sábado, 24 de setembro de 2022

Emissão de partículas

Uma "estreia mundial" aplaudida no Porto de Marselha é o  "Piana" um ferry sem emissão de partículas, inovação,  que traz esperança ao setor  com grande pegada de carbono. O ferry da empresa La Méridionale opera entre a Córsega e Marselha, cujos motores equipados com filtros neutralizam parte das emissões poluentes, filtro de partículas, apresentado após três anos de testes, não só captura 99% do óxidos de enxofre em conformidade com a legislação,  como elimina 99,9% das partículas finas e ultrafinas mais perigosas à saúde humana. O diretor de inovação da organização regional de monitorização da qualidade do ar, Atmosud,  avisa que os filtros “vão mais longe que os regulamentos exigem, tratando todas as emissões de partículas" e acrescenta que "nunca ouviu falar de tais projetos"  na Europa e Ásia. O ferry funciona com sistema elétrico e, no mar, os  filtros com bicarbonato de sódio reduzem as emissões a praticamente a zero, sendo que a tecnologia é utilizada em terra há vários anos em indústrias como as centrais térmicas. Toneladas de resíduos serão produzidos e enterradas, mal menor à atmosfera, lembrando que  9 milhões de mortes/ano no mundo são causadas pela poluição atmosférica.

Importante lembrar que a UE em Bruxelas  conseguiu  acordo quanto à redução das emissões de gases de estufa em 55% até 2030, comparada aos níveis de 1990. O Pacto Ecológico Europeu é vitória no percurso em direção à neutralidade carbônica nos países da UE e, de acordo com estudo publicado, as emissões de CO2 baixaram 11% na Europa em 2020 decorrente os efeitos da pandemia. A decisão da União Europeia tem lugar pouco mais de cinco anos após a assinatura do Acordo da ONU sobre o Clima, aprovando no orçamento plurianual 30% do pacote recorde de 1,82 trilhão de euros destinado a programas e investimentos em regiões e setores afetados pela transição verde. Cientistas relatam que atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis, abate de florestas e  produção de cimento geram emissões que, por sua vez, aumentam as concentrações de CO2 ocasionando o efeito estufa e, apesar da natureza absorver parte deste CO2, não consegue acompanhar o ritmo das emissões produzidas.  Bom lembrar que antes da COP26 em Glasgow, a ONU publicou relatório que o secretário-geral qualificou como  "sinal de alarme", segundo o qual as metas de redução das emissões de gases fixadas pelos  países, ficam aquém do que é preciso para contrariar as mudanças climáticas. O documento relata que há diferença entre o que os cientistas recomendam e o que as lideranças mundiais estão dispostas a fazer. O relatório diz que o compromisso de países em atingir  "emissões zero" até 2050,  implementado na totalidade, limitaria o aquecimento global a 2,2º C  até fins deste século, valor acima dos 2º C previstos no acordo de Paris.

Moral da nota: iniciativas como da Califórnia, responsabilizando o setor automotivo por zero emissões poluentes até 2035 e consequente proibição de veículos novos movidos a combustível fóssil,  acelera nos EUA, transição energética. Em paralelo, deputados bolivianos propõem substituir o mercúrio por tiouréia na mineração, com a comissão de meio ambiente da Câmara dos Deputados da Bolívia analisando projeto de lei que propõe a substituição  por tiouréia, semelhante à ureia, reduzindo danos ambientais. Legisladores consideram que a tiouréia pode ser agente eficaz ao ouro com  vantagens operacionais melhores que o cianeto e o mercúrio,  propondo produção pela usina de uréia e amônia da Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos, YPFB, em Cochabamba. O projeto admitido na Câmara dos Deputados, se aprovado,  seguirá ao Senado e posteriormente ao Executivo à promulgação. A Bolívia importou 1.285,3 toneladas de mercúrio entre 2015 e 2021 no valor de 44,1 milhões de dólares, dados do Instituto Nacional de Estatística, INE, apesar de signatária de acordos como Minamata para reduzir consumo de mercúrio em escala internacional.