Na XXX Conferência de Energia La Jolla com participação virtual de funcionários, representantes empresariais e analistas da América Central e Caribe foi discutido avanços na transição energética à matrizes mais limpas, através das energias renováveis e gás. No terceiro turno de debates da Conferência organizado pelo Institute of the Americas (IA) em La Jolla, Califórnia, o secretário executivo da Comissão Nacional de Energia de El Salvador avisou que “na última década, a matriz energética migrou da importação de fósseis à utilização de renováveis” com o leilão de renováveis e usinas de ciclo combinado, gerando no último trimestre mais de 90% das energias renováveis. El Salvador espera que 255 megawatts, Mw, entre em operação com base na queima de gás antes de março de 2022, além da construção pela empresa Energía del Pacífico de planta de regaseificação de GNL, gás liquefeito no leste do país, parte do complexo energético do BID Invest, braço de financiamento privado do Banco Interamericano de Desenvolvimento. O governo salvadorenho almeja ser neutro em carbono em 2050 com emissões poluentes e evitadas zero via energia eólica, solar, fotovoltaica e geotérmica.
A presidente da internacional Energy Intelligence Consulting disse que a “América Central incorporou energias renováveis à matriz energética de todos os países com liderança da Costa Rica pelo forte compromisso ambiental. O Panamá e Guatemala realizaram leilões de eletricidade nos últimos anos com preços baixos, além de haver eletricidade em abundância necessitando aumentar a demanda". Dados da Comissão Econômica à América Latina e Caribe, CEPAL, revela que a maior parte da geração de eletricidade na América Central provém de hidroeletricidade, fósseis, renováveis e geotérmica, nesta ordem, buscando menor dependência de compras externas reduzindo a baixa emissão de carbono. O superintendente de Eletricidade da República Dominicana, destaca que o país tem 37% a partir do gás utilizado como combustível de transição além de aumento nos projetos solares e eólicos, prestes a licitar planta de GNL no norte do país e incorporar 200 MW gerados com gás. Trinidad e Tobago tem “intenção de incorporar energia solar e hidrogênio” no âmbito da Global Alliance Plus Climate Change Initiative, UE e Trinidad constróem parque solar de 110 MW com orçamento de mais de 1,5 milhão de dólares.
Moral da Nota: desafios da evolução energética como necessidade de armazenamento em baterias e hidrogênio a partir do gás ou de fontes renováveis, implicam em “transformar marco regulatório obsoleto, incluindo armazenamento e hidrogênio, promovendo e aprofundando eficiência energética e reduzindo vulnerabilidade além de otimizar recursos naturais”. El Salvador e Costa Rica são parte da Plataforma de Hidrogênio Verde à América Latina e Caribe, H2LAC, com cooperação alemã e, no caso salvadorenho, projeto geotérmico no leste do país para hidrolisar água e injetar o fluido no Sistema de Interconexão Elétrica dos Países da América Central. A República Dominicana promove revisão da Lei de Energias Renováveis em vigor desde 2007 e “adequá-la ao armazenamento e carros elétricos” e a NewGen, empresa de Trinidad, avança projeto de exploração de hidrogênio utilizando calor da usina de ciclo combinado para eletrolisar água e gerar eletricidade além de produzir amônia verde para fertilizantes. O futuro do transporte, parte da agenda da XXX Conferência, incluiu eletrificação, a perspectiva do gás na América do Sul, cooperação energética entre EUA e México, futuro dos hidrocarbonetos e o financiamento da recuperação econômica pós-COVID.