Estudo transversal financiado pelo ICES, pelo Ministério da Saúde de Ontário e Institutos Canadenses de Pesquisa em Saúde, são analisados dados de saúde pública de 2013 a 2021, mostrando que mortes relacionadas a opioides entre jovens de 15 a 24 anos na província de Ontário, Canadá, aumentaram 370%, no entanto, a taxa de uso de OAT, tratamento com agonistas opioides, entre jovens, diminuiu 56%. sendo que as descobertas foram publicadas em 6 de julho de 2023 no JAMA Network Open. Os investigadores usaram dados da Ontario Drug Policy Research Network, Public Health Ontario e Statistics Canada para analisar as taxas de OAT e mortes relacionadas a opioides entre indivíduos de 15 a 44 anos, sendo estratificada em 2 grupos, ou, jovens, 15 a 24 anos e adultos, 25 a 44 anos, as taxas de OAT, incluindo metadona, buprenorfina e morfina oral de liberação lenta e mortes relacionadas a opioides foram calculadas para ambos os grupos. O principal autor Tea Rosic, MD, PhD, psiquiatra infantil e adolescente do Children's Hospital of Eastern Ontario em Ottawa, Canadá, diz “não saber o que está causando isso, mas sinaliza que precisa mais estudos nessa população de adolescentes e jovens para entender por que estamos vendo aumento das mortes, enquanto tratamento está diminuindo” e, esclarece que, “pode haver diferentes explicações para isso, mas só podemos supor neste ponto até que mais pesquisas sejam feitas”.
A crise de opioides não está diminuindo, apesar de esforços das autoridades de saúde pública e sociedade em geral, os jovens entre 15 e 24 anos são pouco estudados, passando por grande sofrimento, mas não recebendo a atenção científica que pode ser justificada, acrescentou a pesquisadora. A faixa etária é importante porque os jovens ainda estão se desenvolvendo neurobiológica, social, educacional e emocionalmente, segundo a psiquiatra, "é momento da vida que podemos intervir para mudar trajetórias, não necessariamente o caso dos adultos, mas precisamos de recursos, de pesquisas específicas para essa população porque pode ser difícil tirar conclusões ou aplicar coisas da literatura adulta que podem ou não servir à crianças". De 2013 a 2021, 1.021 jovens morreram de intoxicação por opioides, a maioria, 710, 69,5%, do sexo masculino e, no último ano do período do estudo, 225 jovens, 146 do sexo masculino, 64,9%, morreram por intoxicação de opioides e 2.717, 1.494 do sexo masculino, 55,0%, receberam OAT. No período do estudo a taxa de mortes relacionadas a opioides entre jovens aumentou 369,2%, de 2,6 por 100 mil habitantes para 12,2 por 100 mil habitantes, no total, houve 48 mortes relacionadas a opioides em 2013 e 225 mortes em 2021, apesar do aumento de mortes nessa população, o uso de OAT diminuiu 55,9%, de 3,4 por mil habitantes para 1,5 por mil habitantes, 6.236 para 2717 indivíduos. Tendência semelhante para mortes relacionadas a opioides foi observada em adultos de 25 a 44 anos, no período do estudo, mortes na população aumentaram 371,8%, passando de 7,8 por 100 mil para 36,8 por 100 mil sendo que os totais aumentaram de 283 mortes em 2013 para 1.502 mortes em 2021, ao contrário dos jovens, aumentou a taxa de OAT 27,8%, de 7,9 por mil habitantes para 10,1 por mil habitantes, 28.667 para 41.200 pacientes. Comentando o estudo, Naomi Steenhof, PhD, professora assistente de farmácia na Universidade de Toronto, disse que mais pesquisas são necessárias neste grupo de indivíduos e "este estudo levanta questões e revela muito que não sabemos" concluindo que "a maior preocupação é o aumento de mortes relacionadas a opioides nessa faixa etária mais jovem. É assustador". Observou que a redução na terapia com OAT entre jovens significa que essa faixa etária tem menos probabilidade de ser diagnosticada com transtorno por uso de opioides e, como resultado, tem menos probabilidade de receber tratamento.
Moral da Nota: os dados sugerem que a crise dos opioides na América do Norte se refletiu na mortalidade entre jovens, apesar da recomendação para seu uso, os jovens encontram barreiras para acessar o OAT, incluindo estigma, ônus da dosagem testemunhada e falta de disponibilidade de serviços orientados para jovens e prescritores confortáveis em tratar essa população. As descobertas do estudo sugerem que mortes relacionadas aos opioides estão aumentando entre jovens, enquanto o uso de OAT diminuindo e as razões requerem investigação, incluindo consideração das tendências de mudança no uso de opióides e no transtorno de opióides entre jovens, barreiras ao OAT e oportunidades para otimizar atendimento e reduzir danos aos jovens que usam substâncias. O uso dos dados neste projeto foi autorizado pela seção 45 da Lei de Proteção de Informações de Saúde Pessoal de Ontário, PHIPA, e não exigiu revisão por conselho de ética em pesquisa e o estudo seguiu diretrizes de relatórios para estudos de acordo com diretrizes de relatórios de Fortalecimento do Relatório de Estudos Observacionais em Epidemiologia, STROBE. Particularmente à adolescentes, existe hesitação contínua entre médicos iniciar OAT e jovens experimentam estigma relacionado ao uso de OAT, por exemplo, menos de 25% dos jovens americanos diagnosticados recebem OAT e menos de 2 % dos menores de 18 anos. Os jovens podem estar mais relutantes em procurar ou se envolver em atendimento devido dificuldades de navegação no sistema, medo de quebras de confidencialidade e preferência pelo auto gerenciamento dos sintomas, sendo que estratégias demonstraram melhorar o envolvimento dos jovens em cuidados, incluindo participação no desenvolvimento do programa, envolvimento dos pais, uso de tecnologia e envolvimento das escolas na triagem e intervenção.