O Comitê do Senado da Austrália, focado como Centro de Tecnologia e Financeiro, divulgou recomendações sobre como criptomoeda deve ser regulamentada, cujo relatório final de 168 páginas resume 12 recomendações buscando equilíbrio em construir legitimidade, posicionando-se na vanguarda do investimento em criptomoedas globalmente e, com o presidente do comitê acreditando que "a Austrália pode ser líder em ativos digitais", confiante que pode "ser competitiva com Cingapura, Reino Unido e EUA". Dentre as recomendações, introduz novas licenças e regulamentos específicos para criptomoedas pois a antiga abordagem subestima diferenças fundamentais, bem como o potencial que os ativos digitais têm para transformar o mundo. O relatório reconhece seu potencial, exige licenças de criptomoedas sob medida, recomenda regime de licenciamento de mercado específico à trocas digitais bem como regime de custódia sob medida à ativos digitais legitimando o que a indústria precisa para decolar no mainstream. Introduz um tipo de entidade de organização autônoma descentralizada, DAO, na lei corporativa australiana, recomendação importante mostrando que o governo australiano está aberto às finanças descentralizadas, DeFi, e, inovação em criptomoedas, sendo que algo deste nível só é visto em Wyoming nos EUA e, se aprovado, os DAOs fornecerão utilitário único levando a economia australiana uma década à futuro descentralizado. Aprimora regras tributárias para transações entre criptomoedas, pois estudo do Finder mostra que mais de 17% dos australianos possuem criptomoedas, terceira maior taxa de adoção do mundo, no entanto, esse grupo crescente teve que lidar com regras tributárias confusas, sendo que transferências cripto/cripto foram consideradas ganho de capital pelo Australian Revenue Office e a nova recomendação exige que seja tributado apenas quando houver "ganho ou perda de capital claramente definível". Novos incentivos fiscais à mineração verde de criptomoedas, recomendando desconto de 10% no imposto corporativo para empresas de mineração de criptomoedas que usam energia renovável, importante, pois o Comitê tenta assinar recomendações no contexto da COP26 diante crescentes preocupações com as mudanças climáticas.
No entanto, o que vemos são recomendações ao lado de vontade política para colocá-las em prática, pois a política na Austrália se move lentamente com a crença de aprovar todas as recomendações em 12 meses, pois muitas das propostas pediam "porto seguro" desde a regulamentação até que os padrões fossem finalizados. O Comitê foi inundado com compromisso de empresas de criptomoedas, acadêmicos, principais órgãos e reguladores com mais de 100 petições arquivadas além de três dias de audiências públicas, pois a indústria de criptomoedas no mundo quer clareza e está disposta a conversar sobre política. Uma das principais razões que a consulta foi bem-sucedida é analisar o setor de ativos digitais globalmente e não apenas de um ângulo, sendo que um problema visto no mundo é que reguladores estão interessados em examinar ativos criptográficos do seu ponto de vista regulatório específico, mas a inovação ampla não deve ser avaliada por lente estreita, sendo que a consulta conseguiu olhar o setor de forma holística sem deixar de abordar questões específicas. Os ativos digitais atingiram velocidade crítica e a revolução não pode ser ignorada com alterações parciais na política de serviços financeiros herdados que não funcionarão, com formuladores de políticas que necessitam adaptá-las e que atendam aos seus propósitos como o caso de Ativos Digitais, DAPP, que pedem "nova estrutura para regulamentação" que "garanta que a inovação possa ocorrer de modo que não seja prejudicada pela dificuldade de transição da estrutura de mercado herdada".
Moral da Nota: é fato que um em cada seis australianos possuem criptomoedas, com o valor total de participação subindo a US$ 8 bilhões, conforme recente pesquisa, sendo que o relatório do Finder Consumer Sentiment Tracker foi publicado online além de pesquisa mensal em andamento da Qualtrics com mil australianos representativos no país. A criptomoeda mais popular é o Bitcoin com 9% dos australianos atualmente utilizando e cerca de 8% indicaram que possuem Ethereum, 5% Dogecoin, enquanto o Bitcoin Cash é detido por 4% da população, descobrindo-se que 35% dos entrevistados acreditam que o Bitcoin acabará fazendo mais transações que a moeda tradicional, significando que um em cada três australianos acreditam que o Bitcoin substituirá dinheiro fiduciário até 2050. A proporção de crentes no Bitcoin aumentou para 52% nos entrevistados da Geração Z, além disso, 50% dos entrevistados indicam acreditar que o Bitcoin é um investimento legítimo, com homens duas vezes mais propensos que mulheres, 23% vs 11%, possuirem criptomoedas, no entanto, tendências favorecem mulheres com proporção das que possuem criptomoedas subindo de 7% em janeiro enquanto a proporção de homens caiu 29%. O maior impedimento para comprar criptomoedas é a volatilidade e o risco percebido, surpreendentemente, de acordo com a pesquisa, mais homens que mulheres, 50% vs.37%, relutam comprar criptomoedas por esses motivos, além da dificuldade em entender como as criptomoedas funcionam com 28% respondendo que investiriam se entendessem como funcionam, enquanto 18% falam que investiriam se entendessem como realmente fazer. O relatório demonstra o efeito dos influenciadores globais de mídia social no sentimento criptomoeda, com mais da metade dos australianos, 52%, recebendo notícias em plataformas de mídia social como o Twitter onde se localizam muitos influenciadores do mercado de criptomoedas.