O enviado climático dos EUA, John Kerry, apoia a decisão dos Emirados Árabes Unidos de nomear o CEO da empresa estatal de petróleo para presidir negociações climáticas da ONU em Dubai, citando seu trabalho em projetos de energia renovável. Abu Dhabi planeja aumentar a produção de petróleo de 4 milhões de barris por dia para 5 milhões, enquanto os EAU prometem ser neutros em carbono até 2050, meta difícil de avaliar e que os Emirados ainda não atingiram. No Fórum Econômico Mundial em Davos, John Kerry disse “estou convencido que chegaremos a uma economia de baixo carbono e sem carbono, chegaremos lá porque precisamos”, continua, “não estou convencido que chegaremos a tempo de fazer o que os cientistas disseram, evitar as piores consequências da crise”, completa, “essas consequências afetarão milhões de pessoas no mundo, na África e em outros lugares. Dos 20 países mais afetados pela crise climática, 17 estão na África.”
Nos últimos dois séculos, o mundo foi atingido pelo aquecimento global com o Ártico experimentando aquecimento mais forte. Desde o início de 1900, a Terra aqueceu 1,1 º C com a mudança climática como maior fator desestabilizador, sendo que a mais recente avaliação da Nasa revela como o planeta se torna cada vez mais quente. Anunciou que 2022 foi o quinto ano mais quente já registrado, sendo que nos últimos dois séculos o mundo foi atingido pelo aquecimento global que aumentou drasticamente nos últimos anos do século 20 e continuou inabalável no século 21. Apesar do La Nina, resfriamento do Pacífico equatorial reduzindo ligeiramente as temperaturas médias globais, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, NOAA, calcula que a temperatura média global de 2022 foi de 14,76 º C, sexta mais quente já registrada, não incluindo as regiões polares. O grupo sem fins lucrativos de cientistas independentes, Berkeley Earth, observou que para 28 países foi o ano mais quente já registrado, incluindo China, Reino Unido, Espanha, França, Alemanha e Nova Zelândia, desde que os registros começaram em 1880, significando que a Terra em 2022 estava 1,11 º C mais quente que a média do final do século XIX. O Ártico continua experimentar tendências de aquecimento mais fortes, quase quatro vezes a média global, conforme a pesquisa GISS apresentada na reunião anual de 2022 da União Geofísica Americana bem como estudo separado. A NOAA avalia que há preocupação com a provável dissipação do La Nina e possível El Nino a caminho, que aumenta o aquecimento, com 2023 mais quente que 2022 sendo que o último ano em que a Terra foi mais fria que a média do século 20 foi 1976. Cientistas dizem que temperaturas médias não são o que realmente afeta as pessoas e, sim, o modo que o aquecimento torna eventos climáticos extremos como ondas de calor, inundações, secas e tempestades, piores ou mais frequentes, ou ambos, sendo que 2022 viu os piores eventos climáticos extremos da história recente com incêndios florestais, secas, chuvas incessantes, tempestades de neve e nevascas atingindo quase todos os países do mundo. Sustentam que a razão à tendência de aquecimento é que as atividades humanas continuam lançar enormes quantidades de gases efeito estufa na atmosfera e os impactos planetário de longo prazo também continuarão.
Moral da Nota: 2016 foi o ano mais quente já registrado por causa do El Niño que volta em 2023, fenômeno climático conhecido por trazer longas secas para países ao redor do Oceano Pacífico, do Peru à Indonésia e Austrália, observado pela primeira vez em 1800 na costa do Pacífico. O escritório meteorológico do Reino Unido alertou que 2023 pode ser mais quente e as temperaturas sofrerem novos extremos decorrente o retorno do El Niño. Após ausência de três anos, deve emergir no final de 2023, elevando as temperaturas no mundo, podendo tornar os esforços para conter os 1,5 º C de aquecimento tarefa extremamente difícil. O El Nino é condição ambiental cíclica que ocorre no Oceano Pacífico Equatorial, desencadeada por interações naturais entre o oceano e a atmosfera, cujos fatores determinantes são a temperatura da superfície do mar, precipitação, pressão do ar e circulação atmosférica e oceânica. Notado pela primeira vez em 1800 na costa do Pacífico da América do Sul quando correntes oceânicas quentes apareciam e a água morna chegava por volta do Natal, daí, chamada de El Niño, “o menino” em referência ao nascimento de Cristo. De acordo com a NOAA, Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, com sede nos EUA, o El Nino ocorre quando a superfície da água no Pacífico equatorial fica mais quente que a média e os ventos do leste sopram mais fracos que o normal, padrão climático que geralmente ocorre a cada três a cinco anos. As interações entre o oceano e a atmosfera alteram o clima no mundo resultando em tempestades ou clima ameno, secas ou inundações em vários países. Conhecida como El Niño/Oscilação do Sul se refere a mudanças nos padrões de pressão atmosférica ao nível do mar no sul do Oceano Pacífico. Causa altas temperaturas em uma parte do mundo, traz chuvas torrenciais no norte da montanhosa nação latino-americana, pode causar secas prolongadas em outras partes da América do Sul, Indonésia, Austrália e África e, na Índia, pode afetar nas monções alterando padrões no subcontinente indiano. A OMM, Organização Meteorológica Mundial informa que 2016 foi o ano mais quente já registrado por causa do El Niño em 2015-2016, combinado com mudanças climáticas de longo prazo, e, 2023, já teve início extremo com zona de alta pressão sobre o Mediterrâneo e baixa pressão no Atlântico induzindo forte fluxo de sudoeste que trouxe ar quente do noroeste da África para latitudes médias, o El Nino vai piorar mais as coisas.