Padrões de chuva e clima à medida que se modificam tornam-se preocupações ao lado de mudanças climáticas, com a Cúpula do Calor da Índia 2025, por exemplo, deliberando sobre o aumento das temperaturas e soluções compartilhadas, além de aconselhar o governo sobre medidas de longo prazo para lidar com seu impacto. Como um dos países mais vulneráveis aos impactos projetados das mudanças climáticas a Índia coloca o estresse térmico emergindo como maior preocupação, já que, a perspectiva de calor extremo e estresse térmico surgem das mudanças generalizadas e rápidas nas temperaturas oceânica, ao lado do aumento constante da retenção de calor na atmosfera. A deliberação decorrente a Cúpula de calor indiana de 2025, se concentra em questões relativas às chuvas fora de época, intensas e frequentes, que ocorrem nas partes ocidentais dp pais, incluindo Mumbai quebrando recorde de 100 anos preocupando ambientalistas pela alta intensidade em curto período, com Saumya Swaminathan, presidente da MSSRF, esclarecendo que, inundações urbanas estão aumentando em parte, às mudanças climáticas e, em parte, ao planejamento inadequado, embora a precipitação pluviométrica total mude ao longo da década, agora, caindo em menos horas e tornando mais difícil às cidades lidarem com a questão. Vishwas Chitale, do Conselho de Energia, Meio Ambiente e Água, ressalta que chuvas irregulares e monções precoces não são fenômenos novos, observados há muitos anos, no entanto, o que mudou foi intensidade e concentração pluviométrica em períodos curtos, com estudos mostrando que regiões como Rajastão, Gujarat, Maharashtra central e Karnataka registraram aumento de 30% nas chuvas na última década comparados a média dos últimos 30 anos, esse aumento não tem distribuíção uniforme ao longo da estação, em vez disso, é marcado por chuvas curtas e intensas como observadas em Mumbai, resultado cada vez mais errático das monções. Existe consenso que tais padrões climáticos extremos resultam das mudanças climáticas, apontando à lacunas na governança, com Aarti Khosla, da Climate Trends, observando que o aquecimento oceânico carrega mais umidade levando à chuvas mais intensas e erráticas enfatizando que cidades mal preparadas à tais eventos carecem de infraestrutura resiliente ao transporte, saúde pública e resposta a emergências, segundo ela, o início precoce das monções, como em Mumbai, é sinal de alerta e a Índia precisa integrar dados meteorológicos ao planejamento urbano à proteger populações vulneráveis.
O IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, órgão científico climático da ONU, projeta a Índia como uma das regiões mais vulneráveis a ondas de calor, estresse por calor úmido e eventos climáticos extremos em mundo 1,5°C mais quente, ameaças que podem trazer consequências irreversíveis com mais de 90% da força de trabalho empregada no setor informal, enfrenta maior exposição a perigos físicos e riscos econômicos do aumento do estresse por calor. Tem experimentado nos últimos anos temperaturas recordes, com o início do verão já em fevereiro ou março e ondas de calor frequentes, prolongadas e intensas, em muitas áreas as temperaturas atingiram 50°C nos últimos anos levando ao aumento de doenças e morte, especialmente grupos vulneráveis como idosos, crianças e trabalhadores ao ar livre. Lembrando que, a Índia abrange 5 zonas climáticas distintas, tropical, árida, semiárida, temperada e alpina, todas, sofrendo perturbações devido ao aumento das temperaturas, com o norte, apresentando derretimento das geleiras e formação de lagos glaciais agravando riscos de inundações, além de Incêndios florestais e água escassa pressionando ecossistemas montanhosos. Regiões áridas e semiáridas apresentam padrões de chuvas irregulares, alterando ciclos agrícolas em que zonas climáticas tradicionais se invertem e áreas de inundações enfrentam secas e, vice-versa, ao longo dos 7.500 km de litoral indiano a Baía de Bengala e o Mar Arábico testemunham aumento da ciclogênese, levando a tempestades mais e frequentes, intrusão de água salgada, ondas de calor úmidas, afetando pescaria e riscos crescentes de aumento do nível do mar. Estudos científicos mostram mudança espaço-temporal na ocorrência de ondas de calor na Índia, com tendências crescentes no noroeste, centro e centro-sul, conforme a NDMA, Autoridade Nacional de Gestão de Desastres, o custo econômico e social dessas condições extremas são estimados pelo Reserve Bank of India que calor e umidade extremos podem levar a perda de 4,5% no PIB até 2030 devido à redução da produtividade no trabalho, que mudanças nos padrões de monções e aumento das temperaturas podem reduzir o PIB em 2,8% até 2030 potencialmente diminuindo padrões de vida de metade da população até 2050. Por fim, observa-se que em maio de 2024, o consumo de energia nacional aumentou 15%,com pico recorde de demanda de 250,07 GW, impulsionado pelo calor extremo superando recordes anteriores, com especialistas projetando aumento de 9%/10% na demanda por energia em 2025 impulsionado por forte aumento nas vendas de aparelhos de ar condicionado destacando crescente demanda por energia e crescente disparidade no acesso.
Moral da Nota: relatório do WELL Labs de 2023 observa que "transição sustentável à cultura com menor consumo de água exige estabelecimento de vínculos de mercado à alternativas, o contrário, o status das águas subterrâneas na maioria das regiões continuará crítico e superexplorado", ao passo que culturas indianas como leguminosas, lentilhas, baunilha, pimenta-do-reino utilizam relativamente pouca água e podem ser promovidas em áreas que lutam com esgotamento dos lençóis freáticos. Em conseuência, agricultura intensiva piora a crise das mudanças climáticas, modelo insustentável que contribui às emissões de gases efeito estufa aprofundando poluição do ar, aquecendo cidades e alterando ecossistemas, enquanto o cultivo de culturas híbridas e arroz contribui ao aumento das mudanças climáticas e degradação do solo. A Índia se esforça para alimentar sua população e reduzir dependência de importações de alimentos, no entanto, a rápida intensificação da agricultura leva a alto custo ambiental, já que, a expansão agressiva de terras agrícolas, o aumento do uso de fertilizantes químicos e práticas de uso intensivo de água como o cultivo de arroz, não apenas degradam o solo, mas, aceleram mudanças climáticas. A agricultura contribui com 16%/18% do PIB indiano, 2º maior contribuinte às emissões de gases efeito estufa, GEE, e, conforme relatório submetido à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, UNFCCC, pelo Ministério do Meio Ambiente, Florestas e Mudanças Climáticas da União, as emissões totais devido à agricultura aumentaram 4,5%, de 2.531 MtCO2e em 2016 à 2.647 MtCO2e em 2019. A agricultura indiana se expandiu com destruição de terras florestais para atender demanda de população e reduzir dependência de importações, além do desmatamento, cultivo de culturas híbridas e arroz contribuírem ao aumento das mudanças climáticas e degradação do solo. Considerando que a Índia é o 2º maior produtor e consumidor de arroz em casca do mundo, com área cultivada de 40,87 milhões de hectares em 2024 que pode levar a 60 milhões de toneladas de emissões de metano/ano, estimativa do IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, daí, emissões de metano ocorrerem a partir da prática de alagamento usada para cultivar arroz em estágios iniciais, prática, que levou ao aumento das emissões de óxido nitroso e degradação do solo. Para concluir, pulverização de fertilizantes aumenta rendimento das culturas levando ao aumento da poluição com escoamento do solo podendo levar à contaminação de águas subterrâneas, já que, gotículas de fertilizantes misturadas no ar levam a problemas respiratórios e de pele sendo o nitrato principal componente da poluição causada por fertilizantes e pesticidas, dissolvido em água quando consumido, prejudica a saúde humana causando irritação nos olhos e pele, produzindo sensação de queimação, sendo que o cobalto pode causar danos aos pulmões, o boro leva a baixa contagem de espermatozoides e o manganês prejudica a saúde respiratória, reprodutiva e gastrointestinal.