terça-feira, 5 de março de 2024

Descarbonização

Emissões do setor industrial poderiam reduzir no mundo em até 85%, conforme investigação, o setor, que inclui ferro e aço, produtos químicos, cimento, alimentos e bebidas, emite um quarto das emissões de gases efeito de estufa, GEE, que aquecem o planeta e resultam em alterações climáticas e condições meteorológicas extremas. O estudo, liderado pela Universidade de Leeds e parte da contribuição ao Centro de Investigação Energética do Reino Unido, UKERC, em colaboração com investigadores da Universidade de Bath e do Imperial College London, avaliou potencial técnico de poupança de emissões e energia das mais importantes tecnologias de redução de emissões, analisando investigações publicadas e outras fontes de dados para encontrar opções de redução aplicável nos setores e seu nível de preparação tecnológica e, o valor de 85% se insere no potencial de redução de emissões à tecnologias mais promissoras em cada setor analisado em ferro e aço, produtos químicos, cimento e cal, comida e bebida, polpa e papel, vidro, alumínio, refino e cerâmica. A investigação publicada na revista Joule concluiu que a descarbonização do setor é tecnicamente possível com combinação de tecnologias de "alta e baixa maturidade", experimentado e testado, com tecnologias futuras à serem usadas na indústria e, ao analisar meios de conseguir captura e armazenamento de carbono, ou, mudança de combustível à hidrogênio ou biomassa, poupando, em média, 85% das emissões na maioria dos setores  sugere que tecnologias elétricas de baixa maturidade, como crackers elétricos a vapor, equipamentos essenciais à produção de produtos petroquímicos, teoricamente descarbonizam entre 40% e 100% das emissões diretas do setor, além de novas tecnologias de eletrificação que reduzem emissões provenientes de processos com utilização intensiva de energia, como aço, cimento e cerâmica, em alguns casos, não pensava antes ser possível. Descreve a descarbonização do setor como "tecnicamente possível" porque, embora investigadores revisem tecnologias aplicáveis, não tiveram em conta outras barreiras, como relacionadas a questões sociais, econômicas ou de infra-estruturas, ao passo que a adoção de tecnologias de descarbonização industrial é afetada por elevados custos de capital e operacionais, mesmo que desafios técnicos possam ser resolvidos, enquanto tecnologias de eletrificação normalmente têm custos operacionais 2 a 3 vezes mais elevados comparadas as tecnologias em combustíveis fósseis devido custo mais elevado. O autor do estudo, Ahmed Gailani, pesquisador em descarbonização industrial na Escola de Engenharia Química e de Processos de Leeds, esclarece que  "a descarbonização é  prioridade à governos, empresas e sociedade pois desempenha papel vital na limitação do aquecimento global, concluindo que “as descobertas representam passo em frente na ajuda à concepção de estratégias de descarbonização industrial, perspectiva encorajadora quando se trata da saúde futura do planeta”. O Diretor do UKERC disse que "a descarbonização industrial é prioridade de pesquisa ao UKERC, pois soluções adequadas requerem abordagem de sistemas completos, sendo que muitas das opções de redução industrial mais promissoras dependem do acesso a infraestruturas de apoio, hidrogênio e gasodutos de CO2, ou, conexões elétricas melhoradas", considerando que o Reino Unido ao comprometer-se reduzir emissões de GEE para zero até 2050, retirará da atmosfera a mesma quantidade de gases nocivos que introduzir.

A Votorantim Cimentos, empresa de materiais de construção e soluções sustentáveis, reconhecida por transparência corporativa e desempenho em mudanças climáticas pelo CDP,  organização internacional sem fins lucrativos que administra sistema de divulgação global para empresas, cidades, estados e regiões para gerenciar impactos ambientais e, com base nos dados reportados por meio do Questionário CDP Mudanças Climáticas 2023, concedeu nota A a Votorantim Cimentos, colocando a empresa em  número restrito de organizações no topo da lista exemplificando melhores práticas do mercado. O CDP detém a maior base de dados ambiental do mundo e suas pontuações são utilizadas para informar decisões de investimento em apoio à economia zero emissões de carbono, sustentável e resiliente e, em 2023, mais de 740 instituições financeiras que detinham mais de US$ 136 bilhões em ativos apelaram para divulgar seus impactos, riscos e oportunidades ambientais através da plataforma CDP, recorde de 23 mil empresas respondendo ao questionário em 2023 sendo que o CDP utiliza metodologia detalhada e independente para pontuar empresas de A a D com base no nível de abrangência na divulgação, conscientização e gestão de riscos ambientais e incorporação de melhores práticas, como estabelecimento de metas ambiciosas e significativas, enquanto empresas que não divulgam os impactos ou fornecem informações insuficientes recebem nota F. A estratégia de descarbonização da Votorantim Cimentos se baseia em como coprocessamento, substituição de combustíveis fósseis utilizados na produção de cimento por outros materiais, biomassa e resíduos, utilização de materiais cimentícios, incluindo subprodutos de outras indústrias em substituição do clínquer principal fonte de emissões de CO2 no processo de produção de cimento, eficiência energética e utilização de fontes renováveis, alavancando hidrelétricas próprias e investimentos em  solar e eólica e em desenvolvimento de tecnologias, utilização de processos inovadores, novos materiais, captura, utilização e armazenamento de carbono, desmaterialização da cadeia de valor, parcerias com empresas e organizações acadêmicas para otimizar recursos e reduzir a intensidade carbônica. A Votorantim Cimentos anunciou em 2022 meta para 2030 de descarbonização, aprovada pela iniciativa Science Based Target, SBTi, de 475 kg de CO2 por tonelada de cimento, sendo que a nova meta é 8,7% inferior a anunciada no âmbito dos Compromissos de Sustentabilidade para 2030, 520 kg de CO2 por tonelada de cimento, com a empresa ambicionando  produzir concreto neutro em carbono até 2050. A nível mundial, a fabricação de cimento une areia e rocha para formar betão emitindo 8% da poluição de CO2 na atmosfera, contribuindo às alterações climáticas que causam incêndios florestais, furacões e ondas de calor, sendo que a fabricação de cimento e concreto emite tanto CO2 quanto a Índia em que calcário e outros ingredientes são adicionados ao forno, no processo atual, combustíveis fósseis são queimados para aquecer, emitindo CO2 sendo que o calor decompõe o calcário liberando o carbono da rocha, emitindo mais CO2, tornando o cimento fonte de emissões de gases efeito de estufa que aceleram alterações climáticas prevendo-se que sua utilização continue aumentar até 2050, impulsionada pelo crescimento da população mundial, urbanização, riqueza e necessidade de infraestrutura. A Califórnia por exemplo, produz mais cimento que qualquer outro estado americano, exceto o Texas e, em 2022, fábricas de cimento emitiram mais de 9 milhões de toneladas métricas de CO2 equivalente à emissões de 2 milhões de carros e SUVs ou 22 centrais elétricas a gás, sendo que fornos de cimento aquecidos eletricamente e alternativas de calcário reduzem a poluição climática, por exemplo, empresa sediada em Oakland comercializa cimento oriundo de rocha de silicato de cálcio isenta de carbono que não emite CO2 e, quando processado em forno e ao combinar calor limpo com minerais ou equipamentos isentos de carbono para capturar emissões de carbono da decomposição do calcário, a produção de cimento deverá se tornar neutra em carbono até 2045.

Moral da Nota: relatório do Centro de Investigação sobre Energia e Ar Limpo, CREA, avisa que o setor de energia registrou mais de metade dos ganhos em 2023, à medida que emissões de CO2 dos combustíveis fósseis da UE caíram à níveis vistos pela última vez no início da década de 1960 e  que eletricidade limpa responde por 56% do declínio num único ano e o setor energético reduziu suas emissões em 25% entre 2022 e 2023 e a UE reduziu  emissões de carvão à metade desde 2015 e as relacionadas ao gás em 11% num único ano. O analista do CREA em comunicado, esclarece que  “no entanto, neste período, a economia triplicou, mostrando que alterações climáticas podem ser combatidas sem renunciar crescimento económico”, descobriu que, a queda de 8% nas emissões entre 2022 e 2023, a segunda mais rápida desde que a procura de energia atingiu o nível mais baixo nos confinamentos devido à pandemia em 2020, a mudança no setor da energia foi impulsionada pelo crescimento contínuo da implantação da energia solar e eólica, bem como recuperação da capacidade hidrelétrica e nuclear, o consumo de carvão na UE caiu abaixo dos níveis anteriores à pandemia, mesmo quando o continente lutava para acabar com a a dependência ao gás russo pós invasão da Ucrânia enquanto emissões de carvão caíram 25% entre 2022 e 2023 e emissões de petróleo apenas 2% e, por fim, reduções em outros setores, indústria e transportes, responderam por 36% do declínio das emissões, enquanto queda na procura de electricidade contribuiu com 8% e condições climáticas favoráveis representaram 19% do total. O Conselho Consultivo Científico Europeu sobre Alterações Climáticas alertou que os 27 membros da UE terão de duplicar o ritmo das reduções de emissões para atingir a meta climática para 2030 e segundo seu presidente, Prof. Ottmar Edenhofer, economista alemão que dirige o Instituto Mercator de Investigação sobre Bens Comuns Globais e Alterações Climáticas,  “a UE fez progressos nos últimos anos para fortalecer o quadro de política climática”, no entanto, “alcançar neutralidade climática até 2050 é corrida contra o relógio.” Vale dizer que a Lei de Redução da Inflação, IRA, de 2022 nos EUA levou a aumento nos investimentos em energia limpa, com custos aumentando em US$ 428 bilhões prevendo mais de US$ 720 milhões em financiamento à iniciativas de energia limpa no país, permitindo que nações tribais beneficiem de créditos e deduções fiscais, ao passo que o IRA continua remodelar a indústria energética americana, promovendo alternativas não fósseis e estimulando investimento privado em energia limpa. Viu custos aumentarem de US$ 428 bilhões devido elevada procura de incentivos à energia limpa, inicialmente prevista para gastar US$ 369 bilhões ao longo de uma década, deverá exceder esse montante à medida que créditos fiscais ilimitados levam empresas e investidores a projetos de longo prazo no setor da energia limpa, sendo um exemplo a Freyr, empresa norueguesa, que mudou o foco à criação de fábrica na Geórgia em vez de concluir suas instalações na Noruega seguindo promessa do IRA de US$ 369 bilhões em incentivos fiscais e subsídios à tecnologia de energia limpa,  mudança, que reflete concorrência global por empresas e tecnologias que moldam o futuro da energia à medida que países oferecem subsídios para atrair indústrias verdes como veículos elétricos, armazenamento, energia solar e hidrogênio. A lei inclui programas que permitem que nações tribais se beneficiem de créditos fiscais e deduções fiscais através de processo online implementado pelo IRS, sendo que as comunidades tribais podem contrair empréstimos para financiar projetos energéticos e utilizar créditos e deduções fiscais para compensar custos enquanto Conselheiros e CPAs da REDW estão disponíveis para ajudar Nações Tribais navegar e maximizar  benefícios desses programas. O impacto do IRA na redução das emissões de gases efeito de estufa é indireto, uma vez que as empresas podem manter atividades principais poluentes, ao mesmo tempo que acrescentam linhas de negócios com baixo teor de carbono e, apesar das preocupações, o aumento dos custos mostra que o IRA promove utilização de energia limpa, no entanto, a sensibilização do público ao IRA continua baixa podendo prejudicar seu potencial como conquista.