quarta-feira, 30 de novembro de 2022

E-commerce

A compra e venda de produtos ou serviços pela internet, conhecida como e-commerce, cresceu rapidamente e não para de inovar buscando atrair mais clientes. Programas de fidelidade incorporam benefícios aumentando recorrência de compras e gerando fidelização,  pois crescimento do negócio passa por aumentar frequência de compra,  preço médio ou número de clientes. Frete grátis, brindes ou descontos exclusivos são incentivos oferecidos a quem se inscrever no programa e ganhar pontos a cada compra. Uma tendência é o aluguel antes de comprar, às gerações mais jovens que não querem comprar coisas que custam muito dinheiro e mais tarde exigirão tempo e atenção e, via aplicativos, alavancam  aluguel, veículos, equipamentos para festas, roupas, celulares e computadores. O metaverso abre espaço com marcas abrindo oportunidades não apenas estabelecer presença, mas vender, tudo, ligado ao mundo dos jogos, por exemplo, em Roblox e Fortnite já existem marcas vendendo produtos. Emerge ainda o comércio eletrônico B2B via compras de fornecedores no mundo digital, consequentemente os sites de comércio eletrônico devem se adequar ao negócio, pois não é a mesma relação que se estabelece com o consumidor final. O vídeo tem espaço no  e-commerce embora o marketing avança em popularidade há algum tempo, no entanto, cresce à medida que há evidências da eficácia sobre a imagem. A transmissão de vendas ao vivo  torna-se popular, sendo que a transmissão completa consiste em mostrar produtos que podem ser adquiridos em tempo real. A Amazon  lançou sua própria plataforma Amazon Live e o Facebook o Facebook Live Shopping. Por fim, comprar através de imagem ainda vale mais que mil palavras, demonstrado pelas pesquisas de imagens em alta. O Shopify tem um aplicativo chamado Visual Search que pesquisa produtos usando imagens, algo comum em sites de comércio eletrônico.

Comunidades agrícolas argentinas já alcançam consumidores digitalmente, via projeto de marketing que se dedica ao cultivo agroecológico sob irrigação e esmagamento de tomates na província de Mendoza.  A UST, reúne produtores de hortaliças, conservas  e mel, além de criadores de caprinos e ovinos, abriu sua loja  na capital provincial. Ingressou na Alma Nativa, rede criada à comercialização de produtos de organizações camponesas e indígenas, reunindo mais de 4.300 produtores em 21 organizações comercializando seus produtos pela Internet. A liderança camponesa sustenta que, por conta de custos, agricultores só acessam o comércio através de projetos coletivos, impulsionados pela aceleração da transformação digital gerada na pandemia. Alma Nativa é solução comercial que nasceu em 2018, por meio de duas ONGs argentinas focadas em questões socioambientais,  Fibo Impacto Social e Associação Cultural ao Desenvolvimento Integral, ACDI,. com abordagem além do esquema de apoio econômico à projetos de desenvolvimento produtivo. Três cooperativas da região do Chaco, planície que a Argentina divide com a Bolívia e o Paraguai, dedicam-se à produção de mel e são parte do projeto Alma Nativa, através do qual vendem online seus produtos à consumidores do país. Os criadores de Alma Nativa bateram às portas do Mercado Libre,  comércio eletrônico argentino que se expandiu à América Latina e aceitou montar loja online de alimentos agroecológicos produzidos pelas comunidades e não cobrar comissões. A Alma Nativa instalou armazém na cidade de Villa Madero, arredores de Buenos Aires, onde os produtos que chegam das comunidades rurais de grande parte do país são rotulados à distribuição.

Moral da Nota: a Argentina, terceira maior economia da América Latina, possui agronegócio cujos principais produtos são soja, milho e óleo de soja e, em 2020 gerou 26,3 bilhões de dólares em exportações. De acordo com o último Censo Agropecuário Nacional, realizado em 2018, mais de 90% das 250.881 fazendas produtivas existentes no país são administradas por famílias, agricultura familiar.  O atraso de infraestrutura e tecnologia nas áreas rurais é significativo, em que apenas 35% dos estabelecimentos têm acesso à Internet, escassez,  particularmente profunda no Chaco, onde vivem 200 mil indígenas pertencentes a nove grupos cuja economia está ligada aos recursos naturais, segundo dados da ONG Fundapaz. O Mercado Livre lançou a campanha “Do Gran Chaco para você”, colocando à venda mais de 2.500 produtos de 200 categorias, como cestas, arte indígena e crioula, elementos decorativos feitos com fibras naturais, mel, tecidos, jogos de artesanato, etc. Incluiu além da Alma Nativa, os  Empreendedores pela Natureza, programa lançado pela Fundação Ambiental Rewilding Argentina, que trabalha para conservar o Chaco e  promove a venda do que é produzido por 60 famílias que vivem em áreas rurais próximas ao Parque Nacional El Impenetrável Park, a maior área protegida da região.