Estudo publicado no JAMA Internal Medicine Trusted Source revela que o aumento do risco de demência e outras patologias, se associa a incêndios florestais e pesticidas por conta da fumaça exalada e pulverização agrícola, aumentando o risco ao longo da vida mais que a poluição do ar de outras fontes. Pequenas partículas que circulam na poluição do ar podem entrar no corpo e afetar o cérebro através da inflamação ou transposição direta da barreira cérebro-sangue ou mesmo níveis não extremos de poluição do ar podendo ser suficientes para aumentar o risco de demência.
A Universidade de Michigan descobriu através da pesquisa que, de todos os tipos de poluição, incêndios florestais e poluição do ar causada pela pulverização agrícola são mais prejudiciais em se tratando da saúde do cérebro, descobrindo que partículas carregadas por essas 2 fontes, que inspiramos, se associam ao início da demência. O estudo aparece na sequência de julho de 2023 designado como mês mais quente já registrado e, como incêndios florestais fora de controle causam estragos na América do Norte e no mundo, sendo que o Canadá enfrenta 236 incêndios nos Territórios Noroeste, já que o governo ordenou residentes de Yellowknife evacuarem a cidade, além do fato da fumaça desses incêndios percorrer grandes distâncias reduzindo qualidade do ar em locais distantes dos incêndios reais e, ao mesmo tempo, em outras áreas, a agricultura lança partículas nocivas no ar onde se dispersam. A qualidade do ar é medida pela quantidade de PM 2,5, abreviação de “matéria particulada de 2 mícrons e meio ou menor”, no ar, sendo que PM 2,5 é pequeno o suficiente para atravessar barreira do cérebro ou hematoencefálica, que, de outra forma, protege o cérebro. O estudo estima que 188 mil novos casos de demência/ano nos EUA podem ser atribuídos à exposição ao PM 2,5 e, a análise utilizou dados de 01/01/1998 a 31/12/2016, do Health and Retirement Study em que pesquisadores acompanharam por 10 anos a saúde cognitiva de 27.857 indivíduos com mais de 50 anos, que não sofriam demência no início do estudo, com estimativas da quantidade PM 2,5 presente nos endereços residenciais dos participantes correlacionadas com novos casos de demência para chegar às conclusões do estudo. O Dr. Boya Yang, pesquisador de epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan, esclarece que PM 2.5, invisível a olho nu, abrange ampla gama de produtos químicos, dependendo da fonte e, como principal autor do estudo, diz que “PM 2,5 penetra no organismo devido seu tamanho minúsculo, entrando nos pulmões causando inflamação e, em seguida, os fatores de inflamação liberados são transferidos à circulação sanguínea”, de potencial neurotóxico, contribui à inflamação cerebral, implicada na demência e, conclui que, “o PM 2,5 afeta vasos sanguíneos que fornecem oxigênio ao cérebro e, além disso, alguns PM 2,5 realmente minúsculos podem danificar o cérebro, entrando diretamente pelo nariz.”
Moral da Nota: o Dr. Kelly Bishop, professor assistente do Departamento de Economia e Centro de Economia Ambiental e Política de Sustentabilidade do Arizona State University, que não participou do estudo, avisa que “estudos anteriores descobriram que o PM 2,5 estatisticamente está associado ao risco alto de DA, doença de Alzheimer, e demências relacionadas”, observando um estudo recente, de sua autoria, descobriu que “a relação entre PM 2,5 e doença de Alzheimer e demências relacionadas é causal, com base na variação quase aleatória nas exposições a PM 2,5 entre mais de 2 milhões de idosos representativos nacionalmente em mais de uma década.” Incêndio florestal envolve árvores, casas, carros, fábricas, lojas e etc, convertido por transformações químicas relacionadas ao calor em PM 2,5 potencialmente tóxico, novamente o Dr Yang esclarece que, “as transformações químicas que ocorrem nos incêndios florestais variam dependendo do que foi queimado nos eventos e quanto tempo a fumaça permanece no ar à medida que se espalha” e, conclui que, “os incêndios florestais liberam componentes altamente tóxicos porque tendem incinerar não apenas materiais naturais mas sintéticos de modo descontrolado”. A principal fonte de PM 2.5 agrícola são os pesticidas pulverizados nas plantações e no ar, não sendo incomum que tais tratamentos envolvam neurotoxinas que aumentam sua eficácia e, esclarece que, “a aplicação comum de pesticidas neurotóxicos ou ervas na agricultura explicaria de forma plausível associações observadas entre PM 2.5 da agricultura e demência em nosso estudo” apontando que esses produtos químicos pegam carona no PM 2,5 existente com “as neurotoxinas em pesticidas ou herbicidas usados na agricultura revestindo partículas no ar que podem entrar no corpo por inalação ou outras vias. Os pesquisadores observam que níveis médios de PM 2,5 associados ao início da demência foram mais baixos que o padrão nacional de qualidade do ar ambiente, implicando que a cognição pode ser afetada mesmo em níveis de poluição do ar considerados benignos pelos padrões atuais.