Cientistas do Centro de Pesquisas Conjuntas da Comissão Européia detectaram grande diferença, igual ao valor das emissões anuais dos EUA, entre emissões que causam aquecimento global reportada pelos países e a quantidade que chega à atmosfera conforme modelos independentes. A lacuna de 5,5 bilhões de toneladas de CO2/ano não é por erro cometido, mas por diferenças de métodos científicos utilizados em inventários nacionais reportados pelos países sob o Acordo de Paris de 2015 e métodos utilizados por modelos internacionais. O estudo publicado na Nature Climate Change, diz que a diferença pode significar que alguns países necessitem ajustar suas reduções de emissões, como exemplo, modelos nacionais dos EUA e outros países exibem maiores territórios florestais para sequestro de carbono que modelos independentes. Conclui que estimativas nacionais que permitem definições mais flexíveis dessas áreas, mostram 3 bilhões de hectares de florestas administradas pelo mundo a mais que os modelos independentes, alertando que o risco é países afirmarem que suas florestas absorvem grandes quantidades de emissões e deixarem de fazer o suficiente para cortar emissões de carros, residências e fábricas. Trata-se de linguagens divergentes impactando nos objetivos de elevação da temperatura pelo acordo do clima, necessitando urgente discussão visando unificação da normatização em padrões aceitos por todos.
Na premissa anterior, pesquisa publicada na “Nature”, mostra abrangente panorama sobre perda de massa de gelo de 220 mil geleiras no mundo, fato relacionado a elevação do nível do mar. Derretendo em ritmo acelerado as geleiras mostram reação mais rápida à mudança climática, se comparadas com placas de gelo da Groenlândia e Antártida, com quase todas perdendo massa em ritmo acelerado e de acordo com a Nature poderão alterar projeções futuras sobre perda de gelo. Com imagens de alta resolução entre 2000 e 2019 do satélite Terra da Nasa cientistas notaram que as geleiras, exceção das placas de gelo da Groenlândia e Antártida, excluídas do estudo, perderam 227 gigatoneladas de gelo/ano entre 2000 e 2004 à média de 267 gigatoneladas de gelo/ano, cifra que subiu à média de 298 gigatoneladas de gelo/ano depois de 2015, sendo que uma gigatonelada de gelo preencheria o Central Park de Nova York chegando a 341 metros de altura ou 0,74 milímetros/ano ou 21% observado no período. Estudos anteriores sobre geleiras individuais só respondem por 10% do planeta, enquanto o atual preenche lacunas na compreensão da perda de massa de gelo e leva a previsões mais exatas, segundo Robert McNabb, coautor do estudo e cientista de detecção remota da Universidade Ulster britânica.
Moral da Nota: entre nós, a Coca-Cola aderiu ao programa Adote um Parque na Amazônia patrocinando reserva protegida na floresta ao lado da Heineken e empresas globais. Lançado pelo governo federal o programa trás a Coca-Cola como oitava empresa a adotar Área de Relevante Interesse Ecológico como o Javari-Buriti por R$ 658.850 por um ano, parque de 132 kms² incluindo formações mais densas de floresta de palmeiras buriti no mundo. A adesão da Coca Cola é acompanhada pela Heineken que prometeu R$ 466.900 à reserva amazônica de 93 kms² abrigando comunidade de quilombolas no Maranhão, com recursos segundo o governo, utilizados em melhorias de infraestrutura e preservação ambiental.
Em tempo: a adesão das empresas ao programa Adote um Parque na Amazônia é passo a frente. Vale alertar ao fato que o programa pode ser inserido em rede de contabilidade distribuída sobre pegada de carbono do doador, alavancando mercado de carbono no Brasil. Ao complementar com determinação da pegada de carbono da Coca cola e Heineken entre nós, torna-se mais que patrocínio e sim mitigação da pegada calculada abatendo em créditos de carbono por tonelada de CO2 lançada na atmosfera. Inserir a verba na neutralidade de carbono da empresa avança cumprimento dos acordos do clima em Paris, ao lado de transparência no gasto pela inserção do financiamento na construção blockchain do programa para que o doador saiba onde e como foi gasto o dinheiro.