domingo, 2 de julho de 2023

Revelações

Pesquisadores descobriram que a DuPont e a 3M esperaram 20 anos antes de revelar os perigos do PFAS. Estudo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Francisco, revisado por pares, realizou análise detalhada de centenas de páginas de documentos antes secretos da DuPont e 3M, que delineavam esforços das empresas em ocultar riscos associados ao grupo de produtos químicos sintéticos conhecidos pela sigla PFAS, pee-fass, que significa substâncias per e polifluoroalquil. Produtos químicos PFAS são tão potentes e resistentes à decomposição que são chamados de “produtos químicos eternos” e, desde sua criação na década de 1940,  se tornaram tão difundidos que se acredita estejam na corrente sanguínea de praticamente todos no planeta. A exposição a produtos químicos permanentes, segundo pesquisadores, pode aumentar risco de câncer e outros problemas de saúde, na crença que substâncias usadas na fabricação de panelas antiaderentes, espuma de combate a incêndios e produtos resistentes à água estejam presentes na maioria das hidrovias do mundo. Os arquivos relativos ao PFAS da DuPont e 3M, maiores fabricantes de produtos químicos eternos, contêm memorandos internos, correspondência externa, resultados de estudos ocultos ao longo de meio século que vieram a público.

O advogado ambiental Robert Bilott garantiu os documentos via ordem judicial e compartilhou as descobertas com a EPA, Agência de Proteção Ambiental dos EUA, em carta de 19 páginas que descreve as substâncias como ameaça à saúde pública. No início de 2023, mais de 2 décadas após o alerta de Billot, autoridades federais começaram a dar os primeiros passos para proibir as substâncias, sendo que funcionários da 3M, disseram em 2022 que parariam de produzir os produtos químicos até 2025, anunciaram que chegaram a acordo de US$ 10,3 bilhões em ações judiciais que exigiam que fosse remediada a contaminação de PFAS em sistemas públicos de água. O acordo da 3M ocorreu semanas após funcionários da DuPont concordarem pagar US$ 1,1 bilhão para resolver ações judiciais por causa da contaminação da água. Pesquisadores que examinaram os documentos confidenciais das 2 empresas disseram que esses acordos, embora passo na direção certa, devem ser considerados parte da reparação dos danos causados pelo fabricante de produtos químicos. Os pesquisadores disseram que estudar os documentos das corporações amplia compreensão de como as fontes da indústria manipulam e retêm dados científicos visando ganhos financeiros, ressaltando importância da transparência na elaboração de regulamentos. Nadia Gaber, pós-doutoranda em ciências reprodutivas e principal autora do estudo, disse que os documentos examinados foram obtidos através de litígios e doados à Universidade da Califórnia, sendo que a universidade os disponibilizou ao público e a pesquisa de Gaber e colegas publicada na revista Annals of Global Health.

Moral da Nota: a fábrica da 3M em Cordova, Illinois, foi a pior emissora dos EUA em 2021 de um produto químico 'imortal' que mata o clima, liberando 73 toneladas de perfluorometano, CF4, na atmosfera, mais que qualquer outra instalação industrial no condado, sendo que o  CF4 é 7.380 vezes mais potente que o CO2 como gás efeito estufa e permanece na atmosfera por 50 mil anos  Documentos estudados pelos pesquisadores incluem memorando confidencial de março de 1981, no qual funcionários da DuPont descrevem a identificação de 50 mulheres na fábrica de Parkersburg expostas a produtos químicos C-8, sendo que os arquivos da universidade incluem documento secreto criado um mês depois, mostrando que os funcionários da empresa sabiam que 2 em cada 8 bebês nascidos de funcionárias em Parkersburg tinham defeitos oculares, embora as crianças e suas mães não sejam identificadas, no entanto, o documento inclui criança identificada como “criança de 4 meses com uma narina e um defeito ocular".