quarta-feira, 31 de agosto de 2022

UNCTAD e Bitcoin

A UNCTAD, Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento,emitiu recomendações à países em desenvolvimento, alertando sobre uso, comércio e publicidade de Bitcoin e ativos digitais, no contexto de avanço e expansão do mercado de criptomoedas. Questionou utilização de moedas estáveis, stablecoins, por apresentarem "riscos particulares", no entanto, não apenas alerta sobre a relação com bitcoin consequente a seu uso, pede aos que regulam países periféricos que restrinjam ou proíbam publicidade de criptomoedas ou carteiras em redes sociais e espaços públicos. Alerta que, caso criptomoedas tornem meio de pagamento generalizado e substituírem não oficialmente diferentes moedas nacionais “a soberania monetária dos países poderá ser ameaçada”,  postura que assemelha à  outras instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional. A UNCTAD propõe aos países em questão que abasteçam a população com moedas digitais do banco central, CBDC, fazendo lista de nações em desenvolvimento com maior posse de bitcoin e outros ativos, lideradas por Ucrânia e Rússia, citando entre os 10 primeiros do ranking, latino-americanos como Venezuela, 3º, e Colômbia, 10º. Outra sugestão é o fornecimento do sistema de check-out de "varejo rápido", mesmo sentindo que pode haver violação,emergindo a solução de modo  manter emissão de caixa.

A ONU alertou fortemente El Salvador assim como outras nações que optaram por usar atividades semelhantes e, seis meses após a implementação do Bitcoin como moeda legal no país, fluem tipos diversificados de opiniões sobre o efeito na população salvadorenha. O CEO da Athena Bitcoin Global, afirmou  que a nação caribenha  teve retornos ruins nos anos anteriores à adoção do bitcoin e atividade econômica reduzida, destacando turismo e remessas de salvadorenhos do exterior como fontes de renda. No entanto, sugere que a economia parece se recuperar cujo progresso também se deve à adoção da criptomoeda afirmando que  “as projeções de crescimento anual foram estimadas em mais de 10% desde que foi anunciado o bitcoin como moeda legal no país”. O fundador e CEO da Netki, destaca a importância do bitcoin chegar ao cidadão diretamente através da carteira Chivo, considerando que parte da população estava e, continua, em situação desbancarizada,  caso de grande parte da América Latina, no entanto, possuindo telefones celulares que permitem acesso ao aplicativo de uso das criptomoedas para enviar e receber pagamentos. Já a República Centro-Africana é o segundo país a validar curso legal do Bitcoin, BTC,  em seu território. O governo alega que "a adoção do bitcoin como moeda oficial representa passo decisivo à abertura de oportunidades ao país" alertando que “a República Centro-Africana é o primeiro país do mundo adotar de modo unânime o projeto de lei que rege  criptomoedas”, país, em guerra civil desde 2013. A ONU destaca que a República Centro-Africana é a segunda nação menos desenvolvida do mundo e, até agora, as únicas fontes disponíveis sobre a adoção do Bitcoin são reportagem da Agence France-Presse, AFP, e  declarações que circulam nas redes sociais. 

Moral da Nota: dentre as vantagens, segundo a ONU, que trás a utilização de criptomoedas estão a facilitação das remessas e suporte contra a inflação, questões que impactam a população dos países periféricos e motivo de promoção da CBDC que aparentemente geraria fluxo menor no uso de bitcoin. Expectativas à El Salvador em 2022 estimam  progressão de acordo com o desenvolvimento do bitcoin, sendo que no início do ano, as participações somavam 1.391 BTC que na época valiam cerca de US$ 60 milhões. Analistas preveem que as reservas do país estarão atreladas à evolução do preço do ativo nos próximos meses, que se mantém na faixa de negociação baixa desde que o ATH atingiu a fase de acumulação. Emerge no entanto, o Cash App,  solução que permite uso da rede Lightning para micro-pagamentos instantâneos do Bitcoin, além de promover educação em criptoativos. Por fim, caberia questão que não cala, ou, tomando em conta o BRICS como padrão do que consideraríamos 'nação em desenvolvimento',  estariam El Salvador e RCA inseridos neste conceito?