sábado, 17 de junho de 2023

Toxinas ambientais

Pesquisa da UCLA Health e Harvard identificou 10 pesticidas que danificam neurônios relacionados ao desenvolvimento da doença de Parkinson, fornecendo mais pistas sobre o papel das toxinas ambientais na doença, sendo que fatores ambientais como exposição a pesticidas associados ao Parkinson, tem sido difícil identificar quais pesticidas aumentam o risco.Na Califórnia, maior produtor e exportador agrícola dos EUA, existem 14 mil produtos agrotóxicos com mais de mil ingredientes ativos registrados para uso e, através de novo emparelhamento de epidemiologia e triagem de toxicidade, alavancou extenso banco de dados de uso de pesticidas que eram diretamente tóxicos aos neurônios dopaminérgicos. Os neurônios desempenham papel no movimento voluntário e sua morte é marca registrada do Parkinson, além disso, descobriram que a co-exposição de pesticidas usados em combinações na cultura do algodão era mais tóxica que qualquer pesticida isolado desse grupo e a trifluralina é fator de toxicidade aos neurônios dopaminérgicos e leva à disfunção mitocondrial. Por exemplo, a partir de pesticidas usados em combinação na agricultura de algodão, a trifluralina identificada com outros pesticidas co-aplicados são significativamente mais tóxicos aos neurônios mDA do que qualquer um dos pesticidas aplicados no algodão isoladamente.

A doença de Parkinson, DP, é doença neurodegenerativa complexa com etiologia enraizada na vulnerabilidade genética e fatores ambientais. O estudo epidemiológico quantitativo de exposições a pesticidas e DP com triagem de toxicidade em neurônios dopaminérgicos derivados de células-tronco pluripotentes induzidas por pacientes com DP, iPSCs, identifica pesticidas relevantes para Parkinson. Os registros agrícolas permitem investigar 288 pesticidas específicos e risco de DP em estudo abrangente de associação de pesticidas, com exposição prolongada a 53 pesticidas à DP e perfis de co-exposição sendo descoberto que 10 pesticidas são diretamente tóxicos à esses neurônios. A característica morfológica  da Doença de Parkinson, DP, é a agregação da proteína α-sinucleína nos corpos de Lewy em neurônios dopaminérgicos, mDA, específicos do mesencéfalo, incluindo fatores genéticos, ambientais e envelhecimento. Na Califórnia existem atualmente 13.092 produtos agrotóxicos com 1.059 ingredientes ativos diferentes registrados para uso, sendo que a maioria dos pesticidas aplicados em escala industrial não foi adequadamente avaliada quanto ao seu papel potencial na DP, muito menos quanto aos mecanismos de ação.Pesticidas aplicados comercialmente em relação à DP, com análise em modelos de neurônios dopaminérgicos humanos tratáveis, pode, identificar novos alvos de doenças, fornecer informações e ajudar revisar prioridades à pesquisa e políticas de saúde pública.

Moral da Nota:  a Bayer concordou em 15 de junho de 2023  pagar US$ 6,9 milhões ao estado de Nova York para encerrar processos judiciais sobre propaganda enganosa que retratava o herbicida à base de glifosato Roundup como seguro. A Procuradoria Geral do estado d eNova York em comunicado explicou que a Bayer e a Monsanto “repetidamente alegaram em anúncios que os produtos da marca Roundup contendo o ingrediente ativo glifosato eram seguros e não tóxicos, sem fornecer evidências suficientes”,  violando leis contra propaganda falsa e enganosa e acordo de 1996 entre o Ministério Público e a Monsanto, no qual a empresa "concordou parar de fazer alegações infundadas sobre a segurança do herbicida". Investigação iniciada em 2020 pela procuradora-geral Leticia James lançou nova revisão dos materiais publicitários da Bayer e Monsanto e pediu que fornecessem evidências que sustentassem as alegações que os produtos são seguros. A investigação descobriu casos de alegações de segurança falsa ou enganosa em várias plataformas e por funcionários da Bayer, incluindo afirmações que os ingredientes dos produtos Roundup são menos tóxicos que detergente e sabão. O acordo cita 5 exemplos de vídeos on-line alegando que os produtos Roundup  “não prejudicam nada além de ervas daninhas” e não resultam em efeitos adversos às abelhas nem representam ameaça à saúde dos animais selvagens e disse na página web capturada pelo Internet Archive que “na verdade, o glifosato é ferramenta importante que pode ajudar preservar o meio ambiente e biodiversidade”. Esses materiais de marketing, segundo o gabinete da procuradora geral,  violam leis estaduais sobre fraude comercial, propaganda falsa e enganosa e obrigações da Monsanto sob o acordo de 1996 que explica em comunicado que os pesticidas podem causar danos ao ambiente e representar ameaça mortal à vida selvagem, incluindo polinizadores e espécies vitais à agricultura esclarecendo que “é fundamental que empresas de agrotóxicos, mesmo e principalmente as mais poderosas, sejam honestas com consumidores sobre perigos de seus produtos para que possam ser usados com responsabilidade”. Estudos relacionaram o glifosato, ingrediente ativo de muitos produtos Roundup, a ampla gama de efeitos nocivos em polinizadores, animais de laboratório e pessoas e, em março, estudo inédito relacionou o Roundup a doenças hepáticas e metabólicas em crianças. Já, estudos recentes mostram que o glifosato interrompe enzimas nos micróbios intestinais essenciais à saúde de pessoas e animais e pode prejudicar polinizadores e organismos aquáticos, sendo que outro estudo sobre como os micróbios afetam seus hospedeiros, descobriu que o glifosato perturba a microflora no intestino das abelhas, tornando-as mais suscetíveis à infecção. A investigação citou esses estudos para determinar que a Bayer e a  Monsanto falharam em substanciar alegações publicitárias que os produtos herbicidas Roundup são seguros e não tóxicos e “não prejudicam nada além de ervas daninhas”. O gabinete do procurador-geral aceitou o pagamento com vencimento em 10 dias após o acordo e a garantia que “cessariam e desistiriam” de publicar ou transmitir anúncios em Nova York que afirmam que os produtos Roundup são seguros, não tóxicos e inofensivos para polinizadores e organismos aquáticos. O dinheiro será usado para pesquisa, gerenciamento e programas de polinizadores destinados a restaurar o habitat dos polinizadores e mitigar poluição ambiental que afeta abelhas e outros polinizadores. A Bayer, comprou a Monsanto em 2018 por US$ 63 bilhões, está envolvida em processos judiciais relacionados a herbicidas nos EUA e, em 2020, chegou a acordo de US$ 10 bilhões para resolver processos de ex-usuários.