Estudos apontam que apenas 0,001% da população mundial não respira ar poluído, daí, investigações constatarem que a poluição do ar estaria associada a acidentes vasculares cerebrais, diferentes tipos de câncer, doenças respiratórias agudas e crônicas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS. Poucos estudos exploraram a relação entre poluição do ar e o aparecimento de arritmias cardíacas, “um distúrbio da frequência cardíaca ou do ritmo que pode bater rápido, taquicardia, devagar, bradicardia, ou irregularmente”, segundo o MedlinePlus, da Biblioteca Nacional de Medicina dos Institutos Nacionais de Saúde, NIH, dos EUA. A relação entre poluição do ar e o início da arritmia no nível horário estratificado no tempo e cruzado na China entre 2015 e 2021 obteve informações de hora em hora sobre o início da arritmia sintomática incluindo fibrilação atrial, flutter atrial, batimentos prematuros atriais e ventriculares e taquicardia supraventricular do Banco de Dados da Associação Cardiovascular Chinesa, Centro de Dor Torácica, incluindo 2.025 hospitais certificados em 322 cidades.
Um grupo de 21 cientistas chineses publicou um estudo no qual analisa com precisão a poluição do ar e o aparecimento de arritmias cardíacas em 322 cidades chinesas e mais de 190 mil pacientes, sendo os resultados da pesquisa publicados no Canadian Medical Association Journal. Realizaram o estudo nacional levando em consideração dados de pacientes entre 2015 e 2021 que apresentaram "arritmia sintomática de início agudo" e obtiveram dados sobre as concentrações horárias de seis poluentes atmosféricos, como partículas finas, PM 2,5, partículas grossas, PM 2,5-10, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, CO, e ozônio. Compararam, para cada paciente, o período de caso da arritmia com três ou quatro períodos de controle "no mesmo horário, dia da semana, mês e ano" e por fim, executaram um modelo para analisar os dados e descobriram que a poluição do ar estava associada “a risco aumentado de arritmia sintomática nas primeiras horas de exposição; risco, substancialmente atenuado após 24 horas.” O líder do estudo e professor da Fudan University em Xangai, China, afirma que “a exposição aguda à poluição do ar ambiente foi associada a risco aumentado de arritmia sintomática que ocorreu nas primeiras horas após a exposição podendo persistir por 24 horas. Dados sobre concentrações horárias de 6 poluentes atmosféricos dos monitores mais próximos, para cada paciente, combinou o período do caso com 3 ou 4 períodos de controle. A exposição a PM 2,5–10 foi associada a chances maiores de flutter atrial, 8,7%, e taquicardia supraventricular, 5,4%, e a exposição ao ozônio foi associada a chances mais altas de taquicardia supraventricular, 3,4%, sendo que as relações exposição-resposta foram aproximadamente lineares, sem limiares de concentração discerníveis.
Moral da Nota: a exposição à poluição do ar foi associada ao início de arritmia sintomática após a exposição, descoberta que destaca a importância de reduzir ainda mais a poluição do ar e tomar medidas de proteção imediatas à populações suscetíveis em períodos de níveis elevados de poluentes atmosféricos. A arritmia é causada por atividade elétrica desordenada no coração, geralmente ocorre abruptamente e pode levar a doenças cardiovasculares graves, como insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e morte. O estudo Global Burden of Disease estimou prevalência de 59,7 milhões casos de fibrilação atrial e flutter atrial globalmente em 2019 e os anos de vida ajustados por incapacidade relacionados a essas 2 condições aumentaram de 3,79 milhões em 1990 para 8,39 milhões em 2019. O Estudo no China Cardiovascular Health and Diseases Burden relatou que 4,87 milhões pessoas tiveram fibrilação atrial em 2019 sendo que a poluição do ar tem sido relatada como fator de risco modificável à doenças cardiovasculares; portanto, é importante esclarecer efeitos da poluição do ar sobre a arritmia. A poluição do ar é mistura complexa de partículas e gases que varia de acordo com o tempo e a localização, sendo que poluentes rastreados pela OMS e agências governamentais são normalmente conhecidos como poluentes atmosféricos. Matérias particuladas na poluição do ar são amplamente categorizados pelo diâmetro aerodinâmico como partículas inaláveis ou menores que 10 μm, PM 10, partículas finas menores 2,5 μm, e partículas grossas de 2,5–10 μm, PM 2,5–10 sendo que os critérios de poluentes do ar que são gasosos geralmente incluem dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3) que têm propriedades físico-químicas variadas e foram relatados como afetando negativamente a saúde humana de diferentes maneiras. Estudos epidemiológicos anteriores relacionaram a exposição de curto prazo à poluição do ar com arritmia, mas cujos resultados foram inconsistentes e além disso, a maioria desses estudos avaliou associações apenas em um nível diário 22–24, com poucos considerando efeitos de exposição horária à poluição do ar antes do início dos sintomas.