A Tokenização chega ao mercado imobiliário e de florestas, com a Imovelweb lançando oferta de imóveis digitalizados em parceria com a Netspaces e, em paralelo, a digitalização de propriedades chega a Amazônia com iniciativa da Moss. A tokenização permitirá dispensa pelo comprador de pagar o valor total à vista ou financiar o pagamento do imóvel, como a proposta da Imovelweb estipulando que compradores paguem 20% do imóvel em um primeiro momento, mantendo possibilidade de adquirir o restante em uma ou mais parcelas a serem pagas a cada 12 meses, ao longo de um período máximo de 10 anos. O fracionamento de imóveis permite que uma unidade tenha mais de um proprietário, com a Imovelweb estabelecendo que neste primeiro lançamento os imoveis poderão ser vendidos a uma única pessoa, embora não se tornem proprietários integrais do imóvel. Após a quitação da primeira parcela os compradores poderão utilizá-lo da forma mais conveniente, morando ou alugando e, em ambos os casos, a administração ficará a cargo da Imovelweb. No modelo de negócios projetado pela Imovelweb não há financiamento nem juros cobrados, mas a transmissão do imóvel com a escritura só será concretizada quando a quitação do valor total estiver completa, tal qual em financiamento imobiliário tradicional, ficando o imóvel alienado e a instituição financeira legalmente como proprietária do bem, no caso, a Imovelweb. A vantagem em relação ao financiamento junto a instituição financeira tradicional é que o parcelamento não é estipulado em função de pagamentos mensais, mas conforme as possibilidades e desejos do comprador e, em caso de valorização do imóvel, mesmo não tendo direitos integrais sobre a propriedade, o detentor do token pode se beneficiar da eventual revenda capturando rentabilidade proporcional ao montante investido. Além da Imovelweb, há incorporadoras que estudam e, outras, como a Cyrela e MRV, que estão com time dedicado ao lançamento de prédios com contratos de apartamentos já digitalizados, além dessas, há outros tokens de impacto com a Brasileira Raiar Orgânicos captando R$ 1,36 milhão em operação com token rural na plataforma Liqi.
A sigla NFT, token não fungível, em voga agora, inclui obras de arte, tweets, memes, música e etc, listando coisas que podem ser vendidas como NFT ou “non-fungible-token” ou token não-fungível, chegando em mercados físicos e até nos mais regulados como o imobiliário. Na prática, a tokenização do imóvel funciona com o imóvel e, sua escritura, passando a ser ligados a token criptografado que representa algo único e não pode ser mudado, daí o nome de “não-fungível” usando como base a blockchain, a mesma base do bitcoin e outras criptomoedas, sendo esse token comercializado e a compra, deixa registrado que a pessoa passa a ser proprietária, naquele momento, desse token que, por sua vez, é “dono” de determinado imóvel. NFTs são sequências únicas de informações armazenadas na blockchain, certificando propriedade e exclusividade de um ativo digital, só no terceiro trimestre de 2021 no mundo, foram negociados mais de U$$ 10,7 bilhões em NFTs de diversas naturezas, segundo a empresa de dados DappRadar e, apesar de majoritariamente usados no mundo digital, estão cada vez mais conquistando o mundo físico como representação de propriedade. Nos EUA o mercado de NFT de imóveis está mais desenvolvido e há casos de propriedades vendidas a grande número de pequenos investidores via frações de tokens na blockchain, com a Elevated Returns em 2016, empresa de gestão de ativos sediada em Nova York, que concluiu seu primeiro negócio imobiliário de tokenização. O grande diferencial é que, com a digitalização das propriedades, além de poder comprar o token todo tornando-se, na prática, proprietário daquilo que ele representa, pode-se adquirir apenas frações e, portanto, dono de parte do bem e, neste caso, parte do imóvel. Quem se interessar pelo imóvel não precisa comprar e pagar tudo de uma vez e nem financiar uma parte, a proposta do Imovelweb, por exemplo, é que interessados adquiram 20% do imóvel, podendo, daqui um ano, comprar mais uma parte, ou, todo o resto. Outra diferença em relação ao financiamento é a possibilidade de quitar conforme disponibilidade de caixa e não necessariamente seguir o cronograma de parcelas do banco.
Moral da Nota: a Moss, empresa de tecnologia para serviços ambientais que em 2020 criou o primeiro token lastreado em crédito de carbono para compensação da emissão de gases efeito estufa, lança projeto de tokenização em áreas da floresta amazônica através de NFTs. Embora não se tornem proprietários da floresta, detentores do token não fungível contribuirão na preservação da área, no entanto, os tokens não fungíveis não devem ser encarados como investimento conforme explica ao Valor Investe o fundador e presidente da empresa, “não há retorno financeiro esperado, assim como não há retorno esperado quando se compra um colecionável de arte ou da NBA, ou, uma propriedade ou quando se doa ou adota um projeto de conservação ambiental, o retorno é socioambiental e, na medida em que áreas vão ganhando seus protetores via tokens, ou, proprietários que compartilham responsabilidade de proteção com outros o ônus financeiro de defender a Amazônia é socializado”. Recentemente a MOSS anunciou que havia atingido a marca de mais de 2,3 milhões da criptomoeda brasileira MCO2, rompendo barreiras e listada na Gemini, representando mais de 2 milhões de créditos de carbono compensados.