segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Capacidade renovável

A Agência Internacional de Energia avisa que a meta da COP28 de triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030, caminha de forma robusta caso governos ajam para aparar lacuna entre as atuais boas intenções e as políticas de investimentos necessários para realizar o trabalho, em trilha que países adicionam 50% mais capacidade de energia renovável em 2023 que em 2022, ao passo que energia solar fotovoltaica, PV, responsável por três quartos dos 510 gigawatts instalados no mundo teve aumento impulsionado por instalações recordes de renováveis na China, seguida pela Europa, EUA e  Brasil, com a China aumentando adições de eólica em dois terços e encomendando tanta energia solar nova em 2023 como o mundo inteiro o fez em 2022. Energias renováveis atingirão recorde de 7.300 gigawatts nos próximos 5 anos, 95% provenientes de solar e eólica, com China fornecendo 60% do total, enquanto a AIE afirma que a atividade só será suficiente para proporcionar aumento de 2,5 vezes na capacidade global e não a triplicação acordada pelos países nas negociações da COP28, pedra angular do esforço de manter vivo limite médio de aquecimento global de 1,5°C inserida em financiamento insuficiente ao desenvolvimento de energias limpas nos países em desenvolvimento como enorme obstáculo. O relatório da AIE prevê que a geração solar e eólica ultrapassará hidrelétrica em 2024, que as renováveis ultrapassarão o carvão em 2025 para se tornar a maior fonte mundial de geração de energia e eólica e solar ultrapassarão a nuclear em 2025 e 2026 enquanto renováveis responderão por 42% da geração global de eletricidade em 2028, no entanto, nenhuma das atividades será suficiente para que as renováveis atinjam 11 mil gigawatts de capacidade instalada, equivalente triplicar desde 2022 e, como acontece com a maioria das análises da AIE, o relatório apresenta um caso base à expansão das  renováveis e “ritmo acelerado” mostrando 21% mais capacidade, apenas suficiente para aumentar o total de 7.300 à 8.833 GW, aquém da meta da COP28. O relatório lista obstáculos para atingir a meta como Incertezas sobre o apoio às políticas governamentais, gargalos na rede provocados por investimento insuficiente em infra-estrutura, atrasos administrativos e de licenciamento, “aceitação social” de projetos locais e financiamento insuficiente nos países em desenvolvimento e, por fim, o relatório prevê que veículos eléctricos e biocombustíveis se desenvolvam em “poderosa combinação complementar para reduzir procura de petróleo”, com a procura de biocombustíveis crescendo 70% nos próximos 5 anos ao passo que o crescimento adicional é dificultado por questões na cadeia de suprimentos  e falta de apoio político.

O Canadá busca economizar através de plano do governo para rastrear plásticos que colocaria dinheiro no bolso dos consumidores e manteria os resíduos plásticos fora dos aterros, ao buscar informações sobre novo registro nacional de plásticos com especialistas dizendo que criaria sistema lucrativo que incentivasse empresas recuperar resíduos plásticos e reembolsar o cidadão e varejistas pela entrega de restos. O cientista e pesquisador da Faculdade de Mudanças Ambientais e Urbanas da Universidade de York, avalia que “o lixo plástico é mercadoria como qualquer outra” e, “no momento, não estamos fazendo bom trabalho de reciclagem dos plásticos” e o registro rastrearia itens plásticos produzidos no Canadá, tudo, de recipientes de alimentos e bebidas a eletrodomésticos, roupas, pneus e equipamentos de pesca, enquanto documentos governamentais dizem que requisitos de comunicação provavelmente se aplicariam aos produtores de plástico e não aos consumidores. Comunicado de imprensa do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá informa que “o governo utilizaria esta informação para medir o progresso em direção ao desperdício zero de plástico e informar ações para acelerar a transição à economia circular” dizendo que caberia aos produtores de itens plásticos responsabilidade de informar quantos itens entram no mercado e o que acontece no final, quando os canadenses jogaram fora 4,4 milhões de toneladas de resíduos plásticos em 2019 reciclando 9%.  O governo afirma que ajudaria empresas "tomar decisões de investimento que melhorariam concepção, fabrico, recolha e gestão de plásticos" enquanto estudo econômico avalia que o plástico que acabou como lixo ou em aterros representou oportunidade perdida de  US$ 7,8 bilhões em 2016 ao Canadá embora o objetivo central do registro seja reduzir poluição e danos causados pelos resíduos plásticos. Na Colúmbia Britânica, regulamentos provinciais de gestão de resíduos rigorosos responsabilizam fabricantes, distribuidores e retalhistas pelo que acontece aos produtos que vendem, enquanto solução que a indústria desenvolveu para controlar resíduos é uma rede de mais de 160 depósitos Return-It espalhados que pagam depósitos em troca de garrafas de vidro e plástico, caixas de bebidas com canudos, bolsas de bebidas e sacos de vinho vazios. Os colombianos britânicos não receberão mais talheres e sacolas plásticas descartáveis ao passo que o sistema rastreia resíduos plásticos há 30 anos e recuperou mais de 25 bilhões de recipientes de bebidas, com o presidente e CEO da Return-It dizendo que “administra um registro de plásticos” com  “a maior parte dos dados que o registro  procura” e, para cumprir as regulamentações do governo federal, os fabricantes de outras partes do país podem adotar modelo semelhante de incentivo de retorno. Em comunicado à imprensa, o Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá disse que o registro “complementaria requisitos de relatórios existentes como dos programas provinciais e territoriais” esperando-se que seja implementado a partir de 2025, antes de entrar em vigor em 2028 enquanto o governo federal apoiaria a meta de atingir zero desperdício plástico até 2030.

Moral da Nota: estudo avisa que somente em 2018 produtos químicos plásticos são associados a US$ 249 bilhões em custos de saúde nos EUA, contribuindo no desenvolvimento de doenças crônicas e morte, sendo que um grupo de produtos químicos plásticos que perturbam hormonios custam bilhões ao sistema de saúde americano mais de US$ 249 bilhões só em 2018. A pesquisadora de ecotoxicologia e ciências ambientais da Universidade de Gotemburgo, Suécia, avisa que embora estimativas dos custos dos plásticos à saúde tenham sido feitas no passado, o estudo fornece "melhor compreensão das possíveis rotas de exposição, dos possíveis alvos à soluções”, na esperança que inicie discussão social sobre utilização de plásticos e riscos à saúde relacionados, segundo a diretora-gerente e diretora científica do Food Packaging Forum, fundação sem fins lucrativos de Zurique focada na comunicação e investigação científica. A pesquisa analisou o impacto de 4 grupos de produtos químicos utilizados na produção de produtos plásticos, retardadores de chama chamados éteres difenílicos polibromados, ou PBDE, ftalatos, usados para tornar o plástico mais durável, bisfenóis como BPA e BPS usados para criar plásticos duros e resinas e substâncias per e polifluoroalquil, conhecidas como PFAS, apenas fração dos produtos químicos usados para fazer plásticos. Relatório da ONU revelou que mais de 13 mil produtos químicos são utilizados na produção de plásticos enquanto o FDA propõe proibição de ingrediente potencialmente prejudiciais encontrado em  refrigerantes sendo que “existem mais de 16 mil produtos químicos usados para fazer plásticos ou presentes em produtos plásticos acabados e “se houvesse dados disponíveis sobre todos esses 16 mil produtos químicos plásticos, os custos reais de saúde associados seriam mais elevados”, sendo que desses 16 mil produtos químicos mais de 3 mil são conhecidos por terem propriedades perigosas e 10 mil carecem de dados.