O Brasil enfrenta a pior seca de sua história com incêndios e baixas históricas no rio Amazonas, incêndio na Floresta Nacional de Brasília em plena estação seca desde que medições nacionais começaram há mais de 7 décadas, afetando 59% do país, área correspondendo metade dos EUA com a investigadora do Centro Nacional de Monitorização e Alerta Precoce de Desastres Naturais esclarecendo que, “é a primeira vez que a seca se espalha de norte a sudeste do país” constituindo “a mais intensa e generalizada da história”. Moradores de São Paulo, área metropolitana com 21 milhões de habitantes, respiram o 2º ar mais poluído do mundo, depois de Lahore, no Paquistão, informações do IQAir, empresa de tecnologia para monitoramento do ar e, com 1.100 kms ao norte, incêndio consome o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, local turístico, enquanto às margens do rio Paraguai em Mariano Roque Alonso, arredores de Assunção, o nível das águas atingiu patamares nunca vistos, conforme o Departamento de Meteorologia e Hidrologia do Paraguai registrando nível mais baixo em mais de um século em Assunção devido à seca, com a diretora do parque em Iguaçu esclarecendo que, em 2024,“ a estação seca começou mais cedo que em anos anteriores enquanto a estação chuvosa foi intensa e mas curta”, associado ao “vento intenso, umidade baixa fazendo muito calor, “agravando o fogo.” Incêndios em áreas protegidas do Cerrado são o mais recente infortúnio no país devastado pelas chamas há meses e, desde o início, o Brasil registrou quase 160 mil incêndios, pior ano desde 2010, no Pantanal, maior área úmida do mundo, foi o 2º pior ano em termos de incêndios já registrado, com a maioria provocados como parte do desmatamento ou para limpar pastagens e terras agrícolas, até agora, em 2024, área do tamanho da Itália foi queimada no Brasil. Por mais de 1.900 kms da Chapada dos Veadeiros ao nordeste, o Amazonas, maior rio do mundo, e, seu afluente, o rio Madeira, registraram níveis historicamente baixos em Tabatinga, não estando claro quando irá melhorar já que nenhuma chuva é esperada até outubro, com 387 famílias da tribo Tikuna isoladas devido o baixo nível dos rios e escassez de água potável com crianças bebendo água suja levando ao aumento de doenças.
Estudo canadense revela que a poluição do ar causada por "partículas ultrafinas" emitidas por automóveis e atividades industriais foi associada a 1.100 mortes por ano em Montreal e Toronto, considerando que os chamados UFPs, mil vezes mais finos que um fio de cabelo, causam doenças cardiovasculares e foram associados a câncer em adultos, enquanto a exposição aumenta taxa de bebês com baixo peso ao nascer, publicada no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, a primeira pesquisa do tipo no Canadá, com Scott Weichenthal, principal pesquisador do estudo e professor da Universidade McGill esclarecendo que, "partículas ultrafinas são incrivelmente pequenas, permitindo que penetrem profundamente nos pulmões e entrem na corrente sanguínea". Mediram níveis de poluição do ar em Toronto e Montreal em bairros que abrigam 1,5 milhão de moradores adultos, entre 2001 e 2016, observando que a exposição prolongada a UFPs estava correlacionada a aumento de 7% no risco de mortes não acidentais e, que áreas situadas perto de grandes rodovias, aeroportos e pátios ferroviários, em particular, apresentaram altas concentrações de UFPs, em acordo, a descobertas feitas por pesquisadores na Europa. Emissões de UFP não são regulamentadas pelas regras de poluição do ar, ao contrário de "matéria particulada" maior, cujos efeitos perigosos à saúde são melhor compreendidos com Weichenthal dizendo que "a pesquisa mostra ligação clara entre exposições de longo prazo a UFP e aumento do risco de mortalidade, ressaltando necessidade urgente de ações regulatórias direcionadas a essas partículas. O estudo foi colaboração entre a Universidade McGill, Universidade de Toronto, Universidade Carleton, Universidade de Ottawa, Health Canada e Statistics Canada, inédito, mostra que partículas ultrafinas, UFPs, vêm de emissões de veículos e atividades industriais e que os governo federal e provincial do Canadá não definiram limites de concentração à UFPs, como fizeram à partículas finas maiores conhecidas como PM2.5, com o professor associado do Departamento de Epidemiologia, Bioestatística e Saúde Ocupacional da McGill dizendo que, "evidências sugerem que esses poluentes podem contribuir à doenças cardíacas e pulmonares, bem como certas formas de câncer", "no entanto, até agora, os estudos não examinaram impactos das UFPs na mortalidade no Canadá. Usando modelos de última geração que combinam métodos de aprendizado de máquina com medições do nível do solo, informações de uso do solo e imagens aéreas, estimam quantas dessas minúsculas partículas estavam no ar em vários momentos e com métodos estatísticos calcularam conexão entre exposição e risco de morte, publicadas no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, associaram exposição de longo prazo a UFPs com aumento de 7,3% no risco de morte não acidental, mortes respiratórias mostrando maior aumento, 17,4%, seguidas por aumento de 9,4% em mortes por doença arterial coronária. Weichenthal esclarece que o tamanho das partículas é importante ao avaliar seus impactos na saúde, já que "estudos anteriores não levaram em consideração o tamanho das partículas e podem ter ignorado ou subestimado riscos à saúde associados a elas", disseram ainda que as regulamentações ambientais reduziram com sucesso a poluição do ar na América do Norte, mas partículas ultrafinas escaparam pelas brechas regulatórias e, em Nova York, níveis de UFP aumentaram, mesmo com a queda dos níveis de PM2,5. Essa lacuna regulatória existe apesar da ligação estabelecida entre exposição a longo prazo às partículas e o aumento do risco de mortalidade ressaltando necessidade urgente de medidas regulatórias voltadas especificamente à UFPs, para proteger saúde pública e reduzir mortes associadas.
Moral da Nota: estudo longitudinal de exposição múltipla de adolescentes de Londres relativos a poluição do ar, ruído do tráfego, saúde mental e desenvolvimento cognitivo com participação de 7.555 adolescentes, sendo o primeiro estudo com adolescentes relacionar poluição do ozônio e funcionamento executivo, havendo outros poluentes associados ao desempenho executivo e problemas de externalização. Há evidências crescentes que a poluição do ar e o ruído podem ter impactos psicológicos prejudiciais, mas há poucos estudos avaliando adolescentes, exposição ao ozônio no nível do solo, modelos de multi exposição ou métricas além da exposição residencial ao ar livre, sendo o primeiro estudo investigar exposição ao ozônio a nível do solo em relação ao funcionamento executivo adolescente, com 38% menos que a média e a exposição ao dióxido de nitrogênio, ruído de tráfego de 24 horas e material particulado PM 10 significativamente associados ao desenvolvimento mais lento do funcionamento executivo ao ajustar à ozônio. Em modelos de 2 poluentes, material particulado e ozônio foram associados ao aumento de problemas de externalização, enquanto ruído diurno e noturno foram associados a sintomas de ansiedade e ruído de 24 horas com pior percepção de fala no ruído, processamento auditivo, ajustando para poluentes do ar, ruído de 24 horas foi associado a maiores sintomas de ansiedade e desenvolvimento mais lento da inteligência fluida.Efeitos potencialmente prejudiciais do ozônio na cognição adolescente foram negligenciados na literatura, com descobertas que sugerem impactos prejudiciais de outros poluentes atmosféricos e ruídos na saúde mental em que pesquisas futuras devem tentar replicar as descobertas e usar a investigação mecanicista para melhorar a inferência causal. Os formuladores de políticas devem considerar como gerenciar impactos do ozônio na saúde pública, pois esforços para reduzir outros poluentes atmosféricos, como o NO2, podem aumentar níveis de ozônio, assim como progressão das mudanças climáticas, sendo de importância crucial compreender fatores de risco e resiliência à saúde mental e ao desenvolvimento cognitivo cujas condições de saúde mental levam a altos níveis de sofrimento e incapacidade globalmente, enquanto habilidades cognitivas estão inter-relacionadas a saúde mental, com impactos sociais, econômicos e de saúde enquanto poluição atmosférica e sonora mostram preocupações de saúde pública com riscos conhecidos à saúde física. O estudo encontrou evidências de associações prejudiciais entre exposição ao ozônio no nível do solo e o funcionamento executivo na adolescência, e evidências de suporte à relações entre exposições e resultados psicológicos, no entanto, associações mais fortes com uma gama mais ampla de resultados eram esperadas para PM 2,5 e NO 2, com base em pesquisas anteriores, sendo que o ozônio tem sido negligenciado na literatura devido foco em outros poluentes do ar ou à confusão com co-exposições negativamente correlacionadas. O trabalho sugere que reduzir a exposição de jovens à poluição do ar e ao ruído melhora resultados psicológicos, no entanto, agir sobre poluição do ar requer consideração cuidadosa da química atmosférica de diferentes poluentes porque os esforços para reduzir NO2 e partículas têm potencial de aumentar níveis de ozônio, embora os efeitos psicológicos completos da poluição do ar e do ruído não sejam bem compreendidos, a redução das mudanças climáticas e a melhoria da qualidade ambiental trazem benefícios à saúde psicológica dos jovens por vários outros caminhos, além dos benefícios inexplorados que o estudo sugere.