domingo, 26 de janeiro de 2020

Urgência Climática

A declaração de nosso ministro da Fazenda em Davos, diante esclarecida platéia, que “o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza” talvez apresente desvio de rota. A declaração exposta com clareza de modo consciente, soa perigosa pois trás confusão de ideias, desvia conceitos e pior, é dita por pessoa de conhecimento com amplo acesso a literatura econômica e geral, portanto, reponsável nas palavras sob o risco da dúvida. Senhor Ministro, Arrhenius no século XIX foi o primeiro a falar do assunto, portanto, é coerente a primeira reunião do clima ter sido em Estocolmo e atualmente a adolescente sueca lidera como seu antecessor, alerta sobre inércia no alavancar questões exaustivamente discutidas.
Dando polimento ao pronunciamento de Davos, diremos que o pior inimigo do meio ambiente é um fenômeno chamado ‘efeito estufa’ ou retenção de calor na terra decorrente liberação de gases na queima de combustível fóssil. Tais gases são liberados em maior quantidade nos países mais desenvolvidos cuja transição ao modelo renovável muitas vezes causa polêmica por diversos fatores. Outra questão é a pobreza ser considerada o pior inimigo do meio ambiente pois em realidade é a maior vítima do aquecimento global, já que estão nos países ricos ou emergentes os maiores poluidores. Na pobreza ocorre agravamento das questões climáticas porque não há como combater os efeitos danosos por questões óbvias, provocando migração aos países mais ricos que não os querem por perto. 
Moral da Nota: Sr Ministro, vivenciamos o problema australiano que por conta da forte dependência na energia fóssil, o atual governo declarou ceticismo na questão antes dos devastadores incêndios seguidos de chuvas torrenciais, ou, eventos extremos. Seria o caso de perguntar ao Premier australiano se ainda é cético em relação a questão climática ou se restou a ele arregaçar as mangas e enfrentar o problema. Quanto a pobreza Senhor, neste caso é fator de vantagem estabelecer desenvolvimento econômico entre os menos afortunados pela oportunidade de conseguí-lo em padrão renovável. V.Exª falou à elite econômica mundial, colocando-se na contramão de Davos que tem agido principalmente no setor privado em prol de ações na energia renovável, inssuficientes é verdade para manter o aumento da temperatura em 1,5ºC. Daí surge a questão, supondo-se em Davos no outro lado da mesa o que acha que eles pensaram sobre suas ideias? A declaração poderia comprometer o conteúdo posteriormente exposto? Afinal, a platéia para quem V.Exª discursou não pensa que o maior inimigo do meio ambiente é a pobreza, sabe e está consciente que é o efeito estufa. Quanto a destruí-lo pela necessidade de comer cabe outra questão, por acaso nossos 12 milhões desempregados vivem na Amazônia?