O Brasil não produz hidrogênio verde em escala, mas espera tornar-se player mundial nesse mercado, com destaque à região Noroeste, formada por nove estados.O Ceará lançou projeto HUB de hidrogênio verde envolvendo o governo estadual e a Federação das Indústrias do estado buscando captação de investidores e a UFC, Universidade Federal do Ceará, no desenvolvimento tecnológico e o Complexo Industrial e Portuário do Pecém. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará assinou 12 memorandos de entendimento, com empresas de países interessadas em instalar usinas de eletrólise com produção de H2V para exportação.
A eletrólise submete a água a corrente elétrica, separando moléculas de hidrogênio e oxigênio, gerando gás e, caso a eletricidade usada para converter água em hidrogênio vier de fonte limpa como vento e sol, o processo origina o hidrogênio verde. Entre as empresas que assinaram memorandos está a australiana Enegix, com US$ 5,4 bilhões para converter sua planta, chamada Base One, na maior planta de H2V do mundo prevendo produção anual de 600 mil toneladas de gás. O mercado de carros movidos a hidrogênio aponta que um quilo de H2 dá autonomia de 100 kms, de modo que a produção em escala da Base One abasteceria seis milhões de veículos/ano, se cada um viajar dez mil kms em média. Outro fator a favor do HUB cearense é que o porto de Rotterdam, maior terminal marítimo da Europa, detém 30% do porto do Pecém com os holandeses desenvolvendo projeto de produção, importação e distribuição de H2V, facilitando exportação à Europa do hidrogênio produzido no Ceará.
Moral da Nota: a Universidade do Ceará assinou ainda acordo com a empresa chinesa MingYang Smart Energy, fabricante de equipamentos para geração de energia renovável, como painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas, incluindo tecnologia para plantas marinhas. Além de intercâmbio entre professores e alunos da UFC e técnicos do MingYang, criando programa de pesquisa conjunto e projeto piloto no Mar do Pecém. No Rio Grande do Norte, líder nacional na produção de energia eólica, esta energia pode abastecer usinas de H2V, sendo que no estado, três empresas assinaram memorandos para implantar usinas de H2V que utilizarão energia de futuros parques eólicos offshore. Há ainda duas empresas planejando instalar usinas de H2V no Porto de Suape, em Pernambuco, além da australiana Fortescue planejar fábrica no Porto do Açu, no Rio de Janeiro. Por fim, em 2020, a estatal chinesa Energy Investment Corporation e seu braço brasileiro, SPIC Brasil, assinaram memorando envolvendo o instituto de pesquisa energética Cepel, com investimento de US$ 3,5 milhões em pesquisas sobre hidrogênio verde e energia inteligente, conceito que preconiza o uso racional da energia. O Brasil possui matriz energética composta por 48% de fontes renováveis, acima da média mundial, no entanto, emitiu mais gases efeito estufa que o resto do mundo em 2021, grande parte, decorrente o aumento do desmatamento na Amazônia.