quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Amazon river

O rio Amazonas caiu ao menor nível em mais de 100 anos decorrente seca relacionada ao clima e El Nino, afetando 481 mil pessoas, dados da Defesa Civil do Amazonas, colocando em risco acesso a alimentos, água potável e medicamentos. No rio Negro,  o nível da água em porto fluvial na floresta atinge seu ponto mais baixo e o porto de Manaus registrou nível de água de 13,59 metros, contraste com os 17,60 metros medidos em 2022, nível mais baixo desde que os registros começaram em 1902, superando o mínimo anterior  histórico estabelecido em 2010, com a maioria das mercadorias entregues por tratores ou a pé. A crise ambiental perturba a vida de pessoas e causa danos ao ecossistema, pois a seca prolongada facilita queimadas com piora significativa da qualidade do ar em Manaus, com afluentes do Amazonas secando, deixando barcos encalhados, cortando abastecimento de alimentos e água nas aldeias enquanto as altas temperaturas da água se associam à morte de mais de 100 golfinhos ameaçados de extinção. De acordo com o Cemaden, centro de alerta de desastres do governo,  áreas da Amazônia registraram o menor índice de chuvas de julho a setembro desde 1980, com o Ministério da Ciência atribuindo a seca ao  El Niño, que provoca padrões climáticos extremos no mundo,  prevendo que persistirá pelo menos até dezembro, altura em que se espera que os efeitos do El Niño atinjam o pico. Uma das consequências da seca extrema é a queda no padrão de higiene da população com aparecimento de "diarréia, vômito e febre por causa da má qualidade da água existente”,  situação que urge necessidade de medidas para mitigar impactos da crise ambiental.

Na linha da urgência climática, a UE pressionará por acordo na COP28 sobre eliminação progressiva de combustíveis fósseis, buscando ambição nas negociações da ONU sobre o clima, onde 200 países negociam para combater o aquecimento global. Os 27 países membros concordaram por unanimidade apelar na COP 28 à eliminação progressiva, com 10 países buscando acordo mais forte para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis. Os ministros do clima dos países da UE aprovaram a posição negocial do bloco à conferência climática COP 28, 2023, concordando pressionar por  acordo mundial para eliminar gradualmente combustíveis fósseis que emitem CO2, sendo que o acordo estabelece que a UE será um dos negociadores mais ambiciosos nas negociações anuais sobre o clima. A ministra espanhola do Clima, Teresa Ribera, avalia que “estaremos na vanguarda das negociações para mostrar o mais forte compromisso da UE com a transição verde e encorajar parceiros seguirem nossa liderança”, buscando decisão central na COP 28, que começa em 30 de Novembro em Dubai, concordando pela primeira vez eliminar gradualmente combustíveis fósseis e, a queima de carvão, petróleo e gás, produtora de gases efeito estufa principal causa das mudanças climáticas. No entanto, o acordo observa que tecnologias de captura de emissões “existem em escala limitada e devem ser utilizadas para reduzir emissões em setores difíceis de reduzir” e o uso destas tecnologias “não deve ser motivo para atrasar a ação climática.” O ministro do clima global da Dinamarca, Dan Jorgensen, fala em posição de negociação   "ambiciosa”,  esclarecendo que somos uma união e precisamos chegar a um acordo" em que 10 países, incluindo Dinamarca, França, Alemanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovênia, queriam acordo mais forte para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, no entanto, um número semelhante de países, incluindo Bulgária, Hungria, Itália, Malta e Polônia defende com sucesso a advertência sobre as tecnologias de redução. O ministro do Meio Ambiente da Bulgária, Julian Popov, explica foco de manter aberta a opção à setores poluentes com tecnologias limitadas para reduzir emissões como produtos químicos e fabricação de cimento, mas não no setor de energia, onde a mudança para fontes de baixo carbono como a energia eólica e solar já está em andamento. A divisão da UE reflete tensões globais latentes com países que se opõem a eliminação progressiva, incluindo nações mais pobres que temem impacto do afastamento das economias dos combustíveis fósseis, enquanto produtores e consumidores de combustíveis fósseis, alguns dos quais, como a Arábia Saudita, bloquearam tentativas de chegar a acordo sobre eliminação progressiva, incluindo a conferência do G20 de 2023, devendo oferecer resistência semelhante na COP 28  já que países da UE apelaram à eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis como "ineficientes", até 2030, e afirmaram que não poderia haver novas centrais elétricas alimentadas a carvão se o mundo quiser evitar alterações climáticas graves. Digno de nota é o Papa Francisco que apelou à mudança radical nas atitudes face à escalada da crise ambiental, antes da COP 28, já que no documento, “Laudate Deum”, Louvado seja Deus, expressou preocupação com o ritmo lento da transição à energias limpas e renováveis e a dependência contínua de combustíveis fósseis, alertando contra a dependência excessiva da tecnologia para capturar emissões de gases enfatizando que não aborda as causas humanas no cerne do aquecimento global. Criticou os que rejeitam origem humana das alterações climáticas, utilizando "dados alegadamente científicos" para argumentar que o planeta passa por períodos de aquecimento e arrefecimento, culpou particularmente os negacionistas e céticos por se recusarem a reconhecer o ritmo rápido das mudanças atuais, alertou que o fracasso em Dubai seria decepção e comprometeria o progresso alcançado até agora. Reconhece divisões na Igreja sobre alterações climáticas, citando o apoio de bispos dos EUA à afirmação do ex-presidente Donald Trump que as alterações climáticas eram “uma farsa” e esclarece “sinto-me obrigado a fazer estes esclarecimentos, que podem parecer óbvios, devido certas opiniões desdenhosas e pouco razoáveis que encontro, mesmo dentro da Igreja Católica”.

Moral da Nota: o Relatório Amazônia Viva 2022,  ajuda entender, com conhecimento e ciência, o estado atual do bioma e da bacia amazônica, resume ameaças e impulsionadores da mudança, ao mesmo tempo que delineia estratégia de conservação para esta década que tornará realidade a visão de uma Amazônia Viva para o futuro. Baseia-se na convicção que o destino da humanidade tem os meios para garantir vida próspera à todos sem destruir riquezas naturais do bioma e o bem-estar coletivo, visão do WWF para Amazônia, inspirando esforço coletivo para mantê-la viva e “garantir bioma e bacia ecologicamente saudáveis, que mantenham  contribuições ambientais e culturais aos povos locais, países da região e do mundo, num quadro de equidade, desenvolvimento econômico inclusivo e responsabilidade global.”  Daí, lança o manifesto dos 'golfinhos de rio', extraordinários, os principais predadores dos maiores sistemas fluviais do mundo e, ainda assim, subestimados e esquecidos e, persistem, embora as 6 espécies que vivem em rios enfrentam ameaças, mas, estão apenas resistindo, as espécies são classificadas como Ameaçadas ou Criticamente Ameaçadas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN.  Uma 7ª espécie de golfinho fluvial, o golfinho fluvial chinês foi declarada provavelmente extinta em 2007 e, desde a década de 1980, o número de todas as espécies de golfinhos fluviais despencou 73%, com infraestruturas de água, pesca insustentável e poluição que ameaçam sua existência enquanto os botos são importantes indicadores da saúde dos rios onde vivem, rios que são também alma de economias e de pessoas, onde populações de golfinhos de água doce prosperam é provável que os sistemas fluviais e as populações de peixes em geral floresçam, bem como inúmeras outras espécies de vida selvagem, comunidades e empresas que deles dependem à pesca, água potável, irrigação e transporte.