Estudo alerta que a terra ultrapassou 7 dos 8 limites cientificamente estabelecidos encontrando-se em "zona de perigo", não só à planeta cada vez mais quente perdendo suas zonas naturais, mas ao bem-estar dos que o habitam. Analisa barreiras de proteção do ecossistema planetário, incluindo pela 1ª vez medidas de "justiça" que consistem em evitar danos a países, etnias e gêneros. Realizado pelo grupo científico Earth Commission e publicado na Nature, analisa clima, poluição do ar, poluição da água por fósforo e nitrogênio decorrente o excessivo uso de fertilizantes, reservas de águas subterrâneas, nível de água doce superficial, meio ambiente sem edifícios e habitat natural em geral e, o que foi construído pelo homem, sendo que apenas poluição do ar não está em nível globalmente perigoso.O estudo do grupo sueco mostra que a poluição do ar é perigosa em escala local e regional, enquanto a poluição climática supera níveis nocivos aos humanos em grupos, mas não excede as diretrizes de segurança ao planeta como sistema, Encontrou "epicentros" de pontos problemáticos na Europa Oriental, Sul da Ásia, Oriente Médio, Sudeste Asiático, partes da África e grande parte do Brasil, México, China e partes do oeste dos EUA, devido às mudanças climáticas em que dois terços da Terra não atende critérios de segurança para água doce. Kristie Ebi, co-autora do estudo e professora de clima e saúde pública da Universidade de Washington avalia que "estamos em uma zona de perigo à maioria dos limites do sistema terrestre" e se a Terra fosse submetida a um check-up anual, semelhante a um exame físico pessoal, avalia Joyeeta Gupta, co-presidente da Comissão da Terra e professora de Meio Ambiente da Universidade de Amsterdã, "o médico diria que está doente agora e em muitas áreas ou sistemas diferentes e, esta doença, também afeta pessoas que vivem na Terra".
Neste clima, a Cargill, empresa privada sediada em Minnesota, EUA, produz e processa alimentos, atualmente 2ª maior empresa do mundo de capital fechado e emprega mais de 160 mil pessoas em 67 países. Comercializa energia, produção agrícola e pecuária, alimentos, Saúde e Farmacêutica, Industrial, Financeiro & Gerenciamento de riscos, Matérias-primas, gás e Eletricidade, com lucro de US$ 6.68 bilhões sobre faturamento de US$ 165 bilhões em 2022. Fornece 22% da carne no mercado americano, maior exportador do produto da Argentina e maior produtor de aves na Tailândia, sendo que os ovos utilizados pela McDonald's nos EUA passam pela Cargill, além de ser o único produtor de sal Alberger processado no EUA, altamente valorizado na indústria de fast food e de pratos prontos. A ONG Stand Earth alega que a Cargill não cumpriu promessas de eliminar desmatamento das cadeias de suprimentos e está entregando documentos coincidindo com publicação de cartas no The New York Times e no Minneapolis Star-Tribune, convocando os donos da Cargill a cumprir promessas e parar de derrubar florestas tropicais. A tática da Stand Earth para lidar com a Cargill é chamar publicamente seus proprietários, membros da família Cargill-MacMillan, 4ª família mais rica dos EUA e com maior número de bilionários da Terra, sendo que 20 membros da família possuem quase 90% da empresa. Com receita recorde é a maior força na agricultura e alimentos globais, controlando grandes quantidades do mercado de soja, óleo de palma, carne, cacau e ovos, respondeu alegações do Stand Earth em e-mail chamando-as de “grosseiramente descaracterizadas”, dizendo que toma “ações imediatas” se encontrar violação das políticas ambientais em fornecedores. A empresa está na mira de grupos ambientalistas por seu papel no corte de florestas tropicais críticas ao clima na América do Sul e sudeste da Ásia, no entanto, recebeu elogios desses mesmos grupos ambientais pelo sucesso na redução do desmatamento em 2 das principais áreas de abastecimento. Membro fundador da Moratória da Soja na Amazônia e da Mesa Redonda ao Óleo de Palma Sustentável, creditado por reduzir desmatamento no sudeste da Ásia e na floresta Amazônica. Falhou desde então, dizem os críticos, com promessas de eliminar o desmatamento nas cadeias de abastecimento e o compromisso de acabar com o trabalho infantil na produção de cacau na África, quando em 2014, disse que acabaria com o desmatamento nas cadeias de abastecimento, incluindo a América do Sul e Ásia, até 2020. Em 2018, juntamente com outras empresas, foi multada pelo governo brasileiro por desmatamento ilegal no Cerrado, ecossistema adjacente à floresta tropical e, em 2019, admitiu que, junto com outras empresas que assumiram compromissos semelhantes, não atingiria a meta. Embora tenha assumido compromissos para interromper o desmatamento na Amazônia, disse que não apoiaria esforço semelhante no Cerrado, onde taxas de desmatamento dispararam, ou, quase metade da região está desmatada.
Moral da Nota: monitoramento por satélite da Mighty Earth encontra a Cargill “conduzindo destruição de ecossistemas na América do Sul” e “pegou a empresa em flagrante, comprando de fornecedor que desmatou ilegalmente terras protegidas na Amazônia, violando a Moratória da Soja”. A Cargill respondeu às alegações dizendo que “não compra soja de agricultores que desmatam terras ilegalmente e tem controles para impedir que produtos não conformes entrem nas cadeias de abastecimento. Se encontrar qualquer violação da Política de Direitos Humanos ou Política sobre Florestas, toma medidas imediatas que incluem a suspensão de fornecedores”. Em 2021 na COP 26 em Glasgow, com outros gigantes agrícolas, prometeu interromper “a perda de florestas associada à produção e comércio de commodities agrícolas”, no ano seguinte, revelou plano para cumprir essa promessa e, clientes como Wal-Mart e Nestlé, disseram que o plano era frágil e os impedia de cumprir metas climáticas e de desmatamento se continuassem comprar matérias-primas da Cargill. A empresa disse que assinou outro compromisso, na cúpula do clima de 2022 para reduzir emissões de conversão de terras e desmatamento visando manter o aumento da temperatura global dentro de 1,5 ºC. O ClientEarth, grupo ambientalista sediado em Londres, apresentou queixa inédita contra a Cargill alegando que havia violado regras estabelecidas pela OCDE, Organização para Economia Cooperação e Desenvolvimento, cujas diretrizes dizem que as empresas devem aderir determinado conjunto de práticas para garantir que contribuem ao desenvolvimento sustentável. A Stand Earth, sediada em São Francisco, notificou a Cargill sobre o relatório e publicação das cartas.