A ação contra a Exxon Mobil acusando a petrolífera de enganar o público sobre a eficácia da reciclagem de plástico, muitas das alegações cercaram o marketing da empresa de um processo chamado "reciclagem avançada", considerando que nos últimos anos, esforços para reciclar plásticos fracassaram com a Exxon Mobil promovendo reciclagem avançada como tecnologia inovadora que mudaria a maré da crise do plástico em que representantes da empresa e organizações comerciais petroquímicas usaram a frase, no rádio, TV e marketing online e, em postagem de 2021, a presidente de soluções de produtos da Exxon Mobil, Karen McKee, pintou quadro promissor, dizendo que, “recipientes de iogurte descartados sendo transformados em equipamento médico para consulta médica e, depois, no painel do seu próximo carro com baixo consumo de combustível.” Em Dockweiler State Beach, abril de 2022, o procurado da Califórnia iniciou investigação sobre o suposto papel das indústrias de combustíveis fósseis e petroquímicas em causar e agravar a crise da poluição plástica e, apesar do nome, o processo do procurador-geral denunciou a reciclagem avançada como "golpe de relações públicas", envolvendo o superaquecimento de plásticos para convertê-los em combustível já que na única instalação de "reciclagem avançada" da Exxon Mobil em Baytown, Texas, 8% do plástico é refeito em novo material enquanto os 92% restantes são processados em combustível e queimado mais tarde. O processo do procurador busca uma ordem judicial para proibir a empresa descrever a prática como "reciclagem avançada", argumentando que a maioria do plástico é destruída, com defensores ambientais e especialistas em políticas elogiando a ação legal como passo para acabar com o greenwashing da Exxon Mobil, maior produtora mundial de polímero plástico de uso único, com a diretora executiva da California Communities Against Toxics, dizendo, “é uma farsa, há meio século, se fossem capazes de reciclar polímero plástico de volta à resina virgem, já teriam feito, mas estão usando a mesma tecnologia que temos desde a Revolução Industrial, um forno de coque, um alto-forno, não há nada de 'avançado' nisso” e, à medida que mais pesquisas surgiram sobre as limitações da reciclagem de plásticos, revelações abalaram a confiança do público sobre o que colocar nas lixeiras azuis de reciclagem. O procurador alega que a Exxon Mobil tem patente para essa tecnologia desde 1978 e está falsamente renomeando-a como "nova" e "avançada", na prática foi testada na década de 1990 mas não continuou além da fase de testes ressurgindo depois que a empresa descobriu que o termo "reciclagem avançada" ressoou com membros do público em momento de crescente preocupação com quantidades crescentes de resíduos plásticos e, em dezembro de 2022, anunciou início de programa avançado de reciclagem e, em uma entrevista de 2023 na televisão de Houston representante da Exxon Mobil elogiou a instalação de Baytown, em resposta ao processo da Califórnia, a Exxon Mobil disse que a unidade de Baytown processou 60 milhões de libras de plástico em “matérias-primas utilizáveis” que, de outra forma, iriam à aterros sanitários, com especialistas dizendo que esse número empalidece em comparação a capacidade de produção anual de 31,9 bilhões de libras da empresa.
Reciclagem avançada, também chamada de reciclagem química, é termo genérico que envolve aquecer ou dissolver resíduos plásticos para criar combustível, produtos químicos e ceras, em que fração dos quais pode ser usada para refazer plástico, cujas técnicas mais comuns produzem de 1% a 14% dos resíduos plásticos, conforme estudo de 2023 do National Renewable Energy Laboratory, sendo que a Exxon Mobil usa amplamente plástico recuperado à produção de combustível enquanto aumenta a produção de plástico virgem, dito, pelo procurador do estado da Califórnia. Em Baytown, Texas, a ExxonMobil concluiu a fase inicial de teste para converter resíduos plásticos em matérias-primas à produzir polímeros de alto valor, enquanto aguarda conclusão bem-sucedida da próxima fase do teste, planejou comercializar volumes de polímeros “circulares certificados”, além de pretender usar os resultados do teste para aumentar capacidades avançadas de reciclagem em instalações da ExxonMobil ao redor do mundo, integradas com as operações downstream mais amplas e, portanto, com importantes economias de escala buscando manter os custos baixos. Na França, a ExxonMobil colabora com a Plastic Energy, líder em reciclagem avançada, em projeto que converte resíduos plásticos pós-consumo em matérias-primas à fabricação de polímeros circulares certificados de qualidade virgem, sendo que a instalação possui capacidade inicial de 25 mil toneladas de resíduos plásticos/ano, com planos de aumentar à 33 mil toneladas no futuro, com base nos planos atuais, espera-se que seja um dos maiores projetos de reciclagem avançada à resíduos plásticos na Europa cujas operações se iniciaram em 2023, além da ExxonMobil se tornar membro fundador da Cyclyx International, joint venture com a Agilyx, desenvolvendo sistemas para agregar e pré-processar resíduos plásticos para atender necessidades da indústria de reciclagem avançada, com a Cyclyx buscando preencher o que atualmente é "elo perdido" entre empresas de resíduos e recicladores permitindo esforços para atingir reciclagem avançada em escala, com o detalhe que a ExxonMobil detém participação acionária de 25 % na Cyclyx. Não é exagero dizer que plásticos feitos de produtos petroquímicos são os blocos de construção da vida moderna, usados em tudo, de equipamentos médicos de proteção a embalagens à preservação de alimentos, utensílios de cozinha e peças de automóveis, com carros de hoje compostos por cerca de 50% de plástico em volume, que os torna mais leves e contribui à melhor eficiência de combustível e maior alcance dos veículos elétricos, daí, reciclagem avançada poderia permitir que a sociedade aumente a circularidade mais ampla de produtos em comparação à reciclagem mecânica tradicional de plástico, envolvendo moer plástico descartado e misturá-lo com plástico novo, enquanto a reciclagem avançada transformaria mais tipos e qualidades de plástico em produtos valiosos, e, diferente da reciclagem mecânica, onde cada rodada de reciclagem degrada o plástico, não há limitações técnicas evidentes sobre quantas vezes um produto plástico pode ser submetido a processos avançados de reciclagem. Em 2019, a ExxonMobil como membro fundador da Alliance to End Plastic Waste, organização mais significativa do mundo de parceiros empresariais, sem fins lucrativos, buscando ajudar lidar com o desperdício de plástico globalmente e, desde então, a associação cresceu à 50 organizações que se comprometeram coletivamente investir mais de US$ 1 bilhão para desenvolver soluções seguras, escaláveis e economicamente viáveis, esforços, segundo a ExxonMobil, de atender à necessidade mundial de energia e materiais reduzindo impactos ambientais e ajudando clientes a reduzir os deles.
Moral da Nota: a fábrica de Baytown é uma das 5 instalações que decompõem plásticos expondo-os a altas temperaturas, conforme a Last Beach Cleanup, organização sem fins lucrativos que trabalha com poluição plástica, sendo que a Califórnia adotou leis mais rigorosas do país para reduzir plásticos de uso único e, talvez a mais consequente, SB 54, exige que o estado venda 25% menos embalagens plásticas de uso único e utensílios alimentícios, proibindo que a incineração de resíduos e práticas similares sejam contabilizadas como reciclagem. Como a maioria dos plásticos não pode ser reciclada, autoridades estaduais lutam para descobrir como descartar o material, considerando que o estado havia exportado antes grande parte dos resíduos plásticos à China, mas, os chineses proibiram a importação da maioria dos plásticos estrangeiros, quase eliminando o mercado de plástico usado, enquanto em 2021, 5,4 milhões de toneladas de resíduos plásticos foram levados à aterros sanitários da Califórnia, dados de descarte do estado e, no mesmo ano, mais de 625 mil toneladas de lixo foram enviadas às chamadas instalações de “transformação”, onde resíduos são incinerados, ou, queimados na ausência de oxigênio em processo chamado pirólise. Por fim, a Califórnia não rastreia dados sobre quanto desse lixo incinerado era plástico, conforme a CalRecycle, agência estadual que supervisiona o gerenciamento de resíduos, sendo que o estado não mantém informações detalhadas sobre quanto lixo plástico é exportado à outros estados e como o processam e, se o estado for sincero na promessa de eliminar desperdício, defensores do meio ambiente dizem que precisa eliminar gradualmente os plásticos de uso único.
Nota Mínima: emissões da Califórnia caem 2,4% devido veículos elétricos e combustíveis mais limpos, dito, pelas autoridades em 20 de setembro de 2024.