A meio caminho de dobrar níveis pré-industriais o CO2 atinge recorde crítico chegando a 420 partes/milhão, enquanto o planeta aqueceu mais de 2ºC. A concentração de CO2 atmosférico pela primeira vez na história registrada, medida no Observatório Mauna Loa na Ilha Grande do Havaí, revela nivel constituindo marco no aquecimento do planeta ou metade do caminho para dobrar níveis pré-industriais de CO2. Na altitude de 11.135 pés, no cume do vulcão, monitora-se tempo e química da atmosfera desde a década de 1950 localização que permite amostragem do ar mais puro disponível, fornecendo representação de como os humanos influenciam irreversivelmente sistemas climáticos. No início das medições de CO2 a concentração de CO2 era 315 partes/milhão e, em 3 de abril de 2021, a média diária foi estimada em 421,21 partes/milhão pela primeira vez na história da humanidade já que nunca havia ultrapassado 420 partes por milhão. Uma atmosfera mais quente suporta mais seca em algumas áreas e inundações em outras, ao lado de furacões e tufões mais fortes e o potencial para mais tempestades se intensificarem rapidamente de forma perigosa e imprevisível.
As emissões de CO2 são produto da indústria de eletricidade, da produção e do transporte, só os EUA emitem mais de 5 bilhões de toneladas métricas de CO2/ano, ou, o peso de 13,2 milhões de Boeings 747 carregados, ou, 68 mil monumentos de Washington. Metade do CO2 emitido fica na atmosfera induzindo aquecimento, enquanto mais de um quarto é absorvido por oceanos acidificando a água e perturbando ecossistemas marinhos. Alcançar e superar a concentração de 416 partes milhão significa que ultrapassamos o ponto médio entre níveis pré-industriais de CO2, 278 partes/milhão e a duplicação desse valor ou 556 partes/milhão. O recorde de 421 parte/milhão ocorreu enquanto os níveis de CO2 se aproximavam do pico anual, no entanto, níveis nos últimos dois meses de mais de 417 partes/milhão sinalizam concentração média anual provavelmente maior 416 partes/milhão. A antecipada duplicação do CO2 atmosférico provavelmente no ano 2060 está associada ao aquecimento para o planeta previsto de três graus ou mais, enquanto dobrar os níveis de CO2 levará ao aumento de temperatura entre 2,3ºC e 4,5ºC descartando cenários mais modestos de aquecimento. Mesmo que as emissões de gases estufa despencassem a noite o planeta continuaria aquecendo nos próximos anos, por isso, níveis de CO2 em Mauna Loa continuaram subindo e estabelecendo recordes apesar da redução breve e dramática nas emissões globais pela pandemia do coronavírus.
Moral da Nota: amostras de gelo glacial indicam que os níveis de CO2 modernos são mais altos que em qualquer ponto nos últimos 800 mil anos, já o metano, fator importante do aquecimento do clima, mostrou “aumento sem precedentes” segundo o British Antarctic Survey. A agricultura, especificamente criação de gado e manejo de esterco, é a principal fonte de metano nos EUA seguida pela produção de petróleo, gás natural, mineração de carvão e aterros sanitários. O CO2 é oito vezes mais abundante na atmosfera, no entanto, o metano é mais eficaz no aquecimento enquanto o hexafluoreto de enxofre, gás efeito estufa da produção de isoladores em redes elétricas, atingiu recordes históricos de 10 partes/trilhão, embora, sua concentração permaneça em ordens de magnitude mais diluída que a maioria dos principais gases estufa cuja taxa de aumento na atmosfera dobrou desde 2003. O hexafluoreto de enxofre é milhares de vezes mais potente, uma única molécula causa 23.900 vezes mais aquecimento que uma molécula de CO2 e uma única molécula de hexafluoreto de enxofre permanece na atmosfera por mais de três milênios. Ao encerrar, o secretário-geral da ONU em discurso na Universidade de Columbia, disse que as nações precisam cortar emissões em pelo menos 6%/ano até 2030 para evitar ultrapassar o limite de 1,5 grau.