O calor confunde o cérebro, desliga órgãos sobrecarrega o coração e, à medida que as temperaturas e a umidade aumentam, dentro do corpo humano pode tornar-se uma batalha de vida ou morte decidida por apenas alguns graus, sendo que o ponto crítico de perigo ao ar livre para doenças e morte devido ao calor implacável são vários graus mais baixo do que os especialistas pensavam, é o que diz recente pesquisa. O professor de calor e saúde na Universidade de Sydney, onde dirige o laboratório de termoergonomia, esclarece que a temperatura central de repouso do corpo é normalmente 37ªC e estamos a 7º graus de uma catástrofe na forma de insolação, no caso dos peregrinos muçulmanos que circundam a Kaaba, o edifício da Grande Mesquita, na peregrinação anual do Hajj em Meca, Arábia Saudita, onde mais de 1, 3 mil pessoas morreram neste ano ao enfrentar temperaturas altas em locais sagrados islâmicos no deserto. O diretor de emergência do Hospital Metodista de Houston, disse que nas ondas de calor qualquer pessoa que chegue com febre de 39ºC ou mais e nenhuma fonte clara de infecção, será examinada quanto à exaustão pelo calor ou insolação mais grave considerando que o calor mata por insolação com aumentos críticos na temperatura corporal que causam a falência de órgãos, quando a temperatura interna fica muito quente, o corpo redireciona o fluxo sanguíneo à pele para esfriar desviando o sangue e o oxigênio do estômago e intestinos permitindo que toxinas confinadas à área intestinal vazem à circulação. No entanto, a maior causa de morte no calor é a pressão sobre o coração, especialmente pessoas que têm doenças cardiovasculares, começando com o sangue correndo à pele buscando eliminar o calor central fazendo com que a pressão arterial caia, sendo que o coração responde tentando bombear mais sangue para evitar o desmaio enquanto desidrata à medida que as pessoas suam, perdendo líquidos a ponto de causar estresse grave nos rins, podendo evoluir ao choque, causando o desligamento de órgãos por falta de sangue, oxigênio e nutrientes, levando a convulsões e morte.
A professora de saúde pública da Universidade de Harvard e médica do pronto-socorro do Hospital Geral de Massachusetts avisa que o calor afeta o cérebro podendo causar confusão ou dificuldade para pensar, sendo improvável que a pessoa que sofre de calor o reconheça, tornando o problema maior à medida que envelhecem sendo que uma das definições clássicas de insolação é uma temperatura corporal central de 40ºC “juntamente com disfunção cognitiva”. Cientistas usam medição da temperatura externa chamada temperatura do globo de bulbo úmido que leva em consideração a umidade, a radiação solar e o vento, no passado, pensava-se que uma leitura de 95º graus no bulbo úmido era o ponto em que o corpo começava a ter problemas, sendo 87º considerado ponto de perigo, número que começou aparecer no Oriente Médio Oriente e, para os idosos, o ponto de perigo é temperatura de bulbo úmido de 82º. No caso dos peregrinos do Hajj falam que as autoridades não forneceram água, sombra ou assistência médica adequadas, contribuindo ao aumento do número de mortos, considerando que o Hajj é momento de grande reverência aos muçulmanos que embarcam na peregrinação anual a Meca em adesão ao pilar do Islã, no entanto, a reunião deste ano foi marcada pela tristeza, pois uma onda contínua de calor extremo elevou as temperaturas na cidade deserta a 51,6ºC, levando à morte de pelo menos 1.301 fiéis. O governo Saudita divulgou balanço oficial das mortes observando que 83 % dos mortos pelo calor eram peregrinos não autorizados, que significa que não estavam entre os 1,8 milhão de visitantes aos quais foram concedidos vistos, com o ministro da Saúde saudita esclarecendo que a identificação e contagem das vítimas foi adiada porque muitas delas não tinham identificação, sendo que o Reino Saudita fornece a cada país quota de vistos que pode custar o equivalente a vários milhares de dólares americanos, todos os anos, peregrinos fazem a viagem sem as devidas autorizações e as autoridades sauditas estimam que “400 mil pessoas” o fizeram este ano, sendo que com visto acessam ônibus com ar-condicionado, tendas refrigeradas e outras comodidades que o não autorizados muitas vezes não podem usar. O Washington Post esclarece que embora as mortes não sejam incomuns no Hajj, pelo menos 774 morreram em 2023, a peregrinação deste ano ocorreu em onda de calor global que derrubou mais de 1 mil recordes de temperatura em 5 continentes enquanto o calor contínuo matou 275 pessoas em Nova Delhi.
Moral da Nota: estudo de 17 'produtos químicos eternos' sintéticos, comumente usados, mostrou que essas substâncias podem ser facilmente absorvidas pela pele segundo investigação publicada na Environment International em que vasta gama de PFAS, substâncias perfluoroalquílicas, produtos químicos que não se decompõem na natureza podem permear a barreira da pele e atingir a corrente sanguínea. Os PFAS são utilizados em indústrias e produtos de consumo, de uniformes escolares a produtos de higiene pessoal, devido propriedades repelentes de água e manchas, embora algumas substâncias tenham sido proibidas por regulamentação governamental, outras são utilizadas e seus efeitos tóxicos não foram totalmente investigados, no entanto, se sabe que os PFAS entram no corpo por outras vias, por exemplo, inalados ou ingeridos através de alimentos ou água potável e conhecidos por causar efeitos adversos à saúde, como queda na resposta imunológica à vacinação, além do comprometimento da função hepática e diminuição do peso ao nascer. Embora estudos recentes mostrem ligações entre o uso de produtos de cuidados pessoais e concentrações de PFAS no sangue e leite materno, o novo estudo é avaliação mais abrangente realizada sobre a absorção de PFAS pela pele humana e confirma que a maioria deles pode entrar no corpo por esta via, com o autor principal do estudo, realizando a pesquisa enquanto estudava doutorado na Universidade de Birmingham analisando 17 PFAS sendo que os compostos selecionados estavam entre os mais utilizados e mais estudados pelos efeitos tóxicos e outras formas pelas quais os humanos podem ser expostos correspondendo a produtos químicos regulamentados pela Diretiva Água Potável da UE. Dos 17 PFAS testados, descobriu que 15 substâncias apresentando absorção dérmica substancial pelo menos 5% da dose de exposição e, nas doses de exposição examinadas, a absorção na corrente sanguínea do PFAS, ácido perfluoro octanóico, PFOA, mais regulamentado foi de 13,5% com mais 38% da dose aplicada retida na pele para potencial absorção a longo prazo na circulação, sendo que a quantidade absorvida parecia estar correlacionada com o comprimento da cadeia de carbono na molécula em que cadeias de carbono mais longas apresentaram níveis mais baixos de absorção, enquanto compostos com cadeias mais curtas foram mais facilmente absorvidos.