quarta-feira, 3 de junho de 2020

Desperdício Blockchain

A América Latina de acordo com OCDE e FAO responde por 14% da produção agrícola mundial com estimativa de chegar a 25% das exportações globais, no entanto, o desperdício chega a 127 milhões de toneladas de alimentos/ano. O rastreamento da cadeia de suprimentos pelo IBM Food Trust tem adesão de Walmart, Carrefour, Nestlé, BRF, Agricom e S4, rastreando cadeia de suprimentos diminuindo perdas. A Agricom, produtora e exportadora chilena de frutas, tem alianças no Peru, México, Colômbia e EUA incorporando blockchain da IBM para rastrear frutas do mercado nacional e exportadas às Américas, Ásia e Europa. A empresa compartilhará informações sobre produtos com parceiros de negócios, tornando-se transparente aos consumidores finais, reduzindo perdas na cadeia de produção e distribuição. A S4, empresa argentina do programa Startup with IBM, desenvolve tecnologia de redução de risco na produção agrícola com o produto S4Go, via recomendações agronômicas georreferenciadas, monitoramento de cultivos por satélite e estimativa de produtividade. A blockchain, registra localização geográfica dos lotes com informações técnicas no momento em que são desenhadas, compartilhando-as, indexando crescimento via inteligência artificial, diminuindo desperdício e criando visibilidade desde a produção.
A BRF, empresa do setor de alimentos, usa blockchain em parceria com a IBM e Carrefour rastreando itens na cadeia de produção, no entanto, foca na tecnologia para evitar desperdício. Por meio de programa de incentivo à startups visando resolver desafios se aproxima do universo universitário e científico através do Emerge Labs BRF, decorrente falta de foodtechs ‘tech’ (com tecnologia) no Brasil. No foco do programa BRF estão tecnologias para processos industriais relacionados a embalagens, novos materiais, biotecnologia e biossegurança, nanotecnologia, inteligência artificial, blockchain, internet das coisas ou indústria 4.0, logística, criação ou plantio, tempo de prateleira dos produtos, aditivos e ingredientes etc. A receita de inovação representa 3% do total da companhia e em 2023 a expectativa é alcançar 10%, resultado de lançamentos, sendo que em 2019 a empresa colocou mais de 100 novos produtos no mercado.
Moral da Nota: entre 2017 e 2018 o estado de Minas consumiu 40 milhões de metros cúbicos de carvão vegetal e o sistema de transporte da carga é por formulários em papel, com produção insegura de documentos físicos passando no processo por muitas pessoas. Uma parceria da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico Planejamento e Gestão de Minas Gerais com o governo da Holanda, insere rastreamento blockchain na cadeia de suprimento do carvão vegetal. O projeto integra informações e assegura origem do carvão por sistema que acompanha o produto do plantio a venda, semelhante a Food Trust IBM, com registro adicionado visualizado por partícipes, facilitando fiscalização, emissão de licenças, pagamento de taxas e controle sobre o carvão ilegal. Além da segurança o sistema reduz tempo de análise aumentando eficiência do processo e reduzindo custo, proporcionando vantagem competitiva ao governo de Minas Gerais uma vez que reduz burocracia e aumenta eficiência.
Rodapé: a iniciativa mineira é eficaz porém tímida. Urge rede estadual blockchain para inserir startups visando rastreamento da cadeia de produção, agricola, calçados ou vestuário dando espaço à logistica reversa, reflorestamento, setor pesqueiro, reciclagem e e-commerce, alavancando eficiência, agilizando investimentos e pagamentos para micro e pequenas empresas.