Sistemas de comércio de carbono podem reduzir emissões globais em padrões claros e aplicáveis podendo fazer diferença, uma das questões mais controversas na COP28 sobre alterações climáticas em que proposta à mercado sancionado pela ONU ao comércio de créditos de carbono em mecanismo que permitiria nações e indústrias que registram progressos lentos na redução nas suas emissões de carbono, pagassem terceiros para tomarem medidas de redução tais como melhorar a eficiência energética ou proteger florestas. Os sistemas de comércio cresceram à mercado multibilionário, apesar da ausência de regulamentações internacionais claras definindo e monitorizando reduções de emissões, sendo que na Conferência de Dubai, algumas nações, incluindo os EUA, defenderam abordagem mais flexível às regulamentações visando implementar um sistema, ao passo que outros, incluindo a UE, defenderam regulamentação mais rigorosa à luz de projetos questionáveis ou contraproducentes no passado e, ao final, sem acordo, sobre o tema que será retomado em reunião posterior. O conceito é simples, ou, compensar emissões num local, evitando ou capturando quantidade igual de emissões em outro local, no entanto, sua implementação revelou-se complexa e repleta de problemas que muitos esperavam, por exemplo, projetos à preservar determinada seção de floresta que pode remover o CO2 do ar e retê-lo no solo, enfrentram problemas e, da mesma forma, projetos de captura de emissões de CO2 e injetá-las no solo são por vezes utilizados para justificar aumento da produção de petróleo ou gás natural negando mitigação climática do processo. Especialistas do MIT dizem que o sistema pode ser eficaz, pelo menos em determinadas circunstâncias, mas deve ser cuidadosamente avaliado e regulamentado.
O vice-diretor do Programa Conjunto do MIT sobre Ciência e Política de Mudança Global, co-liderou estudo e workshop em 2023 com decisores políticos, representantes da indústria e investigadores que se concentraram em determinado tipo de compensação de carbono, aquelas baseadas em soluções climáticas naturais como restauração ou preservação de sistemas naturais que não só sequestram carbono mas proporcionam outros benefícios como maior biodiversidade. Esclarece que “houve confusão, percepções erradas e desinformação, mesmo sobre como se define o termo crédito ou compensação de carbono”, ressaltando que tem havido críticas a ideia de compensações de carbono “e são bem colocadas, conversa, muito saudável para esclarecer o que faz sentido e o que não faz e quais são as ações reais versus o que é lavagem verde”, dizendo que programas de comércio de carbono exigidos e geridos pelo governo em alguns locais, incluindo Colúmbia Britânica e partes da Europa, têm sido eficazes porque têm normas claras em vigor enquanto sistemas de créditos de carbono não regulamentados têm sido frequentemente alvo de abusos. O professor de engenharia civil e ambiental do MIT ativamente envolvido em ambos os lados da questão nas últimas 2 décadas, cofundador de empresa em 2008 que foi a primeira dos EUA tentar remover CO2 das emissões em escala comercial através de processo chamado captura e sequestro de carbono, ou CCS, fala em projetos como grande beneficiário de subsídios federais destinados ao combate de alterações climáticas em grande parte um desperdício de dinheiro e na maioria dos casos não alcançam o objetivo declarado. De acordo com fontes da indústria, em 2021, mais de 90% dos projetos de CAC nos EUA foram utilizados à produção de mais combustíveis fósseis, petróleo e gás natural, em que os poços de gás muitas vezes produzem metano misturado ao CO2 que deve ser removido para produzir gás comercializável e, este CO2 é injetado em poços de petróleo para estimular mais produção, assim, o efeito líquido é a criação de mais emissões de gases efeito de estufa que recentemente recebeu subvenção da Fundação Rockefeller para explorar projetos de CCS. Daí, a startup CCS que Harvey co-fundou encontrou "preços das energias renováveis e armazenamento baratos” e “não faz sentido fazer isso, nunca, em usinas de energia porque as usinas de combustíveis fósseis nem sequer fazem mais sentido do ponto de vista econômico", no entanto, enxerga possibilidade na preservação ou restauração de turfeiras tropicais à quais recebeu bolsa para estudar em áreas de terras permanentemente alagadas nas quais a matéria vegetal morta e o carbono que contém, permanece no local porque a água impede processos normais de decomposição que, de outra forma, libertariam o carbono armazenado de volta à atmosfera. Embora virtualmente impossível quantificar o carbono armazenado no solo da floresta ou de terras agrícolas nas turfeiras, é fácil fazer, porque o material submerso é baseado em carbono e a simples medição das mudanças na elevação dessas terras pode ser feita por avião ou satélite dando medida precisa de quanto carbono foi armazenado ou liberado e, em área de floresta de turfa desmatada à construção de plantações ou estradas é reflorestada, a quantidade de emissões de carbono que foram evitadas pode ser medida com precisão.
Moral da Nota: proteger ou restaurar turfeiras pode obter compensações às emissões de carbono em outros lugares, já que a reumidificação de uma floresta de turfa previamente drenada neutraliza a libertação do carbono armazenado e o mantém lá desde que não seja novamente drenada, algo que pode ser verificado através de dados de satélite, embora esses sistemas baseados na natureza para combater emissões de carbono possam ser componente chave na abordagem às alterações climáticas, em indústrias difíceis de descarbonizar como aviação, os créditos de carbono para tais programas “não devem substituir esforços na redução de emissões. O professor de gestão na MIT Sloan School of Management, publicou critérios para avaliar planos de compensação de carbono e garantir benefícios, já que atualmente, “não há regulamentação, nem supervisão” às compensações de carbono com muitos escândalos sobre isso”, por exemplo, empresa que fornecia certificação à projetos de compensação de carbono tinha padrões tão frouxos que as compensações alegadas muitas vezes não eram reais, por exemplo, houve reivindicações para proteger o mesmo pedaço de floresta e proteger terras que já estavam legalmente protegidas. O conjunto de critérios proposto é conhecido pela sigla AVID+ que “representa princípios à cumprir para que a compensação seja legítima, ou, deve ser adicional, verificável, imediata e durável”, complementando que “chama AVID+” e, acrescenta, sendo o “plus” para planos que trazem benefícios adicionais como melhoria da saúde, criação de empregos ou ajuda a comunidades desfavorecidas. As compensações podem ser úteis, segundo ele, para abordar indústrias difíceis de reduzir como a produção de aço ou cimento ou aviação, sendo essencial cumprir todos os critérios, caso contrário as emissões reais não serão realmente compensadas, por exemplo, plantar árvores hoje, embora seja coisa boa, levaria décadas para compensar emissões que vão à atmosfera agora onde podem persistir séculos de modo que não cumpre o requisito “imediato”. Proteger florestas existentes, embora desejável, é difícil de provar como adicional, porque “requer cenário contrafactual que não poderá ser observado”, daí, em caso bem documentado, salienta ele, uma empresa tentou vender compensações de carbono à seção de floresta que já era uma reserva natural estabelecida. Conclui que vê razões para otimismo em relação a compensação de carbono baseados na natureza, por exemplo, diz que a indústria da aviação concorda implementar normas para compensar suas emissões conhecido como CORSIA, no esquema de compensação e redução de carbono à aviação internacional, quer dizer, “um ponto para otimismo” porque emitiram diretrizes duras sobre quais projetos são elegíveis e quais não são” acrescentando que “existe solução se quiser encontrar boa solução, é factível quando há vontade e necessidade.”