sábado, 21 de novembro de 2020

Emissões negativas

A mitigação no clima descarta tecnologias não muito desejadas como energia nuclear, um mal necessário, além de projetos de armazenamento e captura de carbono com limitação na energia da biomassa. A remoção de CO2 atmosférico gera "emissões negativas" incluídas em programas de reflorestamento, árvores armazenam CO2 à medida que crescem, além de idéias como árvores artificiais e fertilização oceânica. Em relatório sobre o estado do clima, o IPCC enfatizou a importância de tecnologias para que cortes nas emissões sejam alcançados. A bioenergia capturando e armazenando carbono em usinas de energia, onde a biomassa é queimada ou gasificada, deposita o CO2 em câmaras no subsolo.

A meta estabelecida para o aumento de temperatura não é alcançável sem emissões negativas. Na conferência de Paris, limitar mudança climática a menos de 2 graus, aceita a capacidade de absorção limitada da atmosfera sendo que ainda serão emitidas mil gigatoneladas de carbono antes de chegar a meta do acordo de Paris. Cada ano são utilizados 4% do orçamento remanescente de carbono queimando carvão, petróleo e gás, significando mais de 20% desde 2010. Tecnologias de absorção de CO2 compensam emissões de gases efeito estufa, difíceis de evitar, em particular emissões de metano bovino e outros ruminantes, do nitrogênio de fertilizantes ou carbono no setor de transportes. Sem tais tecnologias compensadoras é inconcebível a descarbonização total da atividade humana, isto porque, reduções de emissões de curto prazo propostas pelos países no acordo de Paris são insuficientes para estabilizar emissões no nível atual até 2030. Mesmo em ritmo muito mais lento, ficamos com 15 a 20% do orçamento de carbono sem absorção de CO2, daí que, emissões nos anos subsequentes terão que cair muito mais de 10%/ano para atingir a meta de 2ºC.

Moral da Nota: pesquisas mostram que emissões negativas são possíveis, mas não na escala necessária. Dados coletados por satélites da Agência Espacial Européia avaliando impacto do aquecimento global em regiões polares, prevendo conseqüências do derretimento do gelo e aumento do nível do mar, impactam na economia dos próximos cem anos. Cidades demoram responder à medida que a crise climática agrava, com europeus com a maior onda de calor em 2019 além de 558 cidades e arredores mostrando que foi o ano mais quente desde 1900 em 203 cidades, com regiões subárticas, Andaluzia e sul da Romênia as mais afetadas.