A maior usina fotovoltaica em operação na América Latina, o Complexo Solar Cerro Corredor no deserto do Atacama, norte do Chile, privilegia o país andino na produção de hidrogênio verde promovendo desenvolvimento do novo combustível graças às ótimas condições de geração de energia solar e eólica, no entanto, a necessidade de grande investimento e escassez de água são obstáculos à superar. A Estratégia Nacional chilena de Hidrogênio Verde busca produzir o hidrogênio mais barato do mundo até 2030, tornando-se exportador líder em 2040 e com capacidade de eletrólise de cinco gigawatts, GW, até 2025. A meta de geração de eletricidade limpa foi elevada no país andino para 40% até 2030 com a inauguração no norte de Antofagasta do Complexo Cerro Dominador, a maior usina solar da América Latina, aí, início da entrada do hidrogênio verde na equação. Cálculos indicam que em 2030 o Chile produzirá hidrogênio a US$ 1,5/Kg, preço competitivo com fontes fósseis, prevendo ao setor de energia mercado potencial de 25 bilhões de dólares nesse ano.
O hidrogênio, elemento mais abundante no universo, utilizado para refinar petróleo, metanol ou aço, por exemplo, era gerado a partir de fontes fósseis contribuindo à emissão de gases efeito estufa. O hidrogênio verde renovável é combustível obtido pela eletrólise da água, processo que separa hidrogênio de oxígênio contidos na água, com eletricidade oriunda de fontes limpas como a solar e eólica, não contribuintes ao aquecimento global, com energia representando 70% de custo no processo, daí, fundamental, multiplicar o declínio sustentado no país dessas fontes. Nessa idéia, está prestes a começar a ser construída na região sul de Magalhães, a Usina Haru Oni onde será aproveitada a abundante energia eólica proporcionada por fortes ventos da região, com investimento de US$ 45 milhões que produzirá metanol ecológico a partir do hidrogênio verde e a gasolina resultante utilizada em veículos convencionais.
Moral da Nota: a consultora María Isabel González, gerente da empresa de Energia e ex-secretária executiva da Comissão Nacional de Energia do estado, tem dúvidas sobre o compromisso nacional com o chamado combustível do futuro, ao dizer, “produzir hidrogênio verde no Chile é objetivo ambicioso que não se ajusta à realidade. Basta comparar investimentos que países como Austrália dedicam com projetos de mais de 27 gigawatts e um investimento de 36 bilhões de dólares”. Argumentam que o contraste da aposta com a pobreza energética de metade da população chilena, país de 17,5 milhões de habitantes, sem acesso a água quente e residências utilizando lenha à aquecimento, urge, afrontar necessidades básicas da população. Sob a ótica chilena é preciso olhar estratégico sobre o que será feito com a água, resíduos, participação cidadã, transmissão, demandas de espaço, tudo, necessitando transparência e discussão com a comunidade.