quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Tokenização e blockchain

A tokenização, aliada a blockchain,  se destaca pelo potencial de gerar mudanças consistentes no setor imobiliário, por exemplo, garantindo mais transparência e flexibilidade a ativos altamente ilíquidos. O setor imobiliário historicamente é reconhecido como barômetro da economia, decorrente demanda de grandes investimentos, seu movimento exerce influência no mercado sendo que o aumento das vendas de imóveis indica recuperação econômica, enquanto o contrário, recessão econômica. Justamente por exigir grandes volumes de capital, o alto custo de investimento no setor limita o número de interessados ​​e demanda tempo considerável de negociação,  recentemente, novas tecnologias têm sido desenhadas para transformar essa realidade. O amadurecimento das PropTechs ou tecnologias proprietárias abriu espaço ao surgimento de plataformas de aluguel, compra e venda de imóveis, ferramentas de planejamento e gestão de obras, além de estimular utilização  de inovações como big data, geolocalização, drones, realidade aumentada, blockchain e criptomoedas. Pesquisa District PropTech Report, mapeou 343 PropTechs no Brasil em 2020, totalizando mais de 800 milhões de dólares investidos e, hoje, os ativos imobiliários globais valem 326 trilhões de dólares, sendo que  o capital necessário não está disponível à todos, nesta ideia, dividir o valor do imóvel em frações menores através da tokenização, abre espaço à investidores iniciantes, com menos capital, criando oportunidades de investimento no setor. Ao remover obstáculos como taxas notariais e bancárias, a tokenização  agiliza o processo de investimento gerando receitas significativas aos investidores e promovendo avanço da tecnologia no mercado. Análise do Tamanho, Participação e Tendências do Mercado de Tokenização da empresa de inteligência Grand View Research, indica que o segmento crescerá a  taxa de 24% ao ano.

Já, a tokenização realizada pela Agrotoken em 2022 fecha o ano com mais de 200 negócios e mil produtores cadastrados. O setor agtech emerge em crescimento exponencial,  com empresas trazendo soluções inovadoras ao campo,  combinando conceitos de agricultura e tecnologia, incorporarão Big Data, Inteligência Artificial, IoT e blockchain melhorando produção, reduzindo custos, prevendo eventos climáticos, entre outras funções. A Agrotoken, plataforma global de tokenização de commodities agrícolas na Argentina, Brasil e Uruguai, ao longo de 2022, tokenizou mais de 200 mil toneladas na Argentina, cifra representando US$ 70 milhões tokenizados sendo que o mais operado foi o SoyA, 105 mil toneladas, seguido pelo CorA, 83 mil e WheA ,12 mil, respectivamente. As transações realizadas ultrapassaram US$ 4  bilhões e 100 mil tokens usados ​​no consumo agrícola representando 52% para suprimentos gerais, 15% em sementes, 12% Combustível, 11% Agroquímicos, 8% Veículos, maquinaria e 3% na compra de Fertilizantes. Criou alianças para fornecer ferramentas e facilidades ao uso de criptoativos, como possibilidade de solicitar empréstimos garantidos ao Santander, Banco de Córdoba e outras instituições, além de acordos com Visa, Pomelo e Algorand alem do cartão Agrotoken Visa e a associação com Mercado Libre e Agrofy. Para melhorar transparência, eficiência, velocidade e rastreabilidade blockchain, fez migração à rede Algorand, tornando-se a principal plataforma para realizar transações,  já que a Algorand é rede carbono negativa e energeticamente eficiente, construída com abordagem sustentável para minimizar impacto ambiental.

Moral da Nota: o CEO e cofundador da Blockchain Art Gallery, BAG, avalia que a América Latina é lugar onde blockchain e o ecossistema criptográfico têm maior impacto pelas características socioeconômicas. Destaca eventos na região, como o DevCon em Bogotá, mostrando expectativas ao futuro, dada a importância do evento principal em nível de desenvolvimento tanto ao ecossistema Ethereum quanto a blockchain indústria em geral. Destacou que a transição Ethereum do mecanismo de consenso PoW para PoS, conhecido como 'The Merge', tornou-se o 'avanço do ano', conseguindo restaurar confiança no ecossistema após eventos infelizes que ocorreram com o colapso do Terra e a plataformas de empréstimo de criptomoedas, como BlockFi. Avalia que a  recente queda do FTX reacendeu debate no setor sobre regulamentação e que “uma exchange não é um banco tradicional que funciona como multiplicador de dinheiro e é lastreado por um banco central que emite moeda fiduciária, uma exchange não pode se alavancar com dinheiro de clientes ou com seus próprios tokens,  devendo  mostrar de forma clara e transparente a existência dos fundos protegidos e a quantidade de dívida e tokens usados ​​no DeFi ou sistema centralizado.” Um exemplo é o relatório da Equifax e da UPAL no Peru e publicado pelo jornal El Comercio, constatando existencia de 29 entidades cadastradas no país em relação ao ecossistema blockchain. Focado em mostrar Panorama do Ecossistema Fintech, o estudo gerou análise do ecossistema blockchain detalhando entidades registradas concentradas nas categorias: exchange, 21%, networking ,7% , serviços blockchain, 3%, e educação, 3%, indicando que 57% das entidades registradas no setor blockchain estão concentradas na capital, Lima. Reflete que os representantes legais destas entidades registadas na blockchain são pertencentes à geração X, 43%, e aos Millennials, 31%, com predominância do sexo masculino, 72%, sobre o sexo feminino, 28%. 

Rodapé: a TecBan, empresa de tecnologia bancária por trás da rede de caixas eletrônicos Banco24Horas, testa contratos inteligentes para deixar compras com real digital mais seguras, permitindo que usuários realizem compras online com mais segurança e garantia de recebimento do produto. A solução usa os chamados smart contracts para liberar pagamento ao vendedor somente quando o comprador retirar seu pacote. Contratos inteligentes são protocolos autoexecutáveis criado com as criptomoedas visando garantir cumprimento dos acordos firmados. A TecBan firmou ainda  parceria com a SmartPay para levar a maior stablecoin do mercado,  USDT, à  mais de 24 mil ATMs no Brasil, sendo que o acesso ao SmartPay, permite usuários selecionar a melhor cripto ao caso de uso desejado, incluindo a USDT.