Pesquisadores do Laboratório de Química Atmosférica do PSI, Population Services International, incluindo membros do Instituto Indiano de Tecnologia de Kanpur, determinaram porque a poluição se forma na capital indiana à noite, contrariando regras da química atmosférica, cujos resultados foram publicados na Nature Geoscience. Nova Deli, classificada como a capital mais poluída do mundo responsável por grande número de mortes prematuras, no inverno, material particulado ultrapassa 500 microgramas por metro cúbico de ar, sendo que em Pequim 1 metro cúbico de ar contém 70 microgramas de partículas e Zurique 10 microgramas por metro cúbico. Descobriram que “processos químicos que ocorrem no ar à noite são exclusivos da capital indiana, não observados em nenhum outro lugar do mundo”, que o gatilho aos altos níveis de material particulado são vapores emitidos quando a madeira é queimada, prática à 400 milhões de pessoas na planície indo-gangética para cozinhar e aquecer. Os incêndios produzem mistura de gases que contém compostos químicos, como o cresol, associado ao cheiro típico do fogo, moléculas açucaradas da celulose queimada que não podem ser vistas a olho nu, no entanto, à noite, a temperatura em Nova Deli cai e moléculas de gás se condensam, em poucas horas, aglomeram para formar partículas de até 200 nanômetros de diâmetro vistas como névoa cinza. Pequim, por exemplo, a formação de partículas segue caminhos químicos em que os gases de emissões como tráfego e queima de madeira reagem na atmosfera durante o dia quando expostos à luz, resultando na formação de fumaças menos voláteis que formam partículas durante a névoa e, em Nova Delhi, a formação de neblina pela condensação de fumaças emitida ocorre à noite, sem foto oxidação, impulsionada pelo aumento das emissões com queda na temperatura.
Nova Delhi, maior cidade da região, tem índice médio de qualidade do ar, AQI, de 376 forçando o fechamento de escolas com 11 dias de qualidade do ar 'perigosos', os piores desde que o Conselho Central de Controle de Poluição iniciou o sistema de medição AQI em 2015, sendo que categoria perigosa indica um AQI de 301–500 e categoria 'boa' de 0 a 50, 'moderada' em 51 a 100 e de 101 a 301 AQI insalubre. Em 2022, a média do AQI de 327, em 2019 de 312, indica tendência de aumento atraindo atenção do Supremo Tribunal Federal da Índia, com temores de graves consequências à saúde de 600 milhões de pessoas no norte da Índia e Nepal, leste do Paquistão e Bangladesh. Essa questão desperta no país disputa sobre a fonte dos altos níveis de poluentes tóxicos na capital e quem deve ser responsabilizado por conta da pouca conscientização pública das consequências na inalação de partículas e outros constituintes do ar poluído. O presidente do tribunal da Índia, em audiência sobre a deterioração da qualidade do ar em Nova Delhi e outras cidades do norte esclarece que "se foram feitos tantos esforços quanto o governo afirma, por que a poluição está aumentando?" O chefe da Unidade de Cirurgia Neuro intervencional explica que "há pouca consciência que a maior parte dos danos causados pela poluição do ar é para o sistema cardiovascular, com estudos mostrando associação entre poluição do ar e doenças cardiovasculares, incluindo derrame".
Moral da Nota: diretrizes de qualidade do ar da OMS recomendam níveis de tolerância para PM 2,5 em média anual de 5 microgramas por metro cúbico, enquanto níveis médios de PM 2,5 em Nova Delhi em 2020 foram de 93 microgramas por metro cúbico, 16,8 vezes o limite da OMS, de acordo com documento divulgado pelo Conselho de Energia, Meio Ambiente e Água. O Índice de Qualidade de Vida do Ar, divulgado pelo Instituto de Política Energética da Universidade de Chicago, descreve o sul da Ásia como "a região mais poluída com vidas encurtadas em média de cinco anos em relação ao que seria se a região atendesse às diretrizes da OMS." A Índia tem 510 milhões de pessoas nas planícies Indo-Gangéticas a caminho de perder 9 anos de expectativa de vida, se os níveis de poluição de 2019 persistirem. Bangladesh, os residentes podem viver 5,4 anos a mais se os níveis de poluição atenderem às diretrizes da OMS, Dhaka, pode viver 7,7 anos a mais, a região de Terai, no Nepal, pode ganhar 6,7 anos, Lahore, a segunda maior cidade do Paquistão, mais 5 anos se as diretrizes da OMS forem seguidas. As cidades utilizam plataformas climáticas para melhor informar sobre efeitos das políticas ambientais e decisões sobre redução das emissões de carbono, estando mais à frente que governos nacionais em compromissos para enfrentar a crise climática, sem o mesmo nível de recursos, promessas são pouco mais que metas que esperam alcançar um dia. Uma dessas plataformas, ClimateOS, trabalha com mais de 50 cidades na Europa para reduzir pegada de carbono, administrada pela ClimateView, combina dados coletados em desenvolvimentos anteriores de cidades inteligentes e plataforma de análise para mostrar aos planejadores da cidade efeito que a política ambiental terá sobre níveis de poluição e fatores socioeconômicos. Criado por Tomer Shalit como continuação da campanha bem-sucedida para tornar mais operacional a Lei do Clima da Suécia de 2017, dividindo-a em partes constituintes que removeu camadas de complexidade e permitiu que mais pessoas se envolvessem no progresso que o governo estava fazendo. Dividiu várias metas e políticas climáticas em alavancas de fácil manobra, capazes de entender o efeito que o calçamento de uma estrada ou a criação de uma zona de ar limpo terá sobre níveis de carbono na cidade, informa ainda aos planejadores da cidade, efeitos positivos que as mudanças terão na saúde dos cidadãos e na economia.