domingo, 7 de dezembro de 2025

Visita de Estado

O presidente da Rússia visitou a Índia a convite, com o conselheiro presidencial russo, Yuri Ushakov, dizendo "ser um grande sucesso fortalecendo relações amistosas" entre Rússia e Índia, que "já, em ascensão". Inseridos no clima da COP30, vislumbra mais que amizade, busca metas a futuro aquecido e resiliente, valendo considerar que os indianos, aos desatentos, possuem mais que miséria, tem um Brasil, 200 milhões, de pós doutorado, quer dizer, a conversa é outra. Conversam grande, pensam alto, à nós, parceiros no Brics e maiores por aqui, nos leva a pensar como participar. Em conferência de imprensa a Rússia reafirma papel como fornecedor de energia aos indianos, além de hidrocarbonetos, construção de central nuclear e transferência de tecnologia por parte de Moscou à reatores modulares menores e tecnologia nuclear em áreas como agricultura e medicina. Assinaram contrato à criação, na Rússia, de fábrica conjunta de produção de medicamentos de alta qualidade contra o câncer, criação de fábricas conjuntas em território russo à produção de fertilizantes.

Neste ambiente, indianos começam fabricar componentes ao avião de passageiros russo SJ-100, além de livre comércio entre Índia e o mercado comum da União Econômica EuroAsiática, acordando intensificar implementação do Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul que ligará Rússia e Índia através de rede de rotas imunes a abusos logísticos ocidentais, segundo eles, bem como cooperação à utilização da Rota Marítima do Norte, no Ártico, trajeto mais curto entre Ásia e Europa. Acirram competição militar InterBrics com a China, parceira do Paquistão, apontando à compra, por parte da Índia, de caças russos Su-57, avançados sistemas de defesa antimísseis S-400 e equipamentos à Marinha Indiana. O diálogo russo indiano remete à margem da 25ª Cúpula da OCX,Organização de Cooperação de Xangai, na cidade chinesa de Tianjin, "onde tiveram conversa boa e produtiva", além de conversas telefônicas enquanto o presidente russo recebeu o Conselheiro de Segurança Nacional da Índia, Ajit Doval, e o Ministro das Relações Exteriores, Subrahmanyam Jaishankar, em Moscou. Vale a nota que em conversas privadas são "discutidas questões mais relevantes, sensíveis e importantes das relações bilaterais e situação internacional" como a aprovação de programa ao desenvolvimento da cooperação econômica russo-indiana até 2030 além de documentos intergovernamentais, bem como acordos e memorandos entre entidades comerciais. Considera dificuldades populacionais russas no envelhecimento populacional, em pauta, acordo sobre mobilidade laboral entre os países e criação de sistemas de pagamento que poderiam "fornecer alternativa a sistemas que podem ser usados ​​como ferramenta política para exercer pressão". Com relação IA "a parceria com os indianos abrange áreas como exploração espacial, energia, construção naval e aviação" em que empresas russas e indianas estabelecem relações comerciais mesmo antes da situação na Ucrânia e "crucial garantir estabilidade em áreas-chave de cooperação, pois, contribui à alcance de objetivos", assim se expressou o presidente russo. 

Moral da Nota: o comércio bilateral Rússia/Índia atingiu US$ 68,7 bilhões em 2024-2025, com planos de atingir US$ 100 bilhões até 2030, daí, discussões envolvendo expansão de exportações indianas à Rússia, cooperação financeira e introdução do sistema de pagamentos russo “Mir” na Índia, o acordo de mobilidade laboral permite trabalhadores indianos 'qualificados' apoiarem projetos russos em TI, construção e indústria. Na questão militar, 70% do arsenal de defesa indiano é russo, sendo seu inimigo potencial o Paquistão Chinês, inclusive, na ciberguerra, no embate sino iraniano sobre israelenses, com possíveis capacidades de bloquear GPS marítimo no Golfo e em aeronaves civis e militares mundo afora. A India deve ganhar escala na produção conjunta de jatos Su-57, sistemas avançados de defesa aérea S-500 e transferência de tecnologia no âmbito da iniciativa “Make in India”, considerando que na recente guerra relâmpago Índia/Paquistão, houveram restrições aos franceses. Na berlinda a Eurásia com o Corredor Internacional Norte-Sul, ITC, projeto logístico desenvolvido em 1999 pela Rússia, Irã e Índia ao criar rota multimodal ferroviária, marítima e fluvial conectando São Petersburgo ao porto indiano de Mumbai, quer dizer, Eurásia e Sul da Ásia, alternativa mais curta e econômica ao Canal de Suez que realizou sua 1ª remessa em 2022, compreendendo 3 rotas, ou, Transcaspiana, Oriental e Ocidental, permitindo a Rússia acesso aos portos do sul do Irã e, a partir daí, ao Golfo Pérsico e mercados do Sul e Sudeste Asiático. Por fim, em  a linha ferroviária Rasht-Astara atravessa o Irã "ferrovia de 162 km entre as cidades iranianas de Rasht e Astara que permitirá conexão à rota Norte-Sul", conectando portos russos no Mar Báltico e mares do norte com portos iranianos no Golfo Pérsico e costas do Oceano Índico.