O Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, UNODC, avisa que aumenta o número de usuários de drogas no mundo com a maconha sendo a mais consumida, embora haja preocupação com crescimento do uso de opioides sintéticos como o fentanil. Uma em cada 17 pessoas no mundo usou algum tipo de droga entre 2011 e 2021, elevando o número de usuários de 240 para 296 milhões, dados do UNODC, em relatório divulgado chamando atenção o número dos que sofrem de transtornos por uso de drogas disparando para 39,5 milhões, aumento de 45% na década. O relatório é publicado à coincidir com o Dia Internacional de Luta contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1987. No Sahel, faixa semiárida que atravessa a África de oeste a leste, o tráfico de drogas financia grupos armados e insurgentes não estatais, enquanto no Haiti narcotraficantes alimentam crises que se multiplicam no país. A guerra na Ucrânia deslocou rotas tradicionais de cocaína e heroína, com indícios que o conflito pode desencadear expansão da fabricação e tráfico de drogas sintéticas, dado o conhecimento existente e grandes mercados de drogas sintéticas em surgimento. O número de pessoas que injetaram drogas foi 13,2 milhões, aumento de 18% em relação às estimativas anteriores, embora a droga mais popular em 2021 continue sendo a cannabis com 219 milhões de usuários, 4,3% do consumo mundial. O estudo confirma que a maioria dos usuários de drogas são homens, cerca de 70%, que a diferença de gênero está diminuindo em algumas sub-regiões, assim, 42% dos usuários de maconha na América do Norte são mulheres, ao passo que o consumo de anfetaminas ascendeu a 36 milhões de pessoas, cocaína 22 milhões e o consumo de substâncias como o "ecstasy" cresceu a 20 milhões. A maior percentagem de consumo de anfetaminas, 45%, e produtos farmacêuticos não médicos, entre 45 e 49%, corresponde às mulheres, enquanto os homens consomem opiáceos, 75%, e cocaína, 73%, sendo que o grupo populacional mais vulnerável ao uso de drogas e mais afetado pelos transtornos relacionados ao seu uso são os jovens. Na América do Sul, mais da metade das pessoas em tratamento por uso de drogas tem menos de 25 anos e na África 70% tem menos de 35 anos, além disso, a demanda por atendimento para transtornos relacionados a drogas continua não atendida, com uma em cada 5 pessoas recebendo tratamento, além do aumento de disparidades regionais no acesso ao tratamento. O relatório argumenta que saúde pública, prevenção e acesso a serviços de tratamento devem ser priorizados globalmente, caso contrário, o problema das drogas deixará mais pessoas para trás, sendo que o estudo dedica capítulo especial ao tráfico de drogas e crimes relacionados ao ambiente na bacia amazônica, indicando que convergem múltiplas formas de crime organizado, agravando devastação ambiental, com graves consequências à segurança, saúde e bem-estar da população da região. O aumento do cultivo, tráfico de drogas e crimes ambientais na bacia amazônica se deve à abundância de recursos naturais, com presença limitada do Estado, corrupção persistente e fatores estruturais relacionados à informalidade, desigualdade e desemprego. As atividades ilícitas nas quais o crime organizado está envolvido incluem desapropriação de terras, extração ilegal de madeira e mineração, tráfico de animais silvestres e crimes relacionados ao tráfico de drogas. O relatório observa que a crise de opioides na América do Norte não foi associada a aumento no número de usuários, mas, a mortes por overdose, destacando o uso de fentanil, sendo que as mulheres constituem 30% das mortes por overdose e no Canadá as mortes por overdose relacionadas aos opioides, como o fentanil, apresentaram tendência de aumento chegando a 8 mil em 2021.
A outra questão se refere ao estudo avisando que as emissões de CO2 do setor de energia atingiram recorde em 2022, quebrando compromissos assumidos no Acordo de Paris. O Enegy Institute, órgão britânico do setor de energia, apresentou as conclusões do relatório elaborado em colaboração com as consultorias Kearney e KPMG, relatório publicado anteriormente pelo grupo britânico de energia BP, passando às mãos deste instituto. O consumo de energia primária cresceu 1% em 2022 face a 2021, quase 3% ao nível pré pandemia, os combustíveis fósseis dominam com 82% do consumo, apesar do bom desempenho das renováveis. A energia eólica e solar atingiram o recorde de 12% da geração de eletricidade, graças ao aumento adicional da capacidade de ambas, sendo que a procura de combustível para transportes recupera os níveis pré-pandêmicos, embora a China tenha permanecido "significativamente" abaixo devido ao impacto contínuo das restrições que impôs para conter a pandemia.
Moral da Nota: a Cúpula para um Novo Pacto de Financiamento Global atraiu chefes de estado e de governo, da Alemanha, Brasil, Senegal, Zâmbia e mais de 100 países representados, terminou sem acordo sobre imposto global no transporte marítimo, proposta da França, no entanto, houve consenso entre os quase 40 países partícipes de reformar o sistema financeiro assumindo meta de US$ 100 bilhões ao financiamento climático em 2023. O Dinheiro seria redirecionados às necessidades dos países mais pobres oriundo do fundo de reservas internacionais do FMI, o compromisso de cláusula aos países mais endividados que pode ativar a suspensão dos pagamentos em caso de catástrofe natural, diretrizes, apoiadas pela secretária do Tesouro dos EUA, que disse ser a cúpula "passo na reforma da arquitetura financeira para torná-la mais reativa". No entanto, foi criticado o descumprimento da promessa feita pelos países desenvolvidos em 2009, que esperavam liberar 100 bilhões de dólares anualmente a partir de 2020 à ajudar países pobres realizar projetos contra o aquecimento global. No encerramento do evento, o presidente francês destacou "consenso total" entre participantes para o combate à pobreza e mudanças climáticas e manifestou necessidade de “reformar em profundidade” o sistema financeiro global anunciando reunião de seguimento daqui a 2 anos na capital francesa, para avaliar cumprimento dos objetivos. Na procura de financiamento internacional aos projetos propostos na reunião, o presidente da França propôs imposição de imposto sobre transporte marítimo, um dos setores que mais tem beneficiado da globalização, no entanto, caberá à Organização Marítima Internacional, IMO, discutir o assunto em reunião com países membros em julho, considerando relutância em ter taxas de juros significativas nesta área. Os impostos poderiam ser transferidos ao transporte aéreo, uma vez que o aumento das emissões de CO2 por este setor representa cada vez mais risco à proteção ambiental, os participantes concordaram que o FMI e Banco Mundial devem ser reformados, criticados por não levar em conta a mudança climática ao passo que o Banco Mundial disse que aumentaria seus empréstimos em US$ 50 bilhões. O Banco Mundial e o FMI são criticados nas decisões de empréstimos por serem dominados por países ricos como os EUA, com nações mais carentes e com maior risco de aquecimento global deixadas de lado. O Banco Mundial tenta se recuperar dos comentários do ex-presidente David Malpass, que parece duvidar da ciência que a queima de combustíveis fósseis causa aquecimento global. Defensores do clima dizem que querem compromissos significativos, como dinheiro para ajudar nações vulneráveis ao clima construir infraestrutura sustentável ou realocar fundos existentes para novos projetos relacionados ao clima. Andrew Nazdin, do Glasgow Actions Team, disse que os bancos de desenvolvimento “precisam expandir empréstimos se quisermos evitar piores impactos da crise climática”. Embora a reestruturação da dívida e a redução da pobreza fizessem parte da cúpula, o clima foi o principal fator, com representantes da África, Ásia em destaque na mesa.