde, garantia de nutrição e hidratação suficientes, implementação de sistemas de alerta de calor precoce, fornecimento pelos serviços públicos de centros de resfriamento, expansão de espaços verdes e cobertura de árvores mitigando efeitos das ilhas de calor urbanas.
Estudo abordou a questão da adaptação cultural e indicadores de validade à ferramenta de Avaliação Cognitiva Indígena Brasileira, BRICA, em Manaus, à comunidade indígena multiétnica urbana do Brasil em que estimativas de prevalência de demência revelam carga significativa nas comunidades indígenas do Amazonas, no entanto, ferramentas cognitivas adaptadas culturalmente representam desafio crítico na avaliação do desempenho cognitivo nestas comunidades. O processo envolveu etapas e abordagem com partes interessadas e ferramenta BRICA adaptada culturalmente em comunidade indígena multiétnica urbana de Manaus, Brasil, sendo que o índice de validade de conteúdo, IVC, examinou a concordância entre avaliadores especialistas, enquanto a validade de critério e concorrente foram realizadas usando consenso diagnóstico em 141 participantes indígenas com idade maior que 50 anos. Resultados mostram evidências de validade de conteúdo em termos de aspectos de equivalência e relevância entre painéis de especialistas demonstrando sensibilidade de 94,4%, especificidade de 99,2%, valor preditivo positivo de 94,4% e valor preditivo negativo de 99,2% para diagnóstico de demência. A adaptação cultural da ferramenta BRICA à comunidade indígena multiétnica resultou em indicadores favoráveis de validade de conteúdo à ferramenta BRICA, ao abordar preconceito existente na avaliação cognitiva nas comunidades indígenas a ferramenta BRICA representa avanço e sua implementação potencial melhora detecção precoce e tratamento da demência entre grupos indígenas. A OMS lançou Plano de Ação Global sobre a Resposta de Saúde Pública à Demência, 2017–2025, com progressos na sensibilização global às doenças cujos avanços alinhados com áreas de ação como redução do estigma e disponibilidade de recursos à detecção precoce e controle dos fatores de risco, no entanto, grupos minoritários como indivíduos indígenas continuam sub-representados nos estudos sobre demência limitando compreensão do impacto da doença em grupos e nos desafios à igualdade da saúde. Poucos estudos sobre populações indígenas indicam taxa de demência consideravelmente variável, 0,5%–26,8 %, atribuído a limitações metodológicas e testes neuropsicológicos não concebidos para investigar aspectos culturais indígenas, levando a avaliação cognitiva tendenciosas e falta de ferramentas cognitivas culturalmente sensíveis mostra-se barreira significativa para superar disparidades de saúde no diagnóstico precoce e intervenção oportuna entre grupos minoritários. A Avaliação Cognitiva Indígena de Kimberley, KICA-Cog, desenvolvida por pesquisadores australianos foi a primeira ferramenta de avaliação cognitiva desenvolvida com a participação de organizações indígenas que compartilharam perspectivas e experiências, tornando a ferramenta culturalmente segura e válida para uso em Kimberley em que avalia orientação, reconhecimento e nomeação, registro, compreensão verbal, fluência verbal, recordação, nomeação visual, função frontal/executiva, recordação livre, recordação com pistas e práxis, sendo composta por 16 questões com pontuação máxima de 39 pontos e pontuação de corte de 33 para demência estabelecida à comunidades indígenas australianas remotas e urbanas.
Moral da Nota: três das maiores organizações de saúde do mundo se uniram para enfrentar impactos das alterações climáticas, subnutrição, doenças infecciosas e resistência antimicrobiana em parceria de US$ 300 milhões entre a Fundação Novo Nordisk, Wellcome e Fundação Bill & Melinda Gates visando encontrar soluções acessíveis às pessoas em países de baixo e médio rendimento. Um dos objetivos do projeto é estabelecer ligação entre áreas de investigação isoladas como obesidade em fator de risco à gravidade de doenças infecciosas ou ligação entre condições meteorológicas extremas, insegurança alimentar e doenças, sublinhando importância da iniciativa na sequência da diminuição da atenção global à saúde pós Covid apelando a parceiros privados, filantrópicos e públicos unirem-se a eles. Dados da OMS indicam “conquistas notáveis em saúde” em direção à metas em áreas incluindo populações mais saudáveis, cobertura universal de saúde e proteção contra emergências sanitárias, enumerando sucessos incluindo a primeira vacina mundial contra a malária, eliminação de pelo menos uma doença tropical negligenciada em 14 países e declínio do consumo de tabaco em 150 países, no entanto, o relatório alerta que o mundo está longe de atingir metas de saúde delineadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU “com ações concretas para acelerar o progresso e alcançar subconjunto substancial” Estudo, publicado no The Lancet, descobriu que as mulheres tinham carga maior de “condições causadas pela morbidade”, incluindo dor lombar, doença depressiva e distúrbios de dor de cabeça podendo viver mais que os homens, mas, passando mais anos com problemas de saúde embora a genética signifique risco 21% maior de morte prematura, um estilo de vida saudável compensaria em 60% acrescentando 5 anos à vida de uma pessoa. Por fim, IA e aprendizado de máquina, ML, revolucionam imagens cardíacas, diagnósticos e planejamento de tratamento, oferece detecção precoce, previsão de risco e estratégias de tratamento personalizadas, deve crescer 19,5% e, analisando conjuntos de dados, a colaboração entre prestadores de cuidados de saúde, empresas de tecnologia, instituições de investigação e agências reguladoras promovem a inovação e impulsionam crescimento do mercado em cardiologia de IA melhorando resultados dos pacientes. Conforme a Federação Mundial do Coração, em 2023, Doenças Cardiovasculares, DCV, levaram a óbito 20,5 milhões de pessoas no mundo, tornando-se contribuinte significativo à mortalidade global, números, que representam um terço das mortes registradas, indicando aumento em comparação com os 12,1 milhões de mortes por DCV documentadas em 1990, além disso, doença cardíaca isquêmica emergiu como principal causa de mortalidade prematura em 146 países aos homens e em 98 países a homens e mulheres.