terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Revolução Verde

Pesquisadores alertam que a gestão de fertilizantes, ricos em nitrogênio, cultivos alternados, otimização do uso e outras medidas podem gerar benefícios ambientais e de saúde e, ao mesmo tempo,  aumentar a produção de alimentos. Estudo na Nature explica que reduzir poluição por nitrogênio nas terras agrícolas globais é "grande desafio" e o uso intensivo de fertilizantes químicos expandiu em 4 vezes no último século e será crucial para alimentar 10 bilhões de pessoas até 2050, no entanto, colheitas abundantes da chamada Revolução Verde tiveram custo elevado. Mais da metade do nitrogênio dos fertilizantes se infiltra no ar e na água, levando à poluição, acidificação do solo, mudança climática, destruição da camada de ozônio e perda da biodiversidade. O mundo é naturalmente inundado de nitrogênio, fundamental à vida na Terra, especialmente plantas, com quase 80 % da atmosfera composta nitrogênio, embora na forma gasosa, N2, de pouca utilização na maioria dos organismos, sendo disponibilizado às plantas quando micróbios o transformam em amônia através da fixação biológica de N2, canalizando 200 milhões de toneladas métricas de N2 ao solo e oceanos todos os anos. O estudo mostra que o  "ciclo do nitrogênio" natural foi desequilibrado por 120 milhões de toneladas de fertilizantes químicos/ano, sendo que menos da metade é absorvida pelas plantas, com o restante se infiltrando no ambiente e causando problemas. China e Índia usam fertilizantes em grandes volumes que os torna maiores poluidores de N2 , a custo de US$ 5 e US$ 3 bilhões, respectivamente.

O principal autor do estudo, Baojing Gu, professor da Universidade de Zhejiang, diz que “dados os múltiplos impactos na saúde, no clima e meio ambiente do nitrogênio reativo, ele deve ser reduzido em todos os meios, como o ar e a água”. A pesquisa descobriu que os agricultores globalmente aplicam 115 milhões de toneladas de nitrogênio nas plantações anualmente, sendo que  35% é usado e 75 milhões de toneladas fluem aos rios, lagos e ambientes naturais, ou, “excesso de nitrogênio”, ou, quase  dois terços de N2 aplicado se torne um poluente ambiental. Analisaram 1.500 observações de campo de terras cultivadas no mundo e identificaram 11 medidas para diminuir perdas de N2 e, ao mesmo tempo, aumentar o rendimento das culturas. Descobriram que um dos métodos é a rotação de culturas, em que várias são plantadas no mesmo terreno, otimizando o fluxo de nutrientes no solo, com benefícios de reduzir poluição de N2 agrícola 25 vezes maiores que os custos de implementação de  US$ 34 bilhões. Meio trilhão de dólares em custos evitados se distribuí na redução de mortes prematuras causadas pela poluição do ar, menos danos aos serviços ecossistêmicos e aumento do rendimento das colheitas. O manejo avançado de N2 tem custos iniciais que estariam além do alcance de muitos pequenos agricultores, daí, sistema de crédito de N2, por exemplo, poderia subsidiar agricultores que adotam técnicas avançadas de manejo, aproveitando os benefícios econômicos da redução da poluição por nitrogênio e aumento da oferta de alimentos.

Moral da Nota: Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, assinaram aliança estratégica para coordenar a conservação de suas florestas. O acordo diz que os países coordenarão as negociações sobre clima e biodiversidade da ONU relacionadas às florestas tropicais, focadas em finanças, gestão sustentável e restauração. Os 3 países abrigam 52% das florestas tropicais primárias, cruciais para evitar catástrofe climática, em que buscarão mecanismo de pagamentos em resultados para reduzir desmatamento, prioridade nas negociações climáticas da ONU. Outra questão neste campo é o acordo na UE para impor imposto sobre o carbono em importações de produtos poluentes de ferro, aço, cimento, fertilizantes, alumínio e eletricidade, esquema inédito no mundo visando apoiar indústrias europeias à medida que se descarbonizam. As empresas que importam esses produtos à UE serão obrigadas a comprar certificados para cobrir emissões de CO2 incorporadas, esquema projetado para aplicar o mesmo custo de CO2 a empresas estrangeiras e indústrias domésticas da UE, estas últimas já obrigadas a comprar licenças do mercado de carbono da UE quando poluem. O objetivo declarado da taxa é evitar que a indústria européia seja prejudicada por produtos mais baratos fabricados em países com regras ambientais mais fracas, além de ser aplicada ao hidrogênio importado, que não estava na proposta original da UE, mas que legisladores  pressionaram nas negociações. Atualmente, a UE concede licenças gratuitas de CO2 à indústria doméstica para protegê-las da concorrência estrangeira, mas planeja eliminar gradualmente a gratuidade quando a tarifa de fronteira de carbono for implementada,  cumprindo regras da OMC. Por fim, a ONG Milieudefensie avisa que a Shell pagará 15 milhões de euros a agricultores nigerianos em compensações por derrames de petróleo que poluíram 3 aldeias no Delta do Níger. Um tribunal holandês decidiu em 2021 que a filial da Shell na Nigéria é responsável pelos danos dos derramamentos e ordenou o pagamento da indenização no processo movido por 4 agricultores nigerianos. A Shell avisou que negociou com a Milieudefensie acordo em benefício das comunidades de Oruma, Goi e Ikot Ada Udo na Nigéria, afetadas por 4 derrames de petróleo entre 2004 e 2007".