O desenvolvimento de sistemas de pagamentos ocidentais leva ao BRICs, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul dar passo à criação de sistema de pagamentos buscando transformar as transações internacionais entre países membros e, no Fórum Empresarial do grupo, foi apresentado o BRICS Pay, cartão de pagamento blockchain projetado para facilitar transações comerciais entre membros do bloco reduzindo dependência ao sistema SWIFT. A intenção de quem promove a novidade é que o BRICS Pay seja mais que um simples cartão de débito, focado, segundo os criadores, em construir sistema financeiro global mais justo e equitativo onde países em desenvolvimento tenham mais voz e possam realizar transações sem restrições impostas por potências ocidentais, com o especialista em tecnologia Héctor Lucero esclarecendo que “o cartão foi testado no fórum funcionando via aplicativo mobile e permitindo realização de pagamentos em estabelecimentos que aceitam o BRICS Pay ”. Explica que a blockchain subjacente “garante segurança e transparência das transações e possibilidade de estabelecer relações diretas entre bancos partícipes agilizam pagamentos internacionais”, enquanto Diego Zaldívar, que faz parte do Hall da Fama Bitcoin, dizendo que “estamos no meio de processo de mudança em relação a quem controla o dinheiro, criptomoedas e corporações", continuando dizer que “o BRICS é algo que a China já está fazendo, não é uma CBDC, moeda digital do banco central, mas, híbrido, cada país mantém seu sistema interno de pagamentos e não entram na fronteira, não possuem moeda de referência e podem trabalhar com moedas locais." O especialista em política internacional, Edgardo Aguirre, esclarece que o objetivo “faz parte de estratégia BRICS em reduzir dependência ao dólar americano e promover cooperação econômica entre os membros”, considerando que o BRICS Pay se insere em interoperabilidade permitindo que pagamentos em diferentes moedas nacionais, além de tecnologia QR usando códigos QR para pagar com rapidez e segurança, com inclusão financeira, ampliando acesso a serviços financeiros da população excluída e integração com plataformas de pagamento como Visa, Mastercard e WeChat Pay, no entanto, segundo Gutierrez Zaldívar, “dizem que é descentralizado e a única maneira seria com mecanismo de prova de trabalho, como o Bitcoin, portanto, ainda tem controle de membros ou colaborativo podendo ser distribuído, mas não descentralizado”. O bloco expressa preocupação com a dependência ao dólar norte-americano e sanções impostas pelos EUA que dificultam transações comerciais e financeiras, com o “BRICS Pay se apresentando como solução à esses problemas, oferecendo alternativa mais autônoma e resistente às pressões geopolíticas ”, na verdade, a página do projeto indica que “busca objetivo partilhado entre nações que lutam por políticas independentes e bem-estar dos cidadãos ”.
A intenção de se desvincular do dólar colocam o conceito em horizonte mais próximo, na buca por reorientação do comércio internacional Ocidente/Oriente, congelamento de ativos da Rússia e seu banco central em US$ 300 bilhões pós invasão da Ucrânia, impacto da alta do dólar em países emergentes devido aumento das taxas dos EUA, posição do Brasil a favor da desdolarização levantada com a China com quem mantém acordos comerciais de US$ 150 bilhões, proposta brasileira de criar moeda latino-americana, ascensão econômica da China a nível mundial e entre os BRICS, 70% do total, e seu papel como credor, além da Rota da Seda, projeto à conectar comércio da Ásia ao mundo e o avanço do yuan nas transações inter fronteiras com recorde de US$ 550 bilhões. Especialistas defendem que “o avanço de moeda comum é estratégia relacionada com a organização de nova ordem mundial em torno da China, facilitando países emergentes com dificuldades com o dólar” e, como sinal de poder, concentrando-se a nível global com 22% da superfície continental, 42% da população, 24% do PIB, 16% das exportações e 15% das importações, com o diretor do Observatório Sino-Argentino, dizendo que o BRICS começou como plataforma de cooperação em comércio e investimentos à grandes economias emergentes e economias menores como Argentina, México, Arábia Saudita e Indonésia, agora, propõe opção ao sistema monetário internacional. Afirma que, embora o dólar mantenha supremacia, a China avança em contexto favorável, com o dólar questionado por países endividados como Argentina ou Paquistão, explicando que “há intenções de gerar alternativas que proporcionem autonomia aos bancos centrais, com a China já implementando com sucesso o yuan cuja ideia é trazê-lo ao intercâmbio bilateral e multilateral dos BRICS”, concluindo que, “um ressurgimento dos BRICS e rearranjo geopolítico nas plataformas lideradas pela China permite ao bloco avançar na própria moeda virtual com aval da Rússia, Brasil, África do Sul e Índia, relutante, devido sua posição neutra consequente inimizade com a China e equilíbrio com os EUA". A possível criação de moeda comum é projeto BRICS, embora cada um dos membros avança individualmente no desenvolvimento das próprias CBDCs, moedas digitais do banco central, com a China desenvolvendo o yuan digital desde 2014 e conduzindo testes em escala, esperando-se que mais de 900 milhões de pessoas o utilizem na próxima década, além da Rússia cujo banco central aguarda autorização parlamentar para começar testar o rublo digital, além disso, oferece a tecnologia a outras nações, com a Índia trabalhando na e-rúpia blockchain, em projeto piloto, 1,3 milhão de pessoas e 300 mil comerciantes já utilizem e, o Brasil, trabalhando no real digital, com entidades como Bradesco, Banco do Brasil e Itaú. Por fim, vale destacar que o dólar domina o mercado mundial com quase 90% das transações e 60% das reservas do banco central, no entanto, grande parte do comércio global se organiza em torno da Nova Rota da Seda promovida pelos chineses, que por sua vez, é credor e investidor em grande número de países, incluindo a Argentina, que “adere à Nova Rota da Seda e é o 3º país com mais investimentos chineses na região, sendo que o atual governo argentino preferiu dar nos rumos ao país.
Moral da Nota: o Instituto de Políticas Bitcoin através do documento 'Caso do Bitcoin como Ativo de Reserva', espalha que os bancos centrais detiveram coletivamente US$ 2,2 trilhões em ouro no primeiro trimestre de 2024 e continuam expandir alocações no metal, com o documento argumentando que deveriam adotar o Bitcoin como ativo de reserva para se proteger da inflação crescente, riscos geopolíticos, riscos de controle de capital, inadimplência soberana, falências bancárias e sanções internacionais impostas pelos EUA. O autor do documento, o economista Matthew Ferranti, defendeu que o Bitcoin é “diversificador de portfólio eficaz” devido sua baixa correlação com outros instrumentos financeiros, destacando que a ausência de risco de contraparte no Bitcoin como proteção eficaz contra inadimplências soberanas incluindo risco de sanções financeiras, que Ferranti classificou como meio de “inadimplência seletiva” que afeta países como Venezuela e Rússia, esclarecendo ainda que, a alocação em Bitcoin e ouro pode não ser a solução aos bancos centrais, no entanto, o ativo digital emergente apresenta propriedades de reserva de valor e proteção similares ao ouro, especialmente contra a rápida desvalorização monetária. O documento do Instituto de Políticas do Bitcoin reforçou pedidos de candidatos presidenciais e legisladores norte americanos para estabelecer o Bitcoin como ativo de reserva estratégica do Departamento do Tesouro dos EUA, com o ex-presidente Trump na conferência Bitcoin 2024 em Nashville, Tennessee, a senadora de Wyoming Cynthia Lummis apresentando Projeto de Lei de Reserva Estratégica Bitcoin no Senado dos EUA estabelecendo meta de adquirir 5% da oferta total de Bitcoin ao longo do tempo, além de Trump sugerir a possibilidade de pagar a dívida nacional com a criptomoeda em referência ao poder do ativo com oferta limitada de absorver e transformar inflação monetária em prosperidade econômica. O CEO da Microstrategy, líder de pensamento Bitcoin, elogiou a iniciativa de reserva estratégica Bitcoin como equivalente, no século 21, à Compra da Louisiana, para contextualizar, o ex-presidente Thomas Jefferson comprou os territórios da Louisiana da França por US$ 15 milhões em 1803, dobrando a área geográfica dos EUA a época, no entanto, apesar da popularidade da ideia de reserva estratégica entre detentores Bitcoin, nem todos apoiam o esforço, com o fundador da Cardano, Charles Hoskinson, por exemplo, argumentando que, embora a adoção BTC como ativo de reserva estratégica aumentasse seu preço, permitiria que atores estatais influenciassem a rede Bitcoin.