sexta-feira, 17 de maio de 2024

Chemicals forever, Pfas

Relatório da organização sem fins lucrativos de segurança química ChemSec concluiu que os custos da remediação de PFAS por si só ascendem a US$ 26 bilhões por ano, sem incluir aumento dos custos de saúde decorrente exposição ou danos ao ambiente sendo o acordo da 3M nos EUA apenas a ponta do iceberg. Na Austrália, a contaminação é pior nos campos de treino de bombeiros e bases das forças de defesa, devido uso a longo prazo de espumas de combate a incêndios contendo PFAS sendo que a descoberta dessa contaminação desencadeou onda de ações judiciais e, desde então, o Departamento de Defesa pagou mais de US$ 366 milhões em ações judiciais coletivas, assumindo a responsabilidade de gerenciar, remediar e monitorar a contaminação de PFAS dentro e ao redor das bases, em 2021, iniciou a remediação. Inquérito parlamentar de 2022 descreveu a remediação de PFAS como indústria emergente e experimental já que os produtos químicos infiltram-se no solo em águas subterrâneas e lá permanecem, sendo difícil tirá-los e, como resultado,  parte do trabalho de remediação em bases de defesa tem feito parte de investigação e desenvolvimento e não de limpeza permanente em larga escala, sendo que o departamento de defesa trouxe 3 grandes parceiros da indústria, incluindo Emerging Compounds Treatment Technologies que procuraram proteção de propriedade intelectual visando apoiar a vantagem tecnológica no mercado de remediação de PFAS. Em Inquérito parlamentar sobre a questão na Austrália, uma das empresas, a Venetia, avisou que há lacunas no conhecimento em áreas-chave como toxicologia da saúde humana, comportamento de PFAS no ambiente e remediação de PFAS no solo e na água, sendo que a contaminação de PFAS foi relatada em canteiro de obras do West Gate Tunnel em Melbourne com o solo no local centenas de vezes acima do limite estabelecido pela agência de proteção ambiental do estado, além das Minas da Austrália Ocidental, em Instalações de gestão de resíduos, em Plantas de recuperação de água do sudeste de Queensland, nos Aeroportos públicos e privados de Perth, em Aterros em funcionamento e fechados cuja extensão total da contaminação por PFAS no país está emergindo com pesquisa descobrindo que a Austrália é um dos vários pontos tóxicos à PFAS em relação ao resto do mundo. As atuais práticas de monitorização subestimam a quantidade de PFAS que permanece no ambiente, uma vez que rastreamos apenas alguns destes produtos químicos entre mais de 16 mil, daí, especialistas pedirem melhor compreensão de PFAS incorporados em produtos de consumo e industriais buscando avaliar carga ambiental e desenvolver medidas de mitigação, em que pesquisas emergentes encontram PFAS em produtos de consumo como cosméticos, embalagens, impermeabilizantes, tintas, pesticidas, artigos médicos, polidores e tintas, revestimentos metálicos, tubos e cabos, componentes mecânicos, eletrônicos, células solares, têxteis e tapetes. Os Pfas, “produtos químicos para sempre”, classe de produtos químicos tecnicamente conhecida como substâncias per e polifluoroalquil, utilizada para fabricar produtos antiaderentes ou impermeáveis que circulam no ambiente poluindo águas subterrâneas e rios, frequentemente cancerígenos e que não se degradam, levaram um dos maiores fabricantes, a 3M, aceitarem tribunal dos EUA oferta de US$ 1,3 bilhão para limpar cursos de água contaminados com PFAS, apenas a mais recente das ações judiciais envolvendo PFAS no país, sendo que a remoção e destruição de PFAS dos fluxos de águas residuais em Minnesota custaria US$ 21 bilhões em 20 anos.

A complexidade da contaminação sugere processo longo e caro para limpá-lo especialmente porque estamos fabricando e usando esses produtos químicos e, o enfrentar a questão envolve etapas a percorrer como Introduzir o princípio do “poluidor-pagador”, conceito que forçou a 3M pagar nos EUA, ao passo que a Austrália ainda não fez o mesmo,  por isso que o público  paga a conta e, com a introdução deste princípio jurídico, fabricantes terão de assumir responsabilidade tornando menos atraente às empresas fabricarem produtos poluentes transferindo a carga dos contribuintes às empresas, daí, o governo da Austrália considera iniciar ação legal semelhante contra a 3M. Outra etapa é definir padrões de contaminação de PFAS em linha com outros países da OCDE, ou melhor, os EUA implementaram os primeiros padrões nacionais de água potável legalmente aplicáveis ​​à 5 compostos PFAS e 2 misturas de PFAS, sendo que as atuais diretrizes de água potável aceitáveis ​​da Austrália por exemplo, permitem até 140 vezes mais PFAS que as novas e rigorosas normas dos EUA, normas, que estão atraindo investimentos em remediação. Desde sua criação na década de 1940, os chamados produtos químicos para sempre se entrelaçam na estrutura do mundo moderno e, recentemente, apareceu em manchetes sobre efeitos prejudiciais à saúde, devido pesquisas que mostram a natureza persistente no ambiente e os potenciais impactos na saúde, considerando que PFAS são produtos químicos produzidos pelo homem com aproximadamente 4.700 variantes tornando-os diferentes pelas ligações carbono-flúor, C-F, conhecidas entre cientistas como as mais poderosas da química. A estabilidade os torna ingrediente importante em muitos produtos, em várias formas, desempenham papel fundamental na criação de embalagens alimentares resistentes a óleo e gordura, utensílios de cozinha antiaderentes, têxteis resistentes a água além de manchas e espumas de combate a incêndios, versatilidade que os impulsionou em nossas vidas em concentrações preocupantes na água potável, solo, ar e no gelo do Ártico.  Ao contrário de muitas substâncias metabolizadas e eliminadas ao longo do tempo, os PFAS acumulam-se nos tecidos e fluidos corporais sem se decomporem, acumulação que cria um ciclo perpétuo e autossustentável, ou, a contaminação por PFAS permeando rios, solo e cadeia alimentar chegando aos tecidos humanos e animais onde se acumulam ao longo do tempo com riscos de câncer, danos no fígado, função imunitária comprometida, perturbações do desenvolvimento e  hormonais.

Moral da Nota: organizações como a Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes pretendem impor regulamentações mais rigorosas sobre o uso de PFAS na União Europeia, Reino Unido e Irlanda, por conta da contaminação por PFAS infiltrar-se nos produtos de consumo diário e processos industriais, em 2019, a triagem da Agência Ambiental do Reino Unido identificou PFAS em amostras de águas superficiais em 96% dos locais pesquisados. Relatório do Grupo de Cientistas Chefes identificou aeródromos militares e civis, aterros sanitários e instalações de tratamento de águas residuais como prováveis ​​fontes de contaminação por PFAS, sendo que a presença de concentrações elevadas de PFAS significa que nenhum dos rios de Inglaterra cumprem critérios de “bom estado químico” estabelecidos pela Diretiva-Quadro da Água deixando questão premente na Europa e Reino Unido sobre a ausência de regulamentos padronizados relativos a estes produtos químicos para sempre enquanto apenas 2 das variantes mais prevalentes do PFAS, PFOA e PFOS, são monitorizadas no país. Relatório de 2021 da Agência Ambiental sublinhou lacunas na monitorização dos PFAS nas águas britânicas, incluindo falta de informações toxicológicas sobre como os PFAS são libertados ao longo do ciclo de vida dos produtos de consumo e da água potável, por exemplo, práticas de reciclagem e eliminação de resíduos tornando difícil avaliar riscos que os produtos químicos podem representar para sempre. Vale reconhecer que certos PFAS desempenham papel crucial nas formulações de medicamentos e uso médico, no entanto, a falta de investigação, testes e sensibilização do público em torno destes compostos permitiu que o problema persistisse demasiado tempo devido às propriedades úteis dos produtos químicos eternos, daí, complexidades associadas ao PFAS significam abordagem holística envolvendo investigação para descobrir novos compostos químicos que não prejudiquem o ambiente e a saúde humana através de regulamentações rigorosas, pesquisas e esforço global de controlar dos PFAS.